MARQUES VALENTIM, E DEPOIS DO ADEUS
Exposição na Galeria de Santa Maria Maior, em Lisboa, de 5 a 27 de abril de 2024.
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Celebrar abril, ao longo do mês em que se assinalam os 50 anos sobre o 25 de Abril e a conquista da liberdade, a galeria de Santa Maria Maior apresenta uma representativa coleção de imagens do fotojornalista Marques Valentim, de 74 anos, dividida em duas exposições.
[Uma das exposições,] “E depois do adeus” retrata e documenta alguns dos momentos mais importantes vividos pela sociedade portuguesa no período de construção da Democracia e dos seus protagonistas, desde logo o inesquecível operacional desse “dia inicial e limpo”, o capitão Fernando Salgueiro Maia.
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“E Depois do Adeus” tem uma dupla significação: é a canção interpretada por Paulo de Carvalho, com letra de José Niza e música de José Calvário, a primeira senha para o desenrolar da Revolução. E também pode ser lido, como o que se passou depois do adeus ao antigo regime.
Marques Valentim estava em Moçambique a cumprir o regime militar quando teve lugar o 25 de abril de 1974. Regressado a Portugal, como fotojornalista, regista a história do país nesses primeiros anos de liberdade, que podemos ver nas fotografias expostas, acompanhadas da data, identificação e de uma descrição significativa: da Guerra Colonial (1972), às figuras: António de Spínola, Melo Antunes – o estretega, Otelo Saraiva de Carvalho, Salgueiro Maia – “o meu herói”, como refere, Adelino Amaro da Costa, Freitas do Amaral, Pinto Balsemão, Ramalho Eanes, Maria de Lourdes Pintasilgo; a 1974: a Alegria do Povo; 1975: o 11 de março, a festa do primeiro de maio no Porto, as primeiras eleições livres, os Retornados, a Assembleia Constituinte, o Cerco à Constituinte, a agitação social, o 25 de novembro; 1976: o Conselho da Revolução, o I Governo Constitucional; 1980: o acidente de Camarate, que vitimou Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa, entre outros; 1985: a assinatura do Tratado de Adesão de Portugal à CEE; 1988: o incêndio do Chiado… Toda a história recente passou pela sua objetiva.
Em continuidade com esta exposição, um conjunto de fotografias de Mário Soares, “O Insubmisso”. Sobre ela, falaremos proximamente.
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Marques Valentim, “E depois do Adeus”
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“E Depois do Adeus”… Uma canção romântica, foi a selecionada na 12.ª edição do Festival RTP da Canção, para representar Portugal em Brighton, no Festival Eurovisão da Canção, a 6 de abril de 1974. E foi a primeira das duas senhas do 25 de abril. Com a transmissão, pelos Emissores Associados de Lisboa, às 22 horas e 55 minutos, do dia 24 de Abril de 1974, era dada a ordem para as tropas se prepararem e estarem a postos. O efetivo sinal para a saída dos quartéis, seria a emissão, pela Rádio Renascença, de “Grândola, Vila Morena”, de Zeca Afonso, que ocorreu às 00:20 horas do dia 25.
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E DEPOIS DO ADEUS
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Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.
Em silêncio, amor
Em tristeza enfim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder.
Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci.
E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor que aprendi
De novo vieste em flor
Te desfolhei.
E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficamos sós.
La la la la la la
La la la la la la
La la la la la la
La la la la la la
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António Bracons, Aspetos da exposição, 2023
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Marques Valentim expõe “E depois do Adeus” e “O Insubmisso”, numa organização da Associação CC11, em Lisboa, na Galeria de Santa Maria Maior, na Rua da Madalena, 147, de 5 a 27 de abril de 2024.
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De Marques Valentim decorre a projeção “Inglória. Uma história do colonialismo”, integrada na exposição colectiva “Valores de uma revolução”, no espaço CC11 @ Imago Garagem, na R. do Vale de Santo António, 50 A, em Lisboa, de 12 de abril a 12 de maio de 2024.
