IMAGO LISBOA PHOTO FESTIVAL 2020. NOVAS VISÕES – ADÉL KOLESZÁR, ÉVA SZOMBAT

Integram a exposição “Novas Visões na Fotografia Contemporânea”, do Imago Lisboa Photo Festival 2020, patente no Reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras, de 01.10 a 15.11.2020.

.

.

.

ADÉL KOLESZÁR, ONLY HAVE FAITH

.

.

Adél Koleszár, Only have faith – Entrance of the mass grave, Colinas de Santa Fe, Veracruz, Mexico, 2017 – Walking home from the mass grave, Colinas de Santa Fe, Veracruz, Mexico, 2017 – Girl from Sinaloa, Culiacan, Sinaloa, Mexico, 2016 – Bullet found on a mass grave, Torreon, Mexico, 2016

.

.

Nos últimos anos, o foco do meu trabalho tem sido a violência humana e a maneira como a sua receção deixa traços permanentes na cultura, reestrutura a sociedade e o eu humano. Vivo e trabalho no México com o objetivo de concluir a minha pesquisa visual sobre este assunto, procurando movimentos culturais, atividades de grupo e destinos individuais que existem como consequência da violência persistente. O meu objetivo é estar envolvida de uma proximidade íntima para testemunhar e capturar a essência destas realidades, envolver fortemente os espectadores, a nível emocional e mental, nos tópicos com os quais trabalho, e dar ao público outra perspetiva sobre o porquê do estilo de vida destas pessoas poder muitas vezes parecer controverso e condenado, embora eu acredite que a chave esteja sempre no brutal sistema social e político.

O meu objetivo é dar voz aos que não têm voz, dar visibilidade às pessoas que são párias sociais e vítimas de injustiça, apresentando conflitos sociais contemporâneos num contexto e narrativa diferentes dos jornais. O ponto focal das fotografias é algum vestígio físico de violência (uma cicatriz, uma contusão ou um canal simbólico), enquanto os remanescentes não físicos da agressão – um olhar, expressão facial, pose ou algum espaço físico acompanhado de texto, entrevistas, ou mesmo som – são deixados para o espectador interpretar. Assim a história pode tornar-se um todo novamente, questionando a fé, a natureza humana e o comportamento humano.

Ao trabalhar muito com o tema da violência, o meu interesse também se voltou ao exame do comportamento humano.

Uso diferentes métodos de trabalho para me envolver nos tópicos, tais como fazer parte dos grupos sociais reais, para me envolver nas suas atividades a longo prazo. Com o objetivo de trabalhar os meus tópicos, utilizo meios mistos: trabalhando com técnicas digitais e analógicas, alternando entre médio formato e instantâneos – dependendo do contexto e da narrativa que gostaria de retirar.

Tento diferentes métodos para representar os temas reais, nas fotografias, transformando as histórias em livros, instalações, obras em vídeo, a fim de proporcionar uma compreensão mais ampla para o público.

.

.

António Bracons, Aspetos da exposição, 2020

.

.

.

ÉVA SZOMBAT, RETRACING THE STEPS TO HAPPINESS

.

.

Éva Szombat,Retracing The Steps To Happiness – Lavan from Practitioners, 2015 – Girls, Girls, Girls, 2018 – Zsófi from Happiness Book, 2013

.

.

Esta é uma seleção dos meus trabalhos dos últimos dez anos, não é estritamente uma série, mas sim uma espécie de instantâneos de tudo o que me interessou na última década. A minha principal área de especialização era a felicidade: como alcançá-la, como aprimorá-la e como aprender com outras pessoas que a conseguiram dominar. Na verdade, criei um sofisticado livro prático chamado Happiness, como guia, e procurei pessoas que a alcançaram numa série chamada Practioners. Depois, voltei-me para a minha própria felicidade e comecei a examinar como os problemas do meu corpo se relacionam com a felicidade na minha vida particular – isto tornou-se Beyond The Curve. Então, comecei um projeto enorme há vários anos, em que fotografo mulheres que viviam na Hungria, que foram corajosas e abertas o suficiente para me mostrar os seus brinquedos sexuais e dar longas entrevistas sobre a sua utilização. Esta série, ainda sem título, é o projeto no qual estou a trabalhar atualmente, e algumas partes dela também foram incluídas nessa seleção, além de várias fotografias que tirei de membros da família, da vida noturna de Budapeste, e de tudo o que achei interessante nos últimos 10 anos. Considerem esta seleção os meus maiores sucessos.

Éva Szombat

.

.

António Bracons, Aspetos da exposição, 2020

.

