VIVIAN MAIER, STREET PHOTOGRAPHER. A FOTÓGRAFA QUE ERA AMA…
Exposição no Centro Cultural de Cascais (piso 1), de 6 de abril a 16 maio de 2021.
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A norte-americana Vivian Dorothea Maier [1926 – 2009] especializou-se em fotografia de rua. Nasceu em Nova-Iorque, passou a infância em França e voltou aos Estados Unidos, onde trabalhou por mais de 40 anos como babysister. Nos tempos livres fotografou as ruas e as pessoas de Chicago, onde vivia, e de Nova-Iorque, impressionando “o mundo com a sua fotografia e que, através da sua profunda vontade de documentar, registar e interpretar o mundo ao seu redor, captou inúmeras peculiaridades da América urbana na segunda metade do século XX.”
O fotógrafo Joel Meyerowitz descreveu-a como dona de “uma sensibilidade especial para captar o momento, para detetar o rasgo de um gesto, para a micro expressão de um rosto”.
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A Fotografia tem destas surpresas! Quantos fotógrafos de coração, de paixão, constroem uma obra – em tantos casos notável – em tantos casos vasta – sem que seja conhecida! Porque não querem mostrar (ou não achem importante, ou não saibam como, ou tenham medo…) ou por qualquer outra razão, e limitam-se a fotografar para si. E esse espólio ou perde-se – porque ninguém o valoriza, cuida ou simplesmente entrega a um arquivo local (municipal, por exemplo), indo parar tantas vezes, ao lixo… No caso de Vivian Maier, o seu espólio, em dois contentores abandonados foi adquirido em leilão por um coleccionador, John Maloof… que ficou maravilhado com uma obra notável, ao nível de Meyerovitz, para citar apenas um nome.
Se Maier tivesse mostrado a sua obra, teríamos possivelmente uma fotógrafa há muito incluída nas Histórias da Fotografia, consagrada, que teria sido ama durante poucos anos…
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Lemos na apresentação da exposição:
Vivian Maier é uma artista velada pelo mistério. Através dos seus retratos de desconhecidos nas ruas dos EUA nas décadas de 1950 e 1980, a maior parte em preto e branco, subsiste a expetativa de desvendar mais sobre a história e a personalidade da própria fotógrafa.
Durante mais de quarenta anos, Maier trabalhou como ama em Chicago. Nos tempos livres, percorreu as ruas daquela cidade e de Nova Iorque fotografando cenas da vida quotidiana com empatia, espontaneidade e sensibilidade, observando pessoas de todas as idades e classes sociais e captando os seus retratos em arrojados enquadramentos.
O resultado dessas excursões fotográficas é uma obra impressionante que compreende mais de 100 mil imagens, descobertas em 2007 quando o historiador John Maloof, mais tarde também ele fotógrafo e realizador de cinema, comprou em leilão o conteúdo abandonado de dois contentores de armazém e se viu na posse de milhares de negativos, diapositivos e fotografias impressas, além de uma série de vídeos caseiros e gravações de áudio.
Desde então, o trabalho de Maier, aclamado pela crítica especializada, já foi exibido em galerias e museus, publicado em revistas e jornais de todo o mundo, tendo ainda sido tema do documentário Finding Vivian Maier, nomeado para um Óscar, em 2014.
Realizados entre 1953 e 1984, os trabalhos exibidos em Vivian Maier: Street Photographer, na sua maioria a preto e branco, incluem uma série dos peculiares autorretratos da artista realizados com um cunho muito pessoal, quase como se estivessem assinados. São também apresentadas fotografias a cores que Maier produziu nos últimos 30 anos da sua vida, nas quais se evidencia o seu olhar atento para a harmonia das cores na composição das imagens.
O que torna Vivian Maier única é que as suas fotografias não foram feitas por encomenda, nem com o intuito de serem expostas ou publicadas em busca de reconhecimento artístico ou retorno financeiro. A esmagadora maioria dos seus negativos não foi impressa enquanto foi viva. As suas fotografias são testemunhos silenciosos das suas experiências e da sua visão sobre a complexidade da experiência humana.
Para além da curiosa história da excêntrica, intelectual e reservada “ama Vivian”, esta exposição inédita em Portugal demonstra a notável qualidade da obra de Vivian Maier, a fotógrafa, e o seu inestimável contributo para o renascimento do interesse pela fotografia de rua.”
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No átrio, além da apresentação, do texto e da nota biográfica, vemos a projeção de oito filmes de Super 8 que fez entre 1965 e 1973, que mostram o seu olhar fotográfico, além de algumas provas de contacto.
Na sala grande, a sua obra de fotografia de rua: as pessoas, as crianças, os seus autorretratos, sempre uma constante na sua produção. Na galeria, alguns retratos, sobretudo em transportes públicos e algumas imagens de cariz mais abstrato, além de fotografia a cor, que realizou a partir dos anos 1970.
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António Bracons, Aspetos da exposição, 2021
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“Street Photographer”, Vivian Maier, está em exposição no Centro Cultural de Cascais, desde 16 de janeiro, na verdade, desde 6 de abril, devido ao estado de emergência, até 16 de maio de 2021, com curadoria de Anne Morin, reúne 135 trabalhos – entre fotografias e vídeos em Super 8, numa organização da Fundação D. Luís I e da Câmara Municipal de Cascais, no âmbito da programação do Bairro dos Museus.
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Vivian Maier nasceu em Nova Iorque em 1926. Filha de pai austríaco e mãe francesa, foi em França que viveu a maior parte da sua juventude, regressando aos Estados Unidos em 1951, quando começou a trabalhar como ama e cuidadora, função que desempenharia durante o resto da vida. Entretanto, nos tempos livres, aventurava-se na arte da fotografia, produzindo de forma consistente ao longo de cinco décadas. Sem família própria, as crianças de quem cuidou acabaram por cuidar dela no final da vida. Vivian Maier morreu em Chicago, em 2009, aos 83 anos.
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Pode ver alguns documentários sobre a obra de Vivian Maier aqui.
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