CLAUDE JACOBI, A CRUZ DO NAZISMO, 2022
A exposição “A Família Humana”, criada e organizada por Jorge Calado, está patente no Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira, até 25 de abril de 2023.
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Claude Jacoby
A cruz do nazismo
Fotografia: Claude Jacoby / Texto: Jorge Calado
Integrado na exposição “A Família Humana”
Vila Franca de Xira: Câmara Municipal / Museu do Neo-Realismo / 2022
Português / 15,4 x 21,4 cm / 16 pp.
Agrafado
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Jorge Calado criou para o Museu do Neo-Realismo a coleção A Família Humana e, a partir dela, a exposição que se apresenta naquele museu, desde 10 de julho de 2021.
Depois de destacar Otto Karmisnki, Jorge Calado destaca um outro fotógrafo, Claude Jacoby.
No âmbito deste destaque, além de um espaço na exposição, um pequeno fascículo (como folha de sala, parcial), de distribuição gratuita, dignifica o artista. Este caderno reproduz algumas das fotografias, identifica todas as fotografias expostas e integra um texto. Uma das fotografias é de Portugal, dos anos 1950.
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Claude Jacoby, Sem título (Interior, com mulher a coser roupa), Portugal, anos 1950. Prova vintage de gelatina e prata, 22,8 x 18,4 cm
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Sobre Claude Jacoby, escreve:
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Klaus Jacoby (1916-1964) nasceu na Alemanha no seio de uma família judaica. Com a ajuda de vários parentes conseguiu fugir da Alemanha em 1938, via Amesterdão, e emigrar para os EUA, estabelecendo-se em Nova Orleães. Tentou por todos os meios que os seus pais se lhe juntassem na América, mas sem sucesso. Naturalizado americano (com o nome de Claude) e já como fotojornalista do exército da pátria adoptiva regressou à Alemanha no fim da II Guerra Mundial (1945) à procura dos pais, descobrindo então que eles tinham sido assassinados no campo de concentração de Maly Trostenets, na Bielorrússia. Como fotógrafo trabalhou também para a Marinha e Força Aérea americanas, e fez reportagens na Europa (Leste e Oeste), Médio Oriente, África, Ásia e Américas, para grandes revistas internacionais como a Life, Time, The Saturday Evening Post, etc. As suas fotos, impressionantes pela humanidade e diversidade temática, mereceram larga divulgação através da agência pioneira PIX Ince em Nova lorque.
Em 1953 Claude casou com a actriz Susanne Körber (n. 1932), filha do realizador Nazi Veit Harlan, cujos filmes eram apoiados e muito apreciados por Hitler e pelo seu chefe de propaganda, Joseph Goebbels. O mais infame e anti-semita de todos, “0 Judeu Süss”, foi exibido em Lisboa em 1941. Claude e Susanne (que usava o apelido materno para se distanciar das convicções políticas do pai) tiveram uma filha, Jessica (n. 1954), educada segundo os preceitos judaicos e futura historiadora e crítica de cinema (para o Jüdische Allemeine, Berlim). Claude morreu de ataque cardíaco em 1964. Entretanto a mulher tinha abandonado a carreira cinematográfica para se dedicar à medicina veterinária, doutorando-se em 1967, o ano em que emigrou para Israel. Regressaria a Berlim mais tarde, e sabendo-se gravemente doente suicidou-se em 1989.
O irmão de Susanne, Thomas Harlan (1929-2010), realizador de cinema e crítico feroz do pai, investigou os crimes nazis na Polónia, colaborou com o movimento ‘Lotta Continua’ na Itália, ajudou na resistência à ditadura de Pinochet no Chile e realizou o filme “Torre Bela” (1977) sobre a Reforma Agrária em Portugal. Jessica Jacoby vive com o trauma de saber que os avós maternos foram (indirectamente) responsáveis pela morte dos avós paternos. Outro membro conhecido da família Harlan (sobrinha de Veit e prima de Susanne e Thomas), Christiane Susanne Harlan (n. 1932), casou com o realizador Stanley Kubrick (1928-99); Kubrick (judeu) pensou durante vários anos realizar um filme sobre o caso de Veit Harlan. Felix Moeller (n. 1965), actor, guionista e realizador alemão, filho da realizadora Margarethe von Trotta (e enteado de outro realizador, Volker Schlöndorff), fez o documentário “Harlan — Na Sombra do Judeu Süss” (2008), onde entrevista vários membros da família Harlan, incluindo Thomas Harlan e Jessica Jacoby (…).
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BIBLIOGRAFIA
Frank Noack, “Harlan: The Life and Work of a Nazi Filmmaker”, University Press Of Kentucky, Lexington, 2016
“Persistent Legacy: The Holocaust and German Studies” Erin Heather McClothlin, Jennifer M. Kapczynski, eds. Boydehl & Brewer, 2016.
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Jorge Calado “e o Museu do Neo-Realismo estão muito gratos a Katrina Doerner, Brooklin, NY, pelo seu empenho e generosidade na formação deste grupo de fotografias de Claude Jacoby.”
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Claude Jacoby, A cruz do nazismo, 2022
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António Bracons, Aspetos da exposição, 2023
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A exposição “A Família Humana”, com base na Coleção Internacional de Fotografia do Museu do Neo-Realismo, criada e organizada por Jorge Calado, está patente no Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira, na Rua Alves Redol, n.º 45, de 10 de julho de 2021 a 25 de abril de 2023 (a exposição tem sido prolongada).
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Pode ver sobre a exposição “A Família Humana” no FF, aqui e sobre Otto Karminski aqui.
Pode ver sobre Jorge Calado no FF, aqui.
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