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Galeria de Santa Maria Maior, Marques Valentim, 05.04.2024
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Marques Valentim
Nascido em Cascais, a 1 de Agosto de 1949, Marques Valentim fez a sua comissão de serviço militar obrigatório em Moçambique, como furriel miliciano fotocine, após ter tirado em Lisboa o curso de Fotografia e Cinema, nos Serviços Cartográficos do Exército. Neste território africano, permaneceu durante 26 meses (1972/74), percorrendo-o de Norte a Sul em serviço de reportagem fotográfica.
De regresso Portugal e, logo após o 25 de Abril de 1974, surge no fotojornalismo iniciando o seu trabalho na Agência Europeia de Imprensa (A. E. I. – Notícias) onde cobre os principais acontecimentos que se deram no nosso País entre Setembro de 1974 e Agosto de 1975. A 1 de Setembro desse mesmo ano, iniciou oficialmente, a sua carreira de fotojornalista no diário “A Luta”, no qual permaneceu até à sua extinção, em Janeiro de 1979. Fez parte da equipa que lançou o “Correio da Manhã” – de 15 de Março de 79 a 15 de Setembro de 1979. Em Outubro de 1979 entrou para o “Portugal Hoje”, onde permaneceu até ao fim deste matutino (Julho de 1982). Em 1982, fez parte do grupo de jornalistas fundadores do Semanário Desportivo “Off-Side”, tendo, em 1983, recebido em serviço deste jornal o prémio Gandula (Revelação) de Wilson Brasil. Deixa, entretanto, o “Off-Side”, para entrar, em Outubro de 1983, na delegação de Lisboa do jornal “Comércio do Porto” onde permaneceu até Fevereiro de 1986. Em Março de 86 regressa aos quadros do “Correio da Manhã” onde desempenhou os cargos de repórter-fotográfico, sub-coordenador, tendo sido nomeado em Janeiro de 2002 para o cargo de Editor Fotográfico, função que desempenhou até 31 de Outubro de 2002, tendo sido como fotojornalista do “Correio da Manhã” que Marques Valentim realizou vários trabalhos de tauromaquia, tema que o entusiasmou e o levou a realizar diversas exposições.
Em 2001, recebeu uma menção honrosa da revista “Visão”, relacionada com o prestigiado concurso de fotojornalismo do mesmo nome, cuja foto premiada era sobre esta temática. Em 2001 é igualmente autor do cartaz da Feira Taurina de San Juan, em Badajoz. Colabora, actualmente, como freelancer, no Jornal “Bombeiros de Portugal”, e nas revistas “Segurança e Defesa” e “Saúde e Sociedade”, entre outras. Em 1998 participa no livro de Andrade Guerra, “João Moura – O Mito e as Efemérides”, comemorativo dos 20 anos de carreira deste cavaleiro. Em Dezembro de 2003, foi co-autor com Andrade Guerra e Isabel Trindade, do livro “Combatentes do Ultramar” tendo colaborado também, em 2005, no livro “A Dor da Nação”, de Andrade Guerra.
A 1 de Dezembro de 2009 foi lançado o livro “Cavaleiros – Heróis com Arte”, igualmente de Andrade Guerra e com imagens de sua autoria. Entre as várias exposições de fotografia que já realizou, destacamos a primeira – realizada em Lisboa no ano de 1994 – intitulada “Tauromaquia”, “E Depois do Adeus”, uma exposição documental de fotojornalismo, onde sobressaíam personalidades que marcaram a História recente, do nosso País, após o 25 de Abril de 1974.
A 10 de Março de 2012, Marques Valentim foi empossado como Embaixador para a Paz, pela Federação Internacional para a Paz e é membro da ALDCI – (Associação Lusófona para o Desenvolvimento, Cultura e Integração, ONG).
Marques Valentim já realizou cerca de meia centena de Exposições, não só em Portugal, como no estrangeiro.
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Pode conhecer mais sobre a obra de Marques Valentim, no FF, aqui e no seu site, aqui.
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