AGENDA . BIENAL DE FOTOGRAFIA DE VILA FRANCA DE XIRA – BF24

O Prémio da BF24 está patente no Celeiro da Patriarcal, de 30 de novembro de 2024 a 19 de janeiro de 2025, o Programa Curatorial, em vários locais, até 23 de março de 2025.

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A Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira – BF24 engloba o Prémio da Bienal e o Programa Curatorial, este biénio da responsabilidade de Ana Rito, sobre o título “Serpente Infinita”.

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De seguida, as exposições que englobam cada projeto.

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EXPOSIÇÕES  .  PRÉMIO DA BIENAL DE FOTOGRAFIA DE VILA FRANCA DE XIRA – BF24

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Alexandre de Magalhães / Cóclea

Prémio da BF24

Sobre esta série no FF, aqui.

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Bruno Parente / Cadernos de Observação

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Catarina Cesário Jesus / This is where our story ends

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Daniel Malhão / Alguns Aspetos. Imagens selecionadas de «O Problema da Habitação»

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Filipe Bianchi / Jamestown: o ringue da esperança

Menção Honrosa da BF24

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Gonçalo C. Silva / What is left

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Jorge Vale / Avô Léu

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Marcos Duvágo / «She could drag me over the rainbow»

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Pedro Rocha / Brava

Prémio Tauromaquia

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Ricardo Moita / Cimianto

Prémio Concelho de Vila Franca de Xira

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Rodrigo Vargas / Echoes

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Rui Pereira / (Re)cantos de um Ribatejo | Carregueira

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Vila Franca de Xira: Celeiro da Patriarcal / R. Luís de Camões, 130

30.11.2024 – 19.01.2025 > Ter – Dom, 15:00 – 19:00 (exceto feriados)

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Sobre o prémio BF24 – Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira, regista a organização:

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Trinta e cinco anos volvidos desde a sua criação, em 1989, a Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira afirma-se hoje, em 2024, como o mais antigo evento de premiação exclusivamente dedicado à cultura fotográfica no nosso país, ostentando por isso um histórico assinalável ao nível da promoção da prática fotográfica portuguesa.

Apontada desde o início à revelação de novos talentos na área da fotografia artística, a Bienal apresenta uma matriz que partiu da estreita relação com as instituições de ensino artístico no âmbito fotográfico, para se projetar hoje, cada vez mais, na atenção à iniciativa individual dos artistas que fazem uso da fotografia numa perspetiva abrangente e transdisciplinar. Defensora do valor da descoberta e da avaliação da experiência visual que designamos como “fotografia”, a Bienal continua apostada em celebrar a liberdade e a ousadia do processo criativo, empenhando-se na consolidação de um programa cuja amplitude, dividida entre a premiação (Patriarcal) e a ação curatorial (Fábrica das Palavras, Galeria Paulo Nunes – Arte Contemporânea, Museu do Neo-Realismo, Museu Municipal de Vila Franca de Xira, Núcleo Museológico do Mártir Santo e numa segunda fase no Celeiro da Patriarcal), assegura à nossa cidade um estatuto de referência, no que à prática da fotografia contemporânea diz respeito.

Procurando chegar a todos os públicos, a exposição dos trabalhos dos finalistas candidatos aos Prémios (Bienal de Fotografia, Concelho de VFX e Tauromaquia) apresenta-se como resultado de uma criteriosa seleção elaborada por um Júri de Nomeação, constituído por Sofia Nunes, Pauliana Valente Pimentel e Cláudio Garrudo. Por sua vez, os premiados surgiram da decisão do Júri de Premiação, constituído por Bruno Sequeira, Ana Anacleto, Isabel Nogueira, José Maçãs de Carvalho e David Santos. A qualidade de cada uma das exposições individuais agora apresentadas no espaço expositivo do Celeiro da Patriarcal tem a assinatura dos artistas selecionados: Alexandre de Magalhães, Bruno Parente, Catarina Cesário Jesus, Daniel Malhão, Filipe Bianchi, Gonçalo C. Silva, Jorge Vale, Marcos Duvágo, Pedro Rocha, Ricardo Moita, Rodrigo Vargas e Rui Pereira.

