OS PRÉMIOS ESTAÇÃO IMAGEM 2020 COIMBRA

Exposição em Coimbra, no Convento de São Francisco, de 18 de julho a 6 de setembro de 2020 e em Loulé, na Galeria de Arte do Convento do Espírito Santo, de 7 de agosto a 12 de setembro de 2020.

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Os Prémios Estação Imagem 2020 Coimbra, foram anunciados naquela cidade no passado dia 18 de julho de 2020, em cerimónia que teve lugar no Convento de São Francisco.

O júri deste ano foi composto por: Patrick Chauvel, presidente (fotógrafo de guerra independente, cuja carreira começou aos 17 anos, sendo o mais antigo repórter de guerra em exercício), João Silva (fotógrafo do The New York Times desde 2000, membro do Bang-Bang Club, grupo de fotojornalistas que documentaram o fim da era do apartheid), Felipe Dana (fotojornalista brasileiro da agência Associated Press; Dana fez parte da equipa da AP finalista dos prémios Pulitzer em 2017, 2018 e 2019) e Brent Stirton (fotógrafo sul-africano, é correspondente sénior da Getty Images e fellow da National Geographic Society, é especialista em fotojornalismo de investigação e documentário, tem-se focado, desde 2007, nos aspectos da interação humana com o ambiente).

Os premiados de 2020 foram:

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Prémio Estação Imagem 2020

José Sarmento Matos / Abandonando o sonho Venezuelano

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Mais de meio milhão de portugueses e luso-descendentes vivem actualmente na Venezuela na sequência das ondas de emigração nas décadas de 50 e 90 do século passado, durante os booms petrolíferos que trouxeram prosperidade àquele país do Caribe. A maior parte desta diáspora portuguesa veio da ilha da Madeira. “Abandonando o sonho venezuelano” conta a história de uma família luso-venezuelana e a sua migração de regresso a Portugal. Fogem de uma Venezuela imersa numa profunda crise humanitária mas abandonam também os seus entes queridos, o país em que viveram muitos anos e onde alguns nasceram. Agora recomeçam a vida no país de origem, perdendo o sentimento de pertença e a identidade. A reportagem foi feita na Venezuela e em Portugal, documentando os dois lados da vida desta família.

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Fotografia do Ano . Prémio

Leonel de Castro / Voo de esperança

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Uma rapariga adolescente voa em direcção aos céus por entre árvores destruídas, numa das principais artérias da cidade da Beira, Moçambique, depois de a província de Sofala ter sido dizimada pela passagem do ciclone Idai. 

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Fotografia do Ano . Menção Honrosa

Ana Brígida / Sem Luz

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Flávia acende algumas velas dentro de casa, por falta do fornecimento de electricidade. No bairro da Torre, em Camarate, junto ao aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, vive-se sem luz eléctrica há mais de três anos. Foi cortada por questões legais em Outubro de 2016. Um problema que até ao momento não teve solução.

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Notícias . Prémio

Rui Duarte Silva / Derrotado

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Nas eleições legislativas de 2019, a derrota de Rui Rio era expectável. Muitas sondagens apontavam para um dos piores resultados de sempre do Partido Social Democrata, mas o líder concluiu que o resultado «não foi tão mau como muitos profetizavam e alguns até́ desejavam». Sem jeito para o contacto social e considerado com um político distante do povo, Rui Rio tudo fez para inverter as previsões, mas os resultados mostraram não ter sido o suficiente para manter a fama do candidato que nunca tinha perdido uma eleição.

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Notícias . Menção Honrosa

João Porfírio / O fogo voltou a incendiar a angústia no centro de Portugal

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Na semana de 21 de Julho de 2019, as chamas voltaram ao centro do país. Na aldeia da Roda, uma das 15 aldeias cercadas pelo fogo, Cláudia e muitos outros populares juntaram-se aos bombeiros no combate ao flagelo.

Estradas cortadas, aldeias evacuadas, centenas de operacionais no terreno, num cenário de regresso da angústia à região centro do país, com violentos incêndios que começaram no distrito de Castelo Branco e rapidamente se estenderam ao de Santarém. Um homem foi retirado já em desespero da sua casa a arder. «Se não fosse eu e a minha mãe, isto ardia tudo», desabafa Cláudia. 

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Assuntos Contemporâneos . Prémio

Leonel de Castro / Os Continuadores

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A passagem do ciclone Idai, na província de Sofala, em Moçambique, deixou o orfanato municipal Os Continuadores, na cidade da Beira, ainda mais desvalido, a precisar de obras, equipamentos e alimentos.

Há 44 anos que acolhe crianças dos bairros da Beira, bem como de Buzi, Nhamatanda e Dondo, as outras cidades daquela província, albergando na altura 78 crianças entre os zero e os 12 anos de idade, metade das quais ainda no berçário. 

São crianças órfãs, mas também abandonadas, perdidas, vítimas de maus-tratoscom deficiências mentais ou motoras, ou atémmutiladas na sequência do tráfico de órgãos. 

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Assuntos Contemporâneos . Menção Honrosa

Sebastião Almeida / 809384 – Nacionalidade N/A

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Apesar de ter nascido em Portugal, Diogo Varela não é português. É cabo-verdiano no passaporte, sem nunca ter visitado o país. É apenas um dos milhares de afro-descendentes nesta situação. 

