ERNESTO DE SOUSA (1921-1988): “A MÃO DIREITA NÃO SABE O QUE A ESQUERDA ANDA A FAZER…”

Exposição patente no Porto, no Mira Forum, na Rua de Miraflor, 159, Campanhã, de 25 de abril a 18 de maio de 2019

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Ernesto de Sousa, Fotografias do centro urbano do Porto, 1965-1968

Película, Gelatina sal de prata, 6x6cm. Coleção Isabel Alves em depósito na Direção-Geral do Património Cultural / Arquivo de Documentação Fotográfica (DGPC/ADF)

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Sobre a exposição de “cerca de 200 fotografias de Ernesto de Sousa, metade das quais ainda inéditas” escreve a curadora, Paula Pinto:

Uma palavra sobre a fotografia… simultaneamente ponto de chegada e ponto de partida. A fotografia cruzou todo o percurso multidisciplinar de Ernesto de Sousa, funcionando simultaneamente enquanto documento e pensamento, sem definição de fronteiras entre o registo das experiências de outros e os objetos artísticos que compuseram a sua bio-bibliografia.

Os materiais fotográficos desta exposição demonstram o interesse de Ernesto de Sousa pela escultura portuguesa de expressão popular, durante toda a década de sessenta (com os primeiros artigos publicados na revista Seara Nova entre Março de 1959 e Agosto de 1961). Sem prejuízo da especificidade das esculturas de expressão popular, evidenciamos o uso da fotografia enquanto ferramenta e expressão do seu pensamento, através de três assemblagens de meios e objetos: a realização de um filme, a curadoria de uma exposição e a edição de um livro. Esta análise confronta o olhar do autor com o objecto (referente) fotográfico e com os meios de produção e edição da imagem fotográfica, num exercício que revela a intimidade do trabalho de Ernesto de Sousa, tanto na aproximação às temáticas de estudo como nas condições técnicas e materiais com que operava, testemunhando a complexidade e experimentalismo do seu universo visual.

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Ernesto de Sousa, Gárgula do Mosteiro da Batalha. Fotografias do levantamento sobre escultura de expressão popular, 1959-68.

Película, Gelatina sal de prata, 6x6cm. Colecção Isabel Alves em depósito na Direcção-Geral do Património Cultural/ Arquivo de Documentação Fotográfica (DGPC/ADF).

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     Encontram-se em exposição as fotografias quimicamente manipuladas da rodagem do filme Dom Roberto (1962), as fotografias da exposição “Barristas e Imaginários: quatro artistas portugueses do Norte” organizada na galeria da livraria Divulgação (Lisboa, 1964), fotografias publicadas no álbum “Para o Estudo da Escultura Portuguesa” (Porto: ECMA, 1965) e material ainda inédito do levantamento sobre a “Escultura Portuguesa de expressão popular, histórica e atual”, que Ernesto de Sousa compilou durante os anos em que foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian (1966-68). Tendo por objectivo uma futura amostragem de todo o levantamento fotográfico realizado por Ernesto de Sousa acerca da “Escultura Portuguesa de expressão popular, histórica e atual” (1959-1968), pretende-se que a itinerância desta exposição permita o faseamento deste estudo pelas diversas regiões do país. Depois de uma primeira abordagem que incidiu sobre as oficinas de arte de expressão popular do Minho, expõe-se agora uma seleção de fotografias do grande Porto. Para além de uma série fotográfica sobre António Dias (c.1958), o bonecreiro que fez de duplo de Raul Solnado no filme Dom Roberto e da documentação dos barristas de Barcelos – Rosa Ramalho, Domingos Gonçalves Lima (Mistério) e Rosa Faria da Rocha (Rosa Côta) –, dos canteiros de Ponte de Lima e de Esposende – António de Araújo (Periquito), João Manuel Pires Trigo, Quintino Vilas Boas Neto e António Vilas Boas Neto –, do trabalho sobre madeira de Franklin Vilas Boas Neto e dos santeiros de S. Mamede – oficina José Ferreira Thedim e oficina Adelino de Moreira Vinhas –, esta exposição traz agora a público cerca de 60 fotografias inéditas do Porto.

Ao registo fotográfico de Ernesto de Sousa pelo Porto, agrega-se ainda um relatório da PIDE que informa sobre a apresentação do filme Dom Roberto no Clube dos Fenianos Portuenses (13 de Janeiro de 1964), a projeção do álbum Para o Estudo da Escultura Portuguesa (editado no Porto pela ECMA, 1965), documentação sobre o Curso de Cinema Experimental que programou com o Cineclube do Porto e documentação sobre as peças de teatro que encenou para o Teatro Experimental do Porto durante os anos sessenta: Desperta e Canta de Clifford Odets (Dezembro de 1965) e o Gêbo e a Sombra de Raul Brandão (Fevereiro de 1966).

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Película de acetato (fotolito), Formatos variáveis. Coleção Isabel Alves.

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     Dando expressão à importância que as artes gráficas tiveram na obra de Ernesto de Sousa, a Oficina Arara produziu uma série de cartazes que cruzam o levantamento de linguagem popular realizado para o filme Dom Roberto (em projeção) e o arquivo fotográfico sobre arte de expressão popular, aqui parcialmente presente. Armando Santiago enviou as partituras do filme Dom Roberto, contribuindo, juntamente com as vozes de atores como Glicínia Quartin e Raul Solnado (João Barbelas), para o corpo sonoro desta exposição. Os músicos José Carlos Tinoco e Jorge Queijo, apresentam uma performance inédita com Isabel Barros, que foi convidada a intervir com a variada documentação gerada por Ernesto de Sousa em torno do universo do bonecreiro António Dias. A reapresentação do trabalho multidisciplinar de Ernesto de Sousa continua a sentir¬se necessária e é reiterada pela contínua investigação académica e curatorial, assim como pela expandida curiosidade artística gerada por novas gerações em torno da sua atividade crítica e autoral.”

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Paula Pinto, Aspetos da exposição, 2019

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Esta exposição, patente no Mira Forum, em Campanhã, Porto, de 25 de abril a 18 de maio de 2019, é possível graças à colaboração de: Isabel Alves, Oficina Arara, Alexandra Encarnação, Armando Santiago, Camilo Fernandez, Laura Gonzalez, Isabel Barros, José Carlos Tinoco, Jorge Queijo, Isabel Carvalho, José Maia, Regina Lamouroux, Gui Castro Felga, José Pedro Tenreiro, Júlio Gago, João Luiz, José Mário Brandão, Isabel Carvalho, Vera Mantero. Participação: Centro de Estudos Multidisciplinares Ernesto de Sousa (CEMES), Arquivo de Documentação Fotográfica / Direção-Geral do Património (DGPC)), Fundação Calouste Gulbenkian, Museu do Neo-Realismo, Museu Nacional de Etnologia, Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), Centro para os Assuntos da Arte e Arquitectura (CAAA), Centro Internacional de Arte José de Guimarães (CIAJG), Fundação Bienal de Cerveira, Arquivo Municipal de Lisboa, Espaço Mira. Impressão fotográfica: Foto +

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Pode ver sobre Ernesto Sousa no Fascínio da Fotografia, aqui.

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Cortesia de Paula Pinto.

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