AAVV, LIVROS DE FOTOGRAFIA EM PORTUGAL: DA REVOLUÇÃO AO PRESENTE, 2023

Dia Mundial do Livro (23 de abril).

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Livros de Fotografia em Portugal: Da Revolução ao Presente

Editores: David-Alexandre Guéniot, Filipa Valladares, José Luís Neves, Susana Lourenço Marques / Prefácio: Horacio Fernández / Textos: Catarina Rosendo, Emília Tavares, Filipe Figueiredo, Inês Fernandes, João Seguro, José Bértolo, José Luís Neves, Margarida Medeiros, Mário Moura, Miguel von Hafe Pérez, Sandra Vieira Jürgens, Sérgio Mah, Susana Lourenço Marques, Susana M. Martins, Tania Martuscelli / Photografias: Dinis Santos / Design: Pedro Nora

Lisboa: GHOST Editions, Porto:  Pierrot le Fou, Lisboa: STET – Livros & fotografias / 2023

Português / 21,0 x 28,0 cm / 488 pp / 365 fotografias, cor

Cartonado / 600 cópias

ISBN: 978‑989‑54422‑9‑4

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Hoje trago aqui um livro cuja falta se fazia sentir e no qual tive uma pequena colaboração.

O livro de fotografia tem assumido um papel cada vez maior na criação e na produção fotográfica, não só no resto do mundo, mas também em Portugal.

Grande parte da edição fotográfica em livro, em Portugal, desenvolve-se sobretudo a partir do início da década de 1980, impulsionada pela maior visibilidade da fotografia, nomeadamente quer pelo impacto dos Encontros de Fotografia de Coimbra, dos Encontros da Imagem (Braga) e da Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira, quer por publicações como o Anuário Português de Fotografia (1981 a 1986 e  1988) ou a revista Nova Imagem (cujo n.º 1 saiu em julho de 1980, prolongou-se até ao n.º 38, de janeiro a março de 1985) – para nos referirmos apenas à década de 1980 –, para além de múltiplas exposições e das publicações, sobretudo de fotógrafos nacionais, mas também estrangeiros, editados em Portugal ou disponíveis nas exposições ou livrarias, sob a forma de catálogos, fotolivros ou outras formas. Também a nível de imprensa, jornais como o Expresso, o Independente ou o Público, criaram uma exigência fotográfica quer aos fotojornalistas, quer aos leitores, que se generalizou (se bem que anteriormente e noutros jornais sempre houve bons fotógrafos). O surgimento de várias e boas escolas de fotografia é uma consequência e razão deste processo. No novo milénio, com a facilidade das compras digitais, o acesso às edições estrangeiras foi aberto (e com frequência, a preços muito acessíveis), criando uma visibilidade que contagia para a edição do livro, facilitada por novos processos de impressão, relativamente económicos e de qualidade, como o ‘print on demand’ ou a impressão digital, que simplificam a auto-edição, aumentando exponencialmente o número de livros editados em Portugal.

Acresce ainda como importante o destaque dado aos livros de fotografia (particularmente aos fotolivros) por ‘livros sobre fotolivros’, destacando-se a edição, em 2001, do “The Book of 101 Books”, coordenado por Andrew Roth,  a que se seguiu “The Photobook; A History”, de Martin Parr e Gerry Badger (volume I, 2004, volume II, 2006 e volume III, 2012), que, desde logo, desencadearam uma onda de múltiplos livros sobre fotolivros, quer por países ou editoras, quer sobre cidades ou temas, sendo já bem mais de uma centena os editados em todo o mundo (a “The PhotoBook Review”, complemento da revista Aperture, no n.º 020, Inverno de 2021, lista uma seleção de 91 “Books on Photobooks”, do período de 1999 a 2021 e o aparecimento de 485 “PhotoBook Publishers” no mesmo período, contando três em Portugal: GHOST Editions (2011), LEBOP (2020) e Pierre von Kleist (2005) ).

Em 2021 foi editado o livro “Fotografia Impressa e Propaganda em Portugal no Estado Novo. Fotografia Impressa. Imagem e Propaganda em Portugal (1934-1974)”, coordenado por Filomena Serra (Muga, 2021), apresenta uma seleção de 50 publicações, entre fotolivros e revistas, nas quais a fotografia desempenha um papel fundamental.

Este livro agora editado, apresentado em 19 de janeiro de 2024, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, vem colmatar esta lacuna: destaca 86 fotolivros editados nos 40 anos seguintes ao 25 de abril de 1974: entre 1974 e 2015, onde se incluem 3 obras anteriores e duas posteriores a este período. Um período que permite alguma distância crítica, refletindo a importância e significado de cada obra apresentada.

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Referem os editores:

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“Livros de Fotografia em Portugal: Da Revolução ao Presente” propõe mergulhar o leitor na fértil história do livro de fotografia português a partir da década de 1970. Elege o livro de fotografia como objecto de estudo por ser um veículo de criação artística e documental, e ponto de convergência para a colaboração entre fotógrafos, designers, escritores e editores. Dividido em sete capítulos temáticos, analisa a produção de livros durante a Revolução, a relação entre imagem fotográfica e texto, a dimensão arquivística e institucional do livro de fotografia, as qualidades materiais e performativas desta prática editorial e artística, bem como a ideia de território e identidade. Oferecendo uma contextualização abrangente dos livros selecionados, engloba aspectos históricos, políticos, artísticos e sociais, com o intuito de contribuir para uma leitura inovadora sobre a história da fotografia em Portugal.

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Assim,

Os critérios centrais do estudo ditaram a inclusão apenas de livros de fotografia produzidos por autores portugueses e livros de fotografia produzidos por autores estrangeiros cujo conteúdo estivesse directamente ligado ao território português estabelecido a partir da formalização oficial das ex-colónias portuguesas. Esta selecção foi também balizada em termos temporais, sendo oslivros escolhidos para o estudo publicados entre 1974 e 2015. A inclusão excepcional de Ipy Girl Ipy (1970), de Tad Wakamatsu, Gente (1971), de Eduardo Gageiro, e Portugal (1971), de Neal Slavin, pareceu-nos ser essencial, na medida em que são obras que permitem estabelecer uma ligação visual e temática entre a representação do país a nível nacional e internacional. Por outro lado, a selecção de Casa das Sete Senhoras (2016), de Tito Mouraz, a The Dew of Little Things (2016), de Carlos Lobo, justifica-se pela forma como estes dois livros representam e expandem o trabalho fotográfico dos dois autores e cujas séries fotográficas foram terminadas em datas anteriores à produção destes livros.

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No âmbito do critério editorial, respeitando o conceito de fotolivro definido por Martin Parr e Gerry Badger, em The Photobook; A History, “não foram incluídos livros póstumos, catálogos, monografias e livros com tiragem inferior a dez exemplares.”

Também a “presença de alguns autores e editoras foi circunscrita a uma selecção representativa da sua produção”, dada a impossibilidade de abarcar nesta obra um número muito extenso de livros, pelo que são apresentados 86 fotolivros e é proposto “para cada capítulo uma Bibliografia Seleccionada que contempla os títulos escolhidos de cada autor, como também apresenta obras de outros autores publicados até 2015 que, por opção editorial e de espaço, não foram incluídas.”

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Livros de Fotografia em Portugal: Da Revolução ao Presente, 2024

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Mais informação aqui.

Pode ver sobre o livro “Fotografia Impressa e Propaganda em Portugal no Estado Novo. Fotografia Impressa. Imagem e Propaganda em Portugal (1934-1974)”, coordenado por Filomena Serra (Muga, 2021), no FF, aqui.

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