VENHAM MAIS CINCO. O OLHAR ESTRANGEIRO SOBRE A REVOLUÇÃO PORTUGUESA 1974–1975
Livro e exposição no Parque Empresarial da Mutela (em frente à antiga Lisnave), em Almada, de 24 de maio a 23 de novembro de 2025.
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A revolução de 25 de abril de 1974 trouxe a Portugal vários fotógrafos estrangeiros, para fazerem a cobertura fotográfica para várias agências e órgãos de informação. Vários chegaram no dia 25 e outros nos dias seguintes. Diversos voltaram, outros vieram pela primeira vez mais tarde, para cobrirem vários episódios subsequentes à Revolução dos Cravos.
Projeto imaginado há mais de 30 anos, vê-se agora concretizado, com uma exposição e um livro / catálogo, que reúne mais de 200 fotografias de 30 fotógrafos estrangeiros, reconhecidos, que registaram Portugal entre o período de 25 de abril de 1974 e 25 de novembro de 1975.
A exposição, composta por imagens em grande formato, divide-se em 4 partes: A festa da liberdade, Novas formas de poder, Independências e Um país dividido. As fotografias estão identificadas com o autor, ao longo da exposição são disponibilizadas folhas com a reprodução das fotografias em escala reduzida e mais alguma informação sobre cada uma.
A exposição está disponível para circular para outras apresentações. Haja quem queira. Para já, está patente em Almada, no Parque Empresarial da Mutela, ocupando os dois pisos de estacionamento do edifício.
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Sérgio Tréfaut (coord.)
Venham Mais Cinco. O olhar estrangeiro sobre a revolução portuguesa (1974-1975)
Fotografias de: Alain Keller, Alain Mingam, Alécio de Andrade, Augusta Conchiglia, Benoît Gyembergh, Dominique Issermann, Fausto Giaccone, François Hers, Gérard Dufresne, Gilbert Uzan, Giorgio Piredda, Guy le Querrec, Henri Bureau, Hervé Gloaguen, Jacques Haillot, Jean Gaumy, Jean-Claude Francolon, Jean-Paul Miroglio, Jean-Paul Paireault, José Sanchez-Martinez, Michel Giniès, Michel Puech, Paola Agosti, Perry Kretz, Rob Mieremet, Sebastião Salgado, Serge July, Sylvain Julienne, Uliano Lucas, Vojta Dukát / Texto de Sérgio Tréfaut
Lisboa: Tinta da China / Junho . 2025
Português / 20,9 x 26,3 x 3,1 cm / 272 pp
Capa dura
ISBN: 9789896719425
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Sobre o projeto, narra o curador, Sérgio Tréfaut:
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Para Margarida Medeiros, in memoriam
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Venham mais cinco foi uma ideia que surgiu no Verão de 1993, quando Margarida Medeiros e Ana Soromenho me desafiaram para produzir uma grande exposição com as imagens dos fotógrafos estrangeiros que haviam retratado o processo revolucionário português. No ano seguinte seria comemorado o vigésimo aniversário do 25 de Abril.
Eu acabara de organizar O Mês da Fotografia, um conjunto de exposições, que incluíam Trabalho, de Sebastião Salgado, e a colectiva Magnum no Leste. Estava em diálogo com alguns dos autores que queríamos contactar. Margarida e eu rumámos a Paris e mergulhámos nos arquivos das grandes agências internacionais, vasculhando milhares de provas de contacto.
Para nossa tristeza, a exposição não se pôde fazer em 1994. Não era politicamente oportuna. Em 1999, transformei o desejo da mostra no meu primeiro documentário, Outro País, que aborda quase o mesmo tema. Participaram Sebastião e Lélia Salgado, Guy Le Querrec, Jean Gaumy e Dominique Issermann, entre outros.
Apesar da existência do filme, ao longo de três décadas, nunca desistimos da exposição. Margarida e eu reescrevemos várias vezes a proposta. Finalmente, em 2023, graças à insistência de uma amiga comum, a jornalista Kathleen Gomes, conseguimos que a Comissão Comemorativa do Cinquentenário do 25 de Abril advogasse em nosso favor junto do Ministério da Cultura. De repente, a porta se abriu.
Três décadas depois, muitos dos arquivos tinham mudado de mãos, alguns tinham desaparecido. Nem todos os fotógrafos continuavam vivos.
