FRANCISCO RICARTE, ASIA FAR

Exposição em Macau, na Casa Garden, Fundação Oriente, na Praça Luís de Camões, 13, de 14 de maio a 19 de junho de 2022.

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ASIA.FAR

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De tarde em tarde surpreendem-me pequenas e fugazes memórias, que porventura são autênticas.

Jorge Luís Borges

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A construção da memória é, porventura, o processo humano mais fascinante de reflexão sobre uma realidade com que nos deparamos e de como esta está sujeita a diferentes mecanismos de interpretação e transfiguração. Construímos diferentes realidades e interpretações, porventura díspares, transfigurando a percepção de determinado acontecimento ou local, ou “visão” do mesmo, segundo uma interpretação pessoal e sedimentada temporalmente.

Algumas memórias esvanecem ou adquirem novas significações; outras, ao invés, acentuam-se e evidenciam-se de forma cada vez mais marcante, revelando-se autênticas referências da nossa existência. Como funciona esse processo relativamente à memória visual, e à memória “fotográfica”? O que se evidencia entre o acto de “ver”, “capturar” uma imagem, “processá-la” e, finalmente, “expô-la” aos outros?

Refletir visualmente e emocionalmente sobre alguns locais e territórios localizados na Ásia é o propósito fundamental desta exposição “ASIA.FAR”, que reúne oitenta registos resultantes de viagens e estadias realizadas desde 2007. Como não podia deixar de ser, Macau S.A.R. ocupa um espaço de reflexão de destaque.

Será a memória fotográfica destes diferentes espaços “real”, ou antes uma construção visual assente numa outra realidade subjacente ao espírito e identidade (emocional) do fotógrafo? Por outro lado, será a situação excepcional de pandemia e de dificuldade em voltar a aceder a esses locais um factor diferenciador na forma como vemos e reagimos a estes registos fotográficos?

Parafraseando Caspar David Friedrich – não represento o que vejo, mas o que sinto – os registos fotográficos ora expostos evidenciam não “instantes decisivos”, mas sim instantes emocionais decisivos. Como tal, manifestam opções estéticas e de construção da imagem conformados pela emotividade da descoberta de cada lugar e sua percepção, profundamente marcada pelo seu contexto social, físico ou “cor” particular.

Serão tais registos visuais, memórias porventura autênticas destes locais?

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Macau, Abril 2022

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Francisco Ricarte

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Francisco Ricarte, Bangkok, Tailândia, 2015 – Bangkok, Tailândia, 2015 – Bhaktapur, Nepal, 2017 – Angkor Wat, 2018 – Phuket, 2019 – Macau, 2020 – Macau, 2021 – Macau, 2021 – Macau, 2019 – Macau, 2019 – Kyoto, Japan, 2016 – Kyoto, Japan, 2016 – Hue, Vietnam, 2017 – Chengdu, China, 2018.

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“Asia Far” de Francisco Ricarte está em exposição em Macau, na Casa Garden, Fundação Oriente, na Praça Luís de Camões, 13, de 14 de maio a 19 de junho de 2022.

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Francisco Ricarte, português, nascido em 1955. É entusiasta e praticante de fotografia desde 1976, primeiro a P&B e, posteriormente a cores. Reside em Macau desde 2006, ano em que igualmente “migrou” para o formato digital. Esta parte do mundo tem-no fascinado desde a chegada, mas também tem permitido ver com “outros olhos” o seu mundo anterior.

A fotografia tem sido um modo crítico de expressar o seu entendimento do mundo, quer no contexto da sua prática profissional de Arquitecto e Urbanista – no que diz respeito ao meio urbano – quer da sua vivência pessoal e social – no que diz respeito ao factor humano e social das comunidades, constituindo, como tal, visões subjectivas da realidade envolvente. Como a fotografia pode assim potenciar o entendimento do que nos rodeia – seja humano, construído ou natural – tem sido uma pesquisa e prática fotográfica persistente, expressa em diversas séries fotográficas que tem desenvolvido ao longo dos anos, porventura, a serem “reveladas” um dia.

Acresce que é um apaixonado pelas Artes: lugar, memória e identidade são conceitos-chave de reflexão, sobretudo relativos à cultura urbana e visual, ambos suportados pela literatura e poesia, de que é ávido leitor.

Participou em diversas exposições coletivas: “Autumn Salon 2019”, Fundação Oriente, Macau; “RAEM, 20 Anos – Um Olhar Sobre Macau”, OPPIA, Porto, Portugal e Consulado Português em Macau (2019); “Open Future”, “Somewhere” (e edição do foto-livro “Somewhere”), Creative Macau – Center for Creative Industries; Macau Script Road Literary Festival (2018); – “Whatever You Make, Make It Yours”, Creative Macau – Center For Creative Industries; – “Autumn Salon 2017”, Fundação Oriente, Macau (2017); “Autumn Salon 2016”, Fundação Oriente, Macau; “Here & Now”, Creative Macau – Center For Creative Industries; “Macao Annual Visual Arts Exhibition 2016” – Western Media Category, MSAR’s Cultural Affairs Bureau (2016); “Rich Life”, Creative Macau – Center For Creative Industries (2015); “Symbols of Culture”, Creative Macau – Center For Creative Industries e “Autumn Salon 2014, Fundação Oriente, Macau (2014); “Make a wish”, Creative Macau – Center For Creative Industries e “Autumn Salon 2013”, Fundação Oriente, Macau (2013).

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Pode conhecer mais sobre a obra de Francisco Ricarte no FF, aqui.

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Cortesia: Francisco Ricarte.

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