Depois de ter cumprido pena de prisão durante três anos e meio, perdeu a autorização de residência permanente do SEF e ficou em situação ilegal em Portugal. Diogo refez a sua vida. Arranjou trabalho, casou-se, e teve um filho. Contudo, há algo que continua em falta: o seu país não o reconhece como cidadão nacional. 

Aos olhos do Estado português, ele é apenas mais um estrangeiro em território nacional. De momento, tem uma autorização de residência temporária, renovável por cinco anos, mas não é suficiente. Por isso, decidiu emigrar.

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Vida Quotidiana . Prémio

Gonçalo Fonseca / Nova Lisboa

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Lisboa é «o mercado imobiliário mais popular da Europa», segundo a Bloomberg. Os preços do arrendamento dispararam, e, em 2018, os da habitação aumentaram em 80% em algumas áreas da cidade. Desde 2016, pelo menos 10 000 famílias foram despejadas, e várias centenas têm de recorrer à ocupação ilegal de casas municipais para poderem dar aos filhos um lugar onde dormir. «Nova Lisboa» acompanha a história destas pessoas, um retrato da insegurança e do medo que se sente quando não temos um lugar seguro onde repousar.

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Vida Quotidiana . Menção Honrosa

Leonel de Castro / Grande Hotel Beira

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Nos anos 60 do século passado, o Grande Hotel Beira era o maior hotel de luxo do continente africano. Agora está num avançado estado de degradação e dá abrigo a 4000 pessoas. Durante a guerra civil moçambicana, transformou-se num campo de refugiados, na maioria crianças, que viviam sem água e no meio do lixo produzido diariamente pelos ocupantes. Com 400 quartos e uma enorme piscina olímpica, o complexo turístico era frequentado pelas famílias burguesas que viviam na região. Os ocupantes são agora funcionários públicos, polícias, pescadores ou professores, mas também desempregados e despejados por senhorios. 

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Arte e Espectáculos . Prémio

Ana Brígida / Touros

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Cada vez é mais difícil aprender a tourear, devido à controvérsia em torno desta arte. Até aos 16 anos, é proibido aprender a tourear com touros verdadeiros, dificultando a experiência necessária para uma carreira. Nas escolas, os treinos são feitos com muita disciplina e respeito pelo touro, mas sempre num tom de brincadeira entre bicicletas com cornos e a arte de tourear. Desde os 6 anos de idade que os mais jovens aprendem a lidar com o perigo, mas, na maior parte das vezes, é em encontros em quintas e em eventos privados que aplicam pela primeira vez com uma vaca verdadeira aquilo que aprenderam nas aulas.

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Ambiente . Prémio

Carlos Folgoso Sueiro / A terra brilhante

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Iacútia tem uma á́rea cinco vezes maior que a França, mas a população não chega a um milhão de pessoas. Produz cerca de 28% dos diamantes do mundo, e cidades como Mirny ou Udachny são exemplos de monogords (cidades dominadas por uma única empresa) e mais de 50% da sua população trabalha para a Alrosa. A região enfrenta 7 a 9 meses de Inverno, está sobre permafrost, com temperaturas que podem chegar aos -50°, e com condições de vida muito particulares. Esta área remota está sobre permafrost. Este projecto explora a solidão, o isolamento, a capacidade de adaptação humana ao frio extremo e a capacidade de ultrapassar condições adversas. 

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Série de Retratos . Prémio

António Pedro Santos / O amor de mãe não é cego

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O mundo fechou-se em casa com medo do coronavírus e Andreia Varela também, mas com uma pequena diferença: está habituada a enfrentar o que não vê. Nasceu com maculopatia e tem apenas 5% de visão, mas não pára por causa do filho de três anos. Andreia tem 27 anos, engravidou de um namoro às escondidas, mas, como sempre quis ser mãe e ter um lar, agarrou o destino com toda a sua força. Na rua, as pessoas estacam, perplexas, ao ver esta mulher, com ar de menina, a abrir caminho com a bengala e o filho ao colo: «Fazem muitos comentários, mas muitos não são capazes de fazer aquilo que eu faço.» 

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Desporto . Prémio

Rodrigo Antunes / Cegueira Olímpica

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Pratica judo desde os 14 anos, mas foi aos 20 que o Miguel Vieira enfrentou uma das maiores batalhas da sua vida: a cegueira. Veio para Portugal realizar os tratamentos para recuperar a visão, mas sem sucesso. Acabou por ficar e reconstruir a sua vida, contando com a ajuda da Vespa, a sua cadela-guia, dos treinadores, colegas de treino e amigos. Todos os dias consegue ultrapassar novos obstáculos e foi o primeiro judoca paralímpico português em prova, nos jogos Paralímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, Brasil. Para ele, «foi o realizar de um sonho antigo».

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A exposição do Prémio Estação Imagem Coimbra 2020 está patente em Coimbra, no Convento de São Francisco, de 18 de julho a 6 de setembro de 2020 e em Loulé, na Galeria de Arte do Convento do Espírito Santo, de 7 de agosto a 12 de setembro de 2020.

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