Três décadas depois, a exposição vai abrir as suas portas. Entre o início da nossa pesquisa, no Outono de 1993, em Paris, e o seu recente desaparecimento, Margarida tinha se transformado numa das maiores especialistas de fotografia em Portugal, autora de livros de referência, curadora de exposições e responsável pela formação de várias gerações de estudantes. Esta exposição nasceu da nossa amizade.
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Portugal no centro do mundo
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Entre 25 de Abril de 1974 e 25 de Novembro de 1975, Portugal foi manchete quase diária de toda a imprensa internacional. Nunca nada de semelhante acontecera ou viria a acontecer no país, por um período tão largo de tempo.
O fim abrupto de uma ditadura de 48 anos, o início da democratização que parecia seguir por caminhos inesperados, as dúvidas a respeito do processo de independência de grandes países africanos, tudo fazia com que o mundo inteiro voltasse os olhos para Portugal. De um dia para o outro aterraram em Lisboa fotógrafos das maiores agências internacionais, jovens e veteranos, que captaram imagens por todo o país, acompanhando a sucessão vertiginosa dos acontecimentos.
Muitos vieram em missões de curta duração, outros instalaram-se vários meses para perceber e retratar o que se passava. Quase tudo era surpreendente para os estrangeiros: a situação política inédita num país europeu, o quotidiano dos portugueses, a forma como a política entrava na vida da população. Eram fotógrafos experientes. Tinham um olhar incisivo, procuravam imagens para as capas das revistas de maior tiragem, mas também revelavam empatia, encantamento e genuíno interesse antropológico. Durante cerca de um ano e meio fotografaram tudo.
A galeria de imagens começa no final de Abril, quando o golpe de Estado do Movimento das Forças Armadas se transforma em revolução, com as ruas cheias de uma população a quem fora pedido para ficar em casa, e que, pelo contrário, subia para cima dos tanques, entregava café e flores aos soldados, gritava e chorava de alegria. Seguem-se imagens da detenção dos agentes da PIDE (prémio World Press Photo 1974, de Henri Bureau), mas também fotografias de cravos nas espingardas que transmitiram ao mundo esse novo conceito: a revolução dos cravos.
Muitos fotógrafos estavam na tomada da PIDE/DGS, na chegada dos exilados políticos e na irrepetível manifestação do primeiro de Maio de 1974, com soldados e marinheiros abraçados a uma população feliz como nunca fora.
Nos meses que se seguiram, quando tudo podia acontecer e a surpresa era a regra do quotidiano, os fotógrafos seguiram as ocupações de fábricas, as nacionalizações, a Reforma Agrária, as Campanhas de Dinamização Cultural promovidas pelo MFA, o surgimento dos partidos políticos, as campanhas eleitorais para a Assembleia Constituinte.
Os mesmos fotógrafos voaram para Angola e Moçambique, procurando retratar o processo de descolonização e o regresso massivo de portugueses que viviam em África.
A partir da segunda metade de 1975 transmitiram para o mundo imagens de um país dividido, com ataques às sedes do Partido Comunista e a outros movimentos de esquerda. Seguiram as ocupações do Jornal República e da Rádio Renascença, bem como a politização crescente da igreja católica. Retrataram, finalmente, as tensões no exército, o conflito militar latente no 25 de Novembro e o sentimento de orfandade de alguns militares na base de Tancos.
Depois do 25 de Novembro, os fotógrafos estrangeiros deixam gradualmente o país. Alguns tornam-se estrelas maiores do mundo da fotografia. Portugal terá sido um balão de ensaio, onde puderam provar que tinham a distância e a sabedoria para sintetizar em imagens um processo extremamente complexo.
Neste catálogo, tal como na exposição, as fotografias não surgem sempre de forma cronológica. São agrupadas por temas e também se articulam numa narrativa dramática, onde duas imagens de momentos diferentes podem estar lado a lado por contraste, estabelecendo choques e pontes.
Após 50 anos, alguns arquivos desapareceram. Por esta razão, em casos excecionais, quando não houve acesso a negativos nem a provas em papel, decidiu-se reproduzir imagens publicadas em livros. À data de hoje é única forma de partilhar imagens únicas, de um período decisivo da história de Portugal.
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Venham mais cinco
É o título de uma célebre canção de José Afonso, escolhida pelos militares do MFA para ser tocada no Rádio Renascença na madrugada de 25 de Abril de 1974, como senha do início do golpe militar. Mas, dois dias antes, perceberam que a canção estava numa lista negra e não poderia ser transmitida sem levantar suspeitas. Decide-se então usar outro tema de José Afonso, Grândola (não proibido), para sinalizar o início do golpe. Ao escolher Venham mais cinco como título desta exposição, prestamos homenagem à grandeza única de José Afonso e ficamos à espera de mais cinco revoluções.
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António Bracons, Aspetos da exposição, 2025
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A exposição “Venham mais cinco. O Olhar Estrangeiro sobre a Revolução Portuguesa 1974–1975”, com fotografias de Alain Keller, Alain Mingam, Alécio de Andrade, Augusta Conchiglia, Benoît Gyembergh, Dominique Issermann, Fausto Giaccone, François Hers, Gérard Dufresne, Gilbert Uzan, Giorgio Piredda, Guy le Querrec, Henri Bureau, Hervé Gloaguen, Jacques Haillot, Jean Gaumy, Jean-Claude Francolon, Jean-Paul Miroglio, Jean-Paul Paireault, José Sanchez-Martinez, Michel Giniès, Michel Puech, Paola Agosti, Perry Kretz, Rob Mieremet, Sebastião Salgado, Serge July, Sylvain Julienne, Uliano Lucas, Vojta Dukát e curadoria de Sérgio Tréfaut, está patente no Parque Empresarial da Mutela (em frente à antiga Lisnave), em Almada, de 24 de maio a 23 de novembro de 2025 (inicialmente até 24 de agosto), de quinta a domingo (incluindo feriados) das 11h às 19h.
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Jean-Paul Miroglio (Lisboa, 1975)
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Vários fotógrafos estão presentes na inauguração e em visitas comentadas (com entrada gratuita e lotação limitada):
24 maio, sábado, 17h – Jean-Claude Francolon, Fausto Giaccone, Michel Puech, Jean-Paul Paireault (com Sérgio Tréfaut)
25 maio, domingo, 17h – Jean-Claude Francolon, Michel Puech, Jean-Paul Paireault (com Sérgio Tréfaut)
31 maio, sábado, 17h – Alain Mingam (com Sérgio Tréfaut)
1 junho, domingo, 17h – Alain Mingam (com Sérgio Tréfaut)
7 junho, sábado, 17h – Luísa Tiago de Oliveira e Eduardo Pires
8 junho, domingo, 17h – Isabel do Carmo e Paula Godinho com Luísa Tiago de Oliveira
14 junho, sábado, 17h – Fernando Oliveira Baptista, João Madeira, Maria Inácia Rezola com Luisa Tiago de Oliveira
15 junho, domingo, 17h – Joana Craveiro/ Teatro do Vestido
21 junho, sábado, 17h – Manuel Martins Guerreiro, Nuno Santos Silva com Luisa Tiago de Oliveira
28 junho, sábado, 17h – José Neves, Manuel Begonha com Luisa Tiago de Oliveira
05 de julho, sábado, 17h – Fernando Rosas, Sónia Vespeira de Almeida com Luisa Tiago de Oliveira
12 de julho, sábado, 17h – Ana Luísa Rodrigues, Irene Pimentel com Luisa Tiago de Oliveira
19 de julho, sábado, 17h – Jacinto Godinho, José Pacheco Pereira com Luisa Tiago de Oliveira.
26 de julho, 17h – Diana Andringa e Fernanda Mestrinho.
2 de agosto, 17h – Franscisca Van Dunem e Eduardo Paz Ferreira com Susana de Sousa Dias.
9 de agosto, 17h – João Soares.
16 de agosto, 17h – Victor Pereira.
23 de agosto, 17h – Paola Agosti.
24 de agosto, 17h – Fernando Matos Silva.
As inscrições nas visitas comentadas devem ser feitas, até ao dia anterior, através do email: venhammaiscinco1974@gmail.com
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Sobre os fotógrafos (e algumas fotografias):
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Alain Keller, Caixotes dos retornados acumulam-se ao lado do Padrão dos Descobrimentos, Lisboa, setembro de 1975
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Alain Keller (1945) – França
Alain Keller veio para Portugal nos primeiros anos da sua carreira de fotojornalista e permaneceu vários meses no país. Trabalhou para as agências Sygma e Gamma na década de 1970. Viaja constantemente desde então, cobrindo acontecimentos em todo o mundo. Foi distinguido com prémios como o World Press Photo, o Grand Prix Paris Match de fotojornalismo e o prémio W. Eugene Smith.
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Alain Mingam, Campanha eleitoral do PPD, com Francisco Pinto Balsemão e Magalhães Mota, abril de 1975
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Alain Mingam (1946) – França
Alain Mingan começou o seu percurso profissional na agência Sipa Press, seguiu para a Gamma e depois para a Sygma, das quais foi respectivamente editor-chefe e director editorial. Viveu e fotografou intensamente o processo revolucionário português, e esteve presente na independência de Angola. Vencedor do World Press Photo, foi vice-presidente da Reporters Sans Frontière.
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Alécio de Andrade, Peregrinação a Fátima, outubro de 74
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Alécio de Andrade (1938-2003) – Brasil
Fotógrafo, poeta e pianista, Alécio de Andrade nasceu no Rio de Janeiro. Mudou-se para Paris em 1964, após o Golpe Militar. Foi o primeiro brasileiro a integrar a agência Magnum. Cobriu amplamente a realidade portuguesa no ano de 1974. O livro «Lumière d’Avril, Portugal 1974», com fotografias suas, foi publicado por ocasião do cinquentenário da Revolução, acompanhando uma exposição itinerante.
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Augusta Conchiglia (1948) – Itália
Augusta Conchiglia é jornalista, fotógrafa e co-realizadora de documentários. Em 1968, foi a Angola documentar a guerrilha do MPLA. As suas imagens dos combatentes que marchavam com paus em vez de armas chamaram a atenção da comunidade internacional. Daí resultou o livro Guerra di popolo em Angola (1969). Em 1974 também documentou as independências africanas.
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Benoît Gyembergh (1954-2013) – França
Benoît Gysembergh foi um importante fotojornalistae fotógrafo de guerra. Aos vinte anos trabalhava para a agência Gammaem Paris, e para a Camera Press em Londres. Em 1977 integrou o grupo de fotógrafos da Paris Match, revista na qual colaborou durante vinte e cinco anos, publicando mais de quinhentas páginas duplas.
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Dominique Issermann (1946) – França
Dominique Issermann começou a trabalhar em cinema no final dos anos 1960, e como repórter fotográfica durante a Revolução dos Cravos, em Portugal. A partir de finais dos anos 1970 torna-se uma das mais importantes fotógrafas de moda, trabalhando com Sonia Rykiel, Dior e Chanel, mas também fotografando personalidades como Catherine Deneuve, Marguerite Duras, Balthus e Bob Dylan. Recebeu as principais ordens de mérito de França.
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Fausto Giaccone (1943) – Itália
Fausto Giaccone nasceu na Sicília. Quando era estudante de arquitetura, fotografou movimentos e protestos juvenis. Viajou pelos cinco continentes como fotojornalista freelancer, mas foi a sua reportagem de 1975 sobre as ocupações de terras na aldeia de Couço, no Ribatejo, que alterou a sua vida. Regressou dez anos depois e publicou o livro «Uma História Portuguesa». Mantém uma forte ligação a Portugal, onde realizou várias exposições, incluindo uma no Panteão Nacional.
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François Hers (1943) – França
François Hers é co-fundador da cooperativa Viva. Foi enviado de Nova Iorque para Portugal durante o Verão Quente. As suas fotografias dos ataques à sede do PCP em Braga foram destaque da revista Paris Match e percorreram o mundo.
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Giorgio Piredda (1947- 2017) – Itália
Artista reputado pela sua atividade no campo da fotografia e no trabalho com o vidro, sobretudo nos anos 60 e 70. Documentou extensivamente a Revolução Portuguesa e as suas imagens ainda hoje sobre este período são publicadas em jornais e revistas.
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Gérard Dufresne (1938) – França
Nos anos 60, Gérard Dufresne trabalhou no laboratório Pictorial Service, onde teve contacto directo com as obras de Cartier-Bresson, Sieff, Riboud e outros mestres. Passou pelo Portugal revolucionário, antes de se dedicar à fotografia de paisagem.
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Guy Le Querrec, Lisboa, julho de 1974
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Guy le Querrec (1941) – França
Guy Le Querrec começou como editor e fotógrafo da revista Jeune Afrique. Em 1971 cedeu os seus arquivos à Agence Vu e em 72 foi co-fundador da Viva. Em 1976 ingressou na Magnum. Entre 1974 e 1975, fascinado pela Revolução dos Cravos, viajou para Portugal e fotografou o país de Norte a Sul. Em 1979, em parceria com Jean-Paul Miroglio, publicou o livro «Portugal 1974-1975: Regards sur une tentative de pouvoir populaire». É uma lenda viva da fotografia.
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Henri Bureau, Praça dos Restauradores, Lisboa, 27 de abril de 1974
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Henri Bureau (1940-2014) – França
Henri Bureau começou a fotografar em Paris, com vinte anos. Em 1966 é enviado para o Vietname e começou a fazer grandes reportagens. Entrou na Gamma em 1967 e participou da criação da Sygma em 1973. Em Abril de 1974, é um dos primeiros fotógrafos internacionais a chegar a Lisboa, sendo premiado com o World Press Photo desse ano. A partir de 1982, torna-se editor e diretor de sucessivas agências fotográficas.
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Hervé Gloaguen (1937) – França
Hervé Gloaguen estudou belas-artes, fotografia e cinema. Em 1963, tornou-se assistente do fotógrafo Gilles Ehrmann. Em 1971, ingressou na Agence Vu e, em 1972, participou da criação da cooperativa Viva, onde assina inúmeras reportagens, entre as quais uma dedicada à Revolução dos Cravos.
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Jacques Haillot (1941-1998) – França
Jacques Haillot nasceu na Argélia e trabalhou durante muitos anos para o semanário L’Express. Morreu em Portugal em 1998. Os seus arquivos são distribuídos pela Getty Images.
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Jean-Claude Francolon, Imagem de reconciliação, realizada a pedido do fotógrafo, perto de Tete, Moçambique, setembro de 1974
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Jean-Claude Francolon (1944) – França
Jean-Claude Francolon dedica-se à fotografia de imprensa desde os vinte e cinco anos, primeiro na agência A.P.I.S., e depois na Gamma, fundada por Gilles Carone Raymond Depardon. Cobriu os principais momentos dos anos 1970, como o 25 de Abril de 1974, de que tem fotografias únicas, a cores, e os processos de paz em Moçambique. Tornou-se vice-director da Gamma em 1988, director geral em 1992e presidente em 1994. Também se dedicou ao cinema.
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Jean Gaumy, Mário Soares (‘O Bochechas’) na noite da vitória do PS nas primeiras eleições, 25 de Abril de 1975
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Jean Gaumy (1948) – França
Jean Gaumy começou a carreira fotográfica em 1972, na agência Viva. Em 1973 passou para a Gamma, onde permaneceu até 1976. Algumas das suas fotografias das primeiras eleições livres em Portugal são incontornáveis, como a imagem de um homem que aperta a bochecha de Mário Soares. Em 1977 ingressou na Magnum, da qual ainda é membro. É membro da Academia de Belas-Artes do Institut de France.
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Jean Paul Miroglio (1946-2017) – França
Jean Paul Miroglio dedicou-se à foto-reportagem desde cedo. Entre 1970 e 1975, colaborou com o semanário Politique Hebdo, para o qual fez a cobertura da queda de três ditaduras (Grécia, Portugal e Espanha). Do seu encontro com Guy Le Querrec nasceu um livro colectivo para celebrar uma revolução pacífica e popular: «Portugal 1974-1975: Regards sur une tentative de pouvoir populaire».
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Jean-Paul Paireault (1951) – França
Jean-Paul Paireault foi assistente de Marc Riboud nos anos 1970 e trabalhou como foto-repórter internacional para as agências Magnum e Gamma, sendo distinguido pelo seu trabalho. Cobriu a Revolução Portuguesa para a Magnum de Julho de 1974 até ao final de 1975.
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José Sanchez-Martinez – Espanha
Fotógrafo do diário espanhol ABC, enviado para Lisboa a 25 de Abril de 1974. São de sua autoria parte das imagens publicadas no ABC sobre a Revolução.
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Michel Giniès (1952) – França
Michel Giniès trabalha para a agência Sipa Press desde 1972. Passou por Lisboa no início da Revolução.
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Michel Puech (1948) – França
Michel Puech começou sua carreira no diário Combat como jornalista. Tornou-se repórter fotográfico do coletivo Boojum Consort e co-fundou a Fotolib, agência fotográfica do diário Libération. Chegou a Portugal no final de Abril e realizou uma das suas primeiras reportagens fotográficas. Desde 2008, dirige e edita o site http://www.al-oeil.info sobre jornalismo e fotografia.
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Paola Agosti (1947) – Itália
Paola Agosti iniciou a carreira como fotógrafa em 1968. Apanhou um dos primeiros aviões para Lisboa após o 25 de Abril e em poucas semanas produziu imagens surpreendentes. Desde 1976 o seu foco principal é o feminismo e o trabalho das mulheres. No cinquentenário da Revolução as suas imagens circularam numa exposição em Itália e foram editadas em livro, «Lisbona, la notte è finita! – La Rivoluzione dei garofani nelle fotografie di Paola Agosti».
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Perry Kretz (1933-2020) – Alemanha / Estados Unidos
Perry Kretz nasceu em Colónia. Na década de 1950, mudou-se para Nova Iorque onde estudou jornalismo. Entrou no Exército dos EUA que o manda para a Guerra da Coreia, onde se descobriu como fotógrafo. De volta a Nova Iorque, ingressou na agência Keystone e trabalhou com o New York Post. A partir de 1969, colaborou com a revista Stern (Alemanha), para a qual faz grandes reportagens, entre as quais a Revolução dos Cravos.
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Rob Mieremet (1947-2015) – Paises Baixos
Rob Mieremet trabalhou para a ANEFO, Agência Fotográfica Holandesa, entre 1969 e 1975. Ganhou o prémio da melhor foto da imprensa holandesa em 1973. Esteve vários meses em Portugal no período revolucionário.
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Sebastião Salgado, Crianças durante uma manifestação de apoio ao MPLA, Angola, julho de 1975
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Sebastião Salgado (1944) – Brasil
Sebastião Salgado nasceu no Brasil, onde se formou em economia. Perseguido pelo regime militar, em 1969 muda-se para Paris. Enquanto economista, viajou por África e começou a fotografar no inicio dos anos 70. Começa a fazer reportagens para as agências Gamma, Sygma e Magnum. É nesse início de carreira que regista as imagens da Revolução Portuguesa e das independências de Angola e Moçambique. A partir dos anos 1980 torna-se um dos fotógrafos de maior reconhecimento mundial, responsável por projetos de escala planetária. Em 2015, o documentário sobre a sua trajetória “O Sal da Terra”, de Juliano Salgado e Wim Wenders, é nomeado para um Óscar.
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Serge July (1942) – França
Serge July é um célebre jornalista, fundador do jornal Libération,e figura incontornável da política francesa ao longo de três décadas (1970-2000). Em 1975 acompanhou e fotografou a visita de Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir a Portugal.
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Sylvain Julienne (1947-2019) – França
Sylvain Julienne publicou a sua primeira foto aos 21 anos no semanário The Village Voice. Fotografou os grandes conflitos do planeta para as agências Sipa, Gamma e Sygma. Algumas de suas imagens foram capa de revistas de todo o mundo. Em Abril de 1975 assistiu à captura de Phnom Penh pelos Khmer Vermelhos e foi mantido prisioneiro. Logo de seguida veio para Portugal, onde fotografou o Verão Quente.
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Uliano Lucas, Partida de soldado com cravo. 1974
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Uliano Lucas (1942) – Itália
Uliano interessa-se desde o início da sua carreira por causas políticas e sociais. Publica em revistas como Tempo, Jeune Afrique e Koncret ou em publicações para a reflexão sobre o terceiro mundo. A revolução portuguesa e as guerras de libertação em Angola e Guiné-Bissau são parte importante do seu trabalho. Tem um livro publicado em Portugal: «Revoluções – Guiné Bissau, Angola e Portugal (1969-1974)».
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Vojta Dukát, Santiago do Cacém, 1975
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Vojta Dukát (1947) – Checoslováquia / Países Baixos
Vojta Dukát é um fotógrafo da Morávia que fugiu da Checoslováquia em Agosto de 1968 com a ocupação do país pelas tropas do Pacto de Varsóvia. Radicou-se em Amesterdão, onde frequentou estudos de fotografia e cinema. Nos anos 1970, começou a viajar e a fotografar. Indicado por André Kertész, foi “nominated photographer” da agência Magnum entre 1974 e 1978, período em visitou regularmente Portugal. Fez importantes exposições individuais. A sua extraordinária monografia publicada pela Fototorst contém dezenas de imagens de Portugal.
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Sobre o tema, pode ver o documentário “Outro País”, de Sérgio Tréfaut, 1999, aqui.
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