.

.

“Only have faith”, de Adél Koleszár eRetracing The Steps To Happiness”, de Éva Szombat,escolhas de Gabriella Csizek, integram a exposição “Novas Visões na Fotografia Contemporânea”, do Imago Lisboa Photo Festival 2020, patente Reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras, na Praça das Amoreiras 8, em Lisboa, de 1 de outubro a 15 de novembro de 2020.

.

.

.

Adél Koleszár nasceu em 1986 na Hungria.

É uma fotógrafa que vive na Cidade do México, originária da Hungria. Completou um mestrado em fotografia na Universidade de Arte e Design Moholy-Nagy, em Budapeste, depois de uma licenciatura em ciências sociais. Nos últimos anos, tem trabalhado no México, com o objetivo de concluir sua pesquisa visual sobre a violência humana e como ela reestrutura a sociedade.

Em 2013 chegou ao país graças ao Programa Governamental do México de Residências para Artistas, em 2014 o seu projeto sobre religiões contemporâneas no México foi selecionado como finalista no Magnum Photos & Ideastap Photography Award, em 2016-17, recebeu a bolsa Pécsi József, que apoia o trabalho de jovens fotógrafos húngaros. Foi a única expositora da secção Discovery Show do Fotofestiwal Lodz, seu livro “New Routes of Faith” foi selecionado no Unseen Photography Dummy Award. O seu trabalho foi amplamente exposto e publicado no seu país e internacionalmente, entre Berlim, Cidade do México, Nova York, Arles, Viena, e teve destaque no Foam Spotlight, Vice México, Revista Fotografia, Der Grief. Em 2018 fez parte da seleção Ones to watch do British Jornal of Photography, foi nomeada para a Joop Swart Masterclass e fez parte do Robert Capa Grand Prize. Adél fez parte do Capa Grand Prize em 2017, e foi incluída na seleção Ones to Watch do British Journal of Photography em 2018.

.

.

Éva Szombat, trabalha e vive em Budapeste, Hungria. É conhecida por uma mistura única de glamour kitsch e exame sociológico. Tem um mestrado fotografia da Moholy-Nagy University of Art and Design (MOME). Lançou dois livros sobre a felicidade e os seus efeitos nas pessoas: a edição limitada Happiness, e Practitioners. Ganhou bolsas de estudo em Paris e Nova York. As suas obras estão expostas em Nova York, Jerusalém, Milão, Viena, Berlim, Bogotá, Amsterdão, entre outros. Atualmente, está a trabalhar em várias novas séries, ensina fotografia no MOME, e é muito feliz.

.

.

.

O núcleo “Novas Visões na Fotografia Contemporânea” surge, pois

Desde sempre que a fotografia teve uma expressão multifuncional, que se estende do campo científico ao campo das artes. Porém, nas duas últimas décadas a fotografia, e particularmente no âmbito dos projetos artísticos, adquiriu novas liberdades e formas de se apresentar.

Procurando espelhar a diversidade e criatividade que se tem vindo a expandir, o festival Imago Lisboa, através do convite a reconhecidos curadores da área, dá a conhecer alguns exemplos das narrativas atuais.”

Os curadores desta 2.ª edição são: Paul di Felice, Rui Prata, Beate Cegielska e Gabriella Csizek.

.

Rui Prata, Diretor Artístico do Imago Lisboa Photo Festival, regista:

.

A fotografia constitui uma forma de representação artística e de registo muito relevante da atual sociedade. Para além do seu uso nas artes visuais, e mais concretamente na chamada fotografia de autor, a imagem fotográfica dá roupagem a um vasto campo de territórios que se expandem das ciências às redes sociais.

A 2ª edição do festival Imago Lisboa pretende dar continuidade a um acontecimento regular que potencialize as diferentes práticas fotográficas contemporâneas, sem esquecer a apresentação de autores de reconhecido valor histórico, cujo conhecimento é essencial para a compreensão das atuais narrativas.

Ao longo da última década, Lisboa tornou-se uma cidade de referência, com acentuado crescimento económico e cultural. Pululam os acontecimentos nas mais diversas áreas e a urbe é palco de uma efervescente atividade nos mais diversos domínios. Não obstante algum abrandamento em virtude da recente pandemia, importa retomar a dinâmica anterior e criar condições para uma confiança e atração crescente de públicos.”

.

.

.

Pode saber mais sobre o Imago Lisboa Photo Festival aqui e no Fascínio da Fotografia, aqui.

.

Cortesia: Imago Lisboa Photo Festival.

.

.

.