ROBERTO FERNÁNDEZ IBÁÑEZ, MOUNTAINS OF UNCERTAINTY, MONTANHAS DE INCERTEZA
Integrou a exposição “Action for a Green Future II”, do IMAGO LISBOA Photo Festival, patente no Imago Garage, em Lisboa, de 27 de setembro a 26 de outubro de 2024.
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A Cimeira do Clima (COP29) tem lugar de 11 a 22 de novembro de 2024, em Baku, no Azerbaijão, procurando ações concretas para combater a crise climática que se desenvolve de forma acelerada.
A este propósito, mostro esta série, que foi possível ver no âmbito do IMAGO LISBOA Photo Festival: “Roberto Fernández cria, a partir de gráficos científicos, uma cenografia sobre o degelo no Ártico e Antártico, que terá um impacto desastroso com a subida dos oceanos e o desaparecimento de muitas povoações costeiras.”
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Sempre gostei de paisagens, tanto as naturais como as imaginárias. Caminho fisicamente nas primeiras e mentalmente nas segundas.
Há montanhas e vales por onde transitamos sem nos dar conta. São imprevisíveis, instáveis e por vezes desencorajadoras. Nelas somos apenas dados, pontos de uma paisagem fictícia, não criada pela natureza senão por uma abstração da mente humana.
Apesar do seu significado materialista, há algo que me seduz na estética dos gráficos e na sua geometria variável. Montanhas naturais e gráficos matemáticos: paisagens semelhantes em aparência, contudo opostas na essência. Por detrás do efémero das condições financeiras de empresas e países, e das mudanças ambientais e sociais, persiste a serena presença das montanhas onduladas, perenes, que me cativam para a paz e para a reflexão.
Os profetas de hoje fazem as suas previsões com base em dados do passado e do presente. As suas ferramentas são análise estatística, modelos matemáticos, e probabilidade. São chamados de projeções.
Nós podemos acreditar nestas projeções ou não. Mas nós não podemos rejeitá-las ou recusá-las: nós temos um papel a desempenhar na nossa vida quotidiana, que poderia alterar eventos futuros. E assim fazem as sociedades do mundo inteiro, empresas, instituições e nações. Além disso, as notícias falam sobre aquecimento global. Tudo acontece em céleres eventos destrutivos.
Mas de um modo mais lento, impercetível, o gelo transforma-se em água, aumento o nível do mar um pouco mais a cada dia. E neste momento um glaciar está a desaparecer. Talvez o mar Ártico e os seus glaciares estejam longe de si agora.
Não é possível ouvir o som do gelo a transformar-se em água. É capaz de o ouvir?
Talvez para si o degelo seja uma medida de físico-química. Mas de agora em diante, não pense no degelo, no mar Ártico, ou no gelo do Antártico como algo para além da sua compreensão ou para além do seu potencial de tornar as coisas melhores.
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Pense no degelo como um ponto geográfico.
Pense no degelo como uma presença.
O degelo chegou para ficar.
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Roberto Fernández Ibáñez, Mountains of uncertainty
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António Bracons, Aspetos da exposição, 2024
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A série “Mountains of uncertainty”, de Roberto Fernández Ibáñez, integrou a exposição “Action for a Green Future II”, do IMAGO LISBOA Photo Festival, com curadoria de Rui Prata, patente no Imago Garage, na Rua do Vale de Santo António, 50 C, em Lisboa, de 27 de setembro a 26 de outubro de 2024.
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Sobre a série “Action for a Green Future II”, escreve o curador, Rui Prata:
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Ação para um Futuro Verde pretende ser mais um alerta contra a rápida degradação do planeta. Enquanto as políticas e comportamentos das atuais sociedades não forem revertidas em direção a um futuro mais sustentável, nunca serão demais as chamadas de atenção nesse sentido. Importa combater o aquecimento global através de atitudes que conduzam à redução dos gases de efeito estufa e promover hábitos de maior sustentabilidade essenciais às atividades humanas.
A presente exposição inicia-se por uma relação poética entre natureza e humanidade. São imagens de proximidade e intimidade que Catarina Nogueira partilha com o observador numa esperança de caminharmos para um futuro mais feliz. Porém, esse desejo é interrompido pelo rasto de destruição provocado pelo furacão Mitch, nas Honduras. Resultante das alterações climáticas, os fenómenos naturais de extrema violência são cada vez mais frequentes.
Por seu lado, Roberto Fernández cria, a partir de gráficos científicos, uma cenografia sobre o degelo no Ártico e Antártico, que terá um impacto desastroso com a subida dos oceanos e o desaparecimento de muitas povoações costeiras.
Através de “The Heavy Loads of Our World”, Remco de Vries convida o espectador a refletir sobre os hábitos excessivos de consumo das atuais sociedades, que contribuem não só para um esgotamento das matérias-primas, mas também para uma elevada poluição na sequência