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EXPOSIÇÕES  .   PROGRAMA CURATORIAL

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SERPENTE INFINITA

Curadoria de Ana Rito

30.11.2024 – 23.03.2025

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Adriana Molder, Anna Maria Maiolino, Bárbara Fonte, Brígida Mendes, Bruce Nauman, Daniela Ângelo, Denilson Baniwa, Elisa Azevedo, Igor Jesus, Inês Moura, Irit Batsry, Paulo Arraiano, Sandra Rocha, Sr. Teste, Tris Vonna-Michell

Vila Franca de Xira: Fábrica das Palavras / Largo Mário Magalhães Infante, 14

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Carla Cabanas

Vila Franca de Xira: Galeria Paulo Nunes / R. Dr. Vasco Moniz, 7

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Damir Očko

Vila Franca de Xira: Núcleo Museológico do Mártir Santo / Igreja de S. Sebastião

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Paulo Arraiano / intervenções na fachada do Museu Municipal e do Museu do Neo-Realismo

Vila Franca de Xira: Museu Municipal / R. Serpa Pinto n.º 65

Vila Franca de Xira: Museu do Neo-Realismo / R. Alves Redol, 45

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30.11.2024 – 23.03.2025

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Adriana Molder, Bárbara Fonte, Brígida Mendes, Daniela Ângelo, Elisa Azevedo, Igor Jesus, Inês Moura, Institut Lumière, Irit Batsry, Tris Vonna-Michell

Será exibido, no contexto da exposição no Celeiro da Patriarcal, Danse Serpentine II (1897–1899), filme realizado por operador desconhecido, atribuído à Société Lumière, em parceria com o Institut Lumière.

Vila Franca de Xira: Celeiro da Patriarcal / R. Luís de Camões, 130

15.02 – 23.03.2025

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Numa colaboração com a Umbigo Magazine, será publicado na edição da revista de Dezembro de 2024 um ensaio visual e escrito, extensão do projeto curatorial SERPENTE INFINITA.

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Sobre o projeto “Serpente Infinita”, escreve Ana Rito:

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SINOPSE

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Era uma vez uma serpente infinita. como era infinita não havia maneira de se saber onde estava a sua cabeça. de cada vez que se lhe tirava uma vértebra não fazia falta nenhuma. podia-se mesmo parti-la deslocá-la emendá-la. ficava sempre infinita. quem quisesse levar-lhe um bocado para casa podia pô-lo na parede e contemplar um fragmento da serpente infinita.

Ana Hatherly1

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A partir de uma leitura especulativa de A Lecture on Serpent Ritual, texto que tem por base a conferência proferida por Aby Warburg em 1923 no hospital de Kreuzlingen (na altura, casualmente intitulado Imagens da Região dos Índios Pueblo da América do Norte), a atual edição da Bienal de Fotografia BF24 pretende exercitar uma abordagem multimodal e plural de conceitos como metamorfose, transmutação, magia, ritual, pele, maquilhagem, camuflagem, superfície ou dobra, observando as «imagens que mudam de pele». O fluxo das imagens, fixas ou/e moventes, devedor de um gesto anacrónico, potencia um atlas serpenteante onde as «ninfas» atravessam os tempos históricos e a contemporaneidade.

Estabelecendo um horizonte dialogante com a edição de 2022, o Programa Curatorial, intitulado SERPENTE INFINITA, apresenta um conjunto de intervenções em diversos locais da Vila, estando previstas exposições coletivas e apresentações individuais de artistas nacionais e internacionais, assim como uma residência artística e editorial na Fábrica das Palavras com a editora Sr Teste, do seio da qual resulta uma publicação que inclui a primeira tradução em língua portuguesa deste texto primeiramente publicado em 1938, acompanhado de uma «nova iconografia da serpente», a partir da consulta de todo o acervo da Biblioteca.

Criando zonas de contacto e de diálogo e examinando as relações entre a fotografia e a videoarte, a literatura, a performance, o cinema e o desenho, as exposições-ações são percebidas como cosmologias cruzadas de universos autorais que operam no campo aberto da fotografia.

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«Mesmo que estejam em mundos separados, ambos — altar e atlas — configuram tentativas dirigidas (Versuchsanordnungen) de representar, por meio de objetos individuais específicos, as maiores ligações “energéticas” entre as forças que controlam o mundo.»2

Na observação do fotográfico como uma possibilidade de formação de subjetividades oscilantes, de geração de processos de hibridização das imagens em trânsito, seguimos a análise que Philippe-Alain Michaud faz do projeto Atlas Mnemosyne (1924–1929), examinado as dinâmicas de produção do movimento e daquilo a que poderíamos chamar cinematografia essencial.

A figura da serpente — da escultura de Laocoonte à cerimónia do povo indígena hopi — parece encarnar essas linhas (raios) que atravessam transtemporalmente mitologias individuais e coletivas e que se manifestam, de quando em vez, em quadros mais ou menos percetíveis.

Warburg não terá assistido ao ritual da serpente entre 1895 e 1896, quando da sua visita às tribos ameríndias no Novo México e no Arizona, tendo a sua palestra sido precisamente uma operação entre documento, empirismo e ficção.

Ora, as imagens não são uma mera propriedade ou manifestação material de um qualquer medium, ou técnica (tecnologia); elas são, acima de tudo, uma operação ou um conjunto de operações: relações porosas entre o visível e o invisível, o dizível e o indizível, numa sinuosa teia de re-significações e infusões, dissemelhança, deslocamento e desfasamento.

Ao destacar a relevância contínua do pensamento warburguiano no contexto da arte contemporânea, e especialmente da fotografia, procura-se explorar a interseção e o acontecimento da imagem, conectando narrativas universais e particularizadas de transformação e renovação.

Mudanças de pele, portanto.

Quando Goethe descreve a sua experiência percetiva diante do grupo escultórico Laocconte, esta aproxima-se daquela que Warburg referia relativamente às figuras de Botticelli, num mesmo efeito, ou estímulo, flicker, um pestanejar que produz movimento a partir de algo aparentemente estático:

(…) coloquemo-nos diante do grupo com os olhos fechados e à distância necessária; vamos abri-los e fechá-los alternadamente e veremos todo o mármore em movimento; teremos medo de descobrir que o grupo mudou quando abrirmos novamente os olhos. Eu diria prontamente que, como o grupo está agora exposto, é um relâmpago fixo, uma onda petrificada no momento em que se aproxima da costa. Vemos o mesmo efeito quando vemos o grupo à noite, à luz dos archotes.3

Warburg parece apresentar a serpente como figura ou representação do movimento, dos movimentos: das linhas, dos tempos, do cosmos, do pathos, das águas das chuvas, das colheitas, da ecdise (na muda da pele, das superfícies, dos corpos), das imagens que entram umas pelas outras.

Pensamos, a partir deste recorte concetual, a exposição enquanto ritual, uma sequência de pequenas cerimónias alumiadas por «archotes» (flambeaux), num plano quase não eletrificado, (aliás, Warburg acusava a tecnologia de retirar o mistério ao mundo, de lhe omitir o enigma que se esconde no escuro), num jogo aberto de aparições, de revelações a cada flash ou relâmpago, oscilando entre o foscado da noite, a tempestade e o início claro do dia.

Enquadramos, ainda, o fenómeno da phantasmagoria (finais do século XVIII), explorando o papel da sombra e da luz na revelação e na criação de espaço como uma transição entre o tangível e a ficção, o que significa equacionar os aspetos mais básicos da perceção, da cognição e também do movimento, de novo.

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1 Ana Hatherly, 351 Tisanas (Lisboa: Quimera, 1997), pp. 44–45.

2 Kurt Forster apontava uma correspondência entre os altares hopi e os painéis de fundo negro do projeto Mnemosyne, apontando-lhes um mesmo propósito de conjuração. Kurt W. Forster, «Warburgs Versunkenheit», Aby M. Warburg: “Ekstatische Nymphe…trauender Flußgott”; Portrait eines Gelehrten, eds. Robert Galitz and Britta Reimers. (Hamburgo: Dölling und Galitz, 1995), pp. 74–78.

3 Goethe citado in Philippe-Alain Michaud, Aby Warburg and the Image in Motion. Zone Books, U.S, 2007, p. 67.

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Mais informação aqui.

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Sobre esta e outras edições da Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira, no FF, aqui.

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