ARMANDO CARDOSO, JÁ SÓ ECO; JÁ SÓ MEMÓRIA, 2020

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Armando Cardoso

Já só eco; já só memória / Nothing more than echo; Nothing more than memories

Fotografia e texto: Armando Cardoso

Blurb, aqui / Novembro . 2017

Português e inglês / 25,0 x 20,0 cm / 36 pp

Brochura

ISBN: 9781389262197

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Edição alargada, digital / kindle (aquisição):

Apple Books, aqui / Fevereiro . 2018

Google, aqui / Fevereiro . 2018

Amazon, aqui / Fevereiro . 2018

Português e inglês / 86 pp

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Edição on-line, gratuita:

Edição do Autor, on-line / 2020

Português e inglês / 82 pp.

Digital, aqui.

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“Já só eco; já só memória”, teve outros títulos, como “Ruínas. Já só eco; já só memória”, mas o autor, por bem, deixou cair aquele primeiro termo.

Espaços exteriores e interiores, abandonados, deixados, ficaram. Até que alguém tome conta deles e os transforme. A morte, de alguma forma. Ou o cansaço, a inutilidade, uma qualquer outra razão, levam ao abandono dos espaços. Alguns que conhecemos antes e que, de um modo ou de outro, fizeram parte da nossa vida. Revemos agora com a memória do que foram para nós. Ou de como estão. Ou imaginamo-los apenas. Ou vemos apenas como agora estão.

Armando Cardoso não se prende a espaços pequenos ou ‘individuais’, mas procura locais que fizeram parte da nossa história como país. Edifícios que foram importantes, que tiveram uma utilidade concreta, uma vida intensa e foram abandonados. Regista-os. No final da obra, apresenta “Alguns dados sobre os locais fotografados” (pp. 62 e seguintes): são bastantes: do antigo sanatório Sousa Martins e o antigo liceu, na Guarda, aos antigos sanatórios das Penhas da Saúde e do Caramulo, ao Colégio de S. Fiel, os Palacetes da Fonte da Pipa, em Loulé ou do Comendador, na Arrábida; antigas fábricas, o mosteiro de Seiça ou o Forte da Senhora da Graça, em Elvas.

Armando Cardoso desenvolve este projeto há vários anos. Conheceu diversas edições: uma primeira impressa (a pedido, Blurb), outra digital em várias plataformas e outra agora, também digital, gratuita.

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Sobre a génese do projeto, escreve o Autor:

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já só Eco; já só Memória
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O fascínio começa devagar, sem nos darmos conta… “olha ali. Porque estará  abandonado? O que terá sido antes? Vamos entrar.” 

E assim, “num quase nada”, nascido de uma pequena curiosidade lá se parte em viagem de descoberta. Procuramos escutar o que já deixou de ser, esperar que os locais nos falem de si e de quem os habitou, do que os habitou. São pedras antigas, paisagens fantásticas ou solitárias, pórticos, templos, edifícios, sonhos, fantasias, caminhos, passagens.

Já só Eco; Já só Memória é o resultado dessa viagem, apresentada com a simplicidade de quem, por breves momentos, pertenceu a um espaço que vive sem gente dentro mas que se reorganiza numa coreografia por vezes nova e surpreendente.

Projeto conjunto de 4 autores, quatro olhares, quatro formas de ver/viver a fotografia, quatro descobertas que se cruzam no mesmo fascínio, no mesmo eco. 

As imagens deste livro são parte da minha “contribuição” para um projeto que se renova continuamente.

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Armando Cardoso escreve também o ensaio que antecede a fotografia:

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Na brisa encontro o ritmo lento do passar dos dias.

Foram séculos, decénios, anos, meses?

Estendo-me dolente no recorte breve das colinas e por vezes anseio por um som dramático que me acorde. Talvez seja o ritmo do martelo pneumático ou o som cavo da picareta a abrir roços nestes restos espalhados no caminho que me despertem um dia.

Sou. Estou. Oco e velho permaneço como um esqueleto, fóssil na rocha, habitante longínquo de um mar de outros dias, de outros mundos. Árvore morta na paisagem, abro os olhos e estico-me lentamente. Sou. Apenas já memória débil do que fui. Correram por mim os dias e as horas, cresceram meninos de bibe, calaram-se apitos decididos e gritos de trabalho. Hoje reina o silêncio. Apenas a brisa nos campos marca o correr do tempo e a cadência dos dias.

Fui abrigo. Fui lugar de vida. Ponto de partida. Maré dos dias e cais de chegada. Fui dia de notícias, telegrama desejado, fui vida e fui morte. Fui albergue e casa e doca e plataforma e estação e depósito e hospital e fábrica e cemitério … Fui tanto e tantas coisas e tantos lugares e tantos homens e tantos sonhos e tantas dores.

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Hoje sou. Estou. Oco e velho permaneço como um esqueleto, fóssil na rocha.

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Já só eco; já só memória

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Armando Cardoso, Já só eco; já só memória (portfólio)

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Armando Cardoso nasceu em Pinhel em 1946.

Foi um dos fundadores da Associação Portuguesa de Arte Fotográfica (que resultou da extinção e reformulação do Foto Clube 6×6) a cuja Direção pertenceu durante três mandatos, desde 1973 até ao início dos anos oitenta.

Coautor de um dos primeiros diaporamas não-comerciais realizados em Portugal, intitulado “Aconteceu no Futuro, Ontem, ou Hoje”, estreado na Sala de Cinema do Palácio Foz em 1979.

Após abandonar a fotografia durante mais de vinte anos retomou esta atividade em 2002, com a redescoberta da magia do laboratório fotográfico… primeiro através da manipulação da imagem por métodos informáticos e, mais tarde, retornando aos processos “tradicionais” do analógico.

Participou em diversas exposições individuais e coletivas, nomeadamente “(In) Slow Motion – Retro & Toy Cameras”, realizada em parceria com a autora Elsa Mota Gomes e “Convergências – Já só eco; já só memória” projeto de 4 autores, apresentado na Galeria Arte Graça- Lisboa.

É membro do “f2.8 Colectivo de Fotografia”, no âmbito do qual participou em diversas exposições.

Tem trabalhos publicados na Thiaps – International Analogue Photographic Society e na edição on-line da Black & White Magazine.

Em 2015 editou o livro “Myanmar – O milagre de viver sorrindo”.

É coautor e webdesign do site casaldasletras.com.

Foi professor de fotografia na UNISBEN – Universidade Intergeracional de Benfica.

É membro da UPP – United Photo Press.

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Pode conhecer melhor o trabalho de Armando Cardoso no seu site, aqui.

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