RUI OCHOA, A JORNADA, 2023
Morreu o Papa Francisco (17.12.1936 – 21.04.2025)
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Rui Ochoa
A Jornada. The Journey. Jornada Mundial da Juventude. World Youth Day 2023
Fotografia: Rui Ochoa / Abertura: Marcelo Rebelo de Sousa / Texto: Cardeal Américo Aguiar
Alfragide: Leya – Casa das Letras / Novembro . 2023
Português, inglês / 21,0 x 29,7 cm / 160 pp.
Capa mole
ISBN: 9789896619008
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A notícia da morte do Papa Francisco, na 2.ª feira de Páscoa, dia 21.04.2025 – Francisco é um Papa da Ressurreição, veio trazer à memória alguns momentos do seu pontificado…
Eleito papa a 13 de março de 2013, o jesuíta Jorge Mario Bergoglio, cardeal de Buenos Aires, Argentina, veio “do fim do mundo”, como ele próprio disse, num primeiro discurso familiar e caloroso, e em que pediu que rezassem por ele.
Os seus exemplos de humildade, desde o automóvel simples à residência na Casa de Santa Marta e a tantas atitudes.
As encíclicas, destaco a “Laudato si” (2015), sobre a casa comum – o nosso planeta, e “Fratelli Tutti” (2020), sobre a amizade e a fraternidade social, para além de tantos escritos!
O seu caminhar sozinho pela Praça de S. Pedro vazia e dá a benção Urbi et Orbi, na sexta-feira, 27 de março de 2020, em pleno tempo de pandemia Covid-19, num tempo marcado pelas medidas de isolamento social.
A sua atitude sinodal de ouvir os leigos e não apenas o clero, para o Sínodo de 2023, que se prolongou para 2024 e que continuará em 2025, numa abertura única na Igreja – quase 60 anos depois do Concílio Vaticano II.
A sua vinda a Portugal, a Fátima, para a canonização dos Pastorinhos Francisco e Jacinta Marto, em 13 de maio de 2017, no centenário das Aparições e o silêncio profundo que se fez sentir enquanto o papa rezava.
O seu regresso a Portugal, para as Jornadas Mundiais da Juventude, em agosto de 2023 e o recordar que a Igreja está aberta a todos, todos, todos!
As JMJ trouxeram-me de imediato à memória este livro do fotojornalista Rui Ochoa: um diário das Jornadas, tocando muitos dos momentos, para o qual a “Presidência da República autorizou que recorresse às fotografias tiradas em funções oficiais devido à finalidade social da afetação das receitas da edição”, como escreve o Presidente da República. Temos a chegada dia 2, a receção no Palácio de Belém e o encontro no Centro Cultural de Belém com a cultura; no dia 3, na Universidade Católica, com os jovens universitários, depois na ‘Scholas Occurrentes’ em Cascais, e ao fim da tarde a Via Sacra memorável, na Colina do Encontro (Parque Eduardo VII). O dia 4 começa com as periferias: a visita ao Bairro da Serafina, no dia 5 regressa a Fátima e ao fim da tarde, no Campo da Graça (Parque Tejo), a Vigília, onde na manhã seguinte celebra a Missa de Envio. Dia 6, em Algés, uma palavra especial para os milhares de voluntários que tornaram possível a JMJ e o Adeus, no regresso a Roma.
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O livro tem um texto do Cardeal Américo Aguiar, bispo responsável pela JMJ e atual bispo de Setúbal, que traça uma vivência do que se passou e do qual me permito destacar:
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Através do olhar e do coração
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Poder reviver as memórias dos dias extraordinários que vivemos na cidade de Lisboa, na primeira semana de agosto é o que aqui nos é oferecido; através do olhar, do coração e do saber de um fotógrafo que todos conhecemos e admiramos. (…) sentir o pulsar na alegria nas ruas, a agitação dos locais dos alojamentos, as mais diferentes atuações de jovens e menos jovens, por dezenas de palcos instalados na cidade. Tínhamos centenas de pontos de alojamento onde milhares de rapazes e raparigas falavam todas as línguas. (…) ao longo de uma semana única em Portugal e no mundo. Este «e no mundo» não é um exagero de linguagem, porque, na verdade, o mundo esteve em Lisboa e no nosso Portugal inteiro de norte a sul, do interior ao litoral e nas nossas ilhas atlânticas. Também por esta razão a memória das imagens é tão importante. Nelas reconhecemos a diversidade das nacionalidades, o impacto da juventude na sua forma de estar na vida, que nos enche de uma renovada alegria e de uma nova esperança, só de olhar para cada imagem.
Mas a Jornada Mundial da Juventude é muito mais do que encontros felizes, de jovens felizes. A identidade da Jornada está traçada por cima de uma cruz, ligada desde o início a uma jovem Maria de Nazaré, a Mãe de Jesus, Aquele que morreu numa cruz. A grande notícia, a notícia que continua a chamar os jovens de todo o mundo é que esse Jesus Ressuscitou, está Vivo no meio de nós. E as imagens dos momentos celebrativos da JMJ Lisboa2023 trazem-nos a beleza, a emoção, a interioridade de cada uma das celebrações que constituem a agenda central de todas as Jornadas Mundiais da Juventude.
(…)
De todas as Celebrações, cada uma com a sua riqueza e singularidade, também senti, de um modo particular, a Via Sacra de sexta-feira, dia 4 de agosto. No cenário da Colina do Encontro, revivemos os passos de Jesus a caminho da Sua morte, acompanhados por momentos de uma enorme beleza. Lembro o cair dos panos brancos que se entrelaçavam com os gestos de um grupo de jovens artistas que subiam e desciam por um autêntico palco vertical, ou a chuva de pétalas que parecia cair do céu e todos olhámos espantados para cima… momentos destes, captados pelo olhar de um fotógrafo ganham a força do intemporal, porque continuam
proporcionar emoções e sentimentos a todos aqueles que os olham, em qualquer tempo e lugar.
E Fátima… sempre a mesma simplicidade, sempre a mesma emoção. Desde o mais desconhecido peregrino até ao representante de Pedro na terra, a pequena imagem de Maria traz ao coração de todos nós esse mistério de Amor, que a Papa Francisco soube dizer de uma forma única: «Em Fátima, todos temos Mãe».
Como me tem acontecido de forma recorrente, só posso agradecer. Agradecer tudo o que foi feito na Jornada e pela Jornada. Neste caso, agradecer a arte e o profissionalismo do Rui Ochoa, que nos deixa um legado único, de um tempo único.
Portugal recebeu o maior encontro de jovens que acontece no mundo e soube fazê-lo muitíssimo bem. Com profissionais e com voluntários. Com conhecidos e desconhecidos. Com gente de Fé e com gente sem Fé. Com todos, todos, todos. Que Nossa Senhora da Visitação a todos guarde e que este livro nos encha o coração de gratidão por tanto que nos foi dado viver.
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Rui Ochoa, A Jornada. Jornada Mundial da Juventude 2023, 2023
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Rui Ochoa, Rui Hernâni Ochoa (Porto, 1948). Jornalista e fotógrafo, iniciou a sua atividade profissional como repórter fotográfico no Jornal de Notícias. A partir de 1980 começa a sua colaboração no Jornal Expresso, onde ascenderia a editor em 1989 e, mais tarde, diretor de fotografia. É autor de múltiplas reportagens em Portugal e no resto do mundo. Esta tendência para os acontecimentos políticos leva-o a participar em inúmeras publicações, entre as quais: Balsemão, O Retrato, Solidão e Poder; Soares O Presidente; Conversas com Álvaro Cunhal (em parceria com a jornalista Maria João Avillez); Cavaco Silva – Perto dos Portugueses, em 2006; O Museu de Rachol (Índia) e Portugal, tão longe, em 2008. Mais recentemente, publica a obra Afetos em 2016, testemunho de campanha eleitoral para a Presidência da República do Professor Marcelo Rebelo de Sousa; o livro Rui Ochoa 74-99, sobre a sua obra, em 2023 e no mesmo ano colabora em Mário Soares, 100 Anos. De referir os catálogos de fotografia: América-América, em 2017; Papas Peregrinos de Fátima, em 2019, e Acasos, em 2021.
Expôs o seu trabalho por diversas vezes em Portugal, Paris, Barcelona, Rio de Janeiro e Roma.
Está representado no Arquivo Nacional de Fotografia do Ministério da Cultura. Galardoado com diversos prémios, dos quais realça, em 1985, o prémio Gazeta do Jornalismo, atribuído pelo Clube dos Jornalistas; o prémio Society for News Design nos EUA, em 1998, com as reportagens «A cor do trabalho» e «Um Instante de Emoções». Em 1998, foi condecorado com a medalha de mérito e dedicação, grau prata, pela Câmara Municipal da Amadora. Em 2017, foi condecorado com a medalha de ouro (mérito) pela Câmara Municipal do Porto, e, em 2021, foi condecorado com a Ordem de Mérito – Grau Oficial, pelo Presidente da República.
Foi docente de Fotojornalismo na Universidade Lusófona e na Escola de Recuperação do Património de Sintra.
Desde março de 2016, exerce funções enquanto fotógrafo oficial do Presidente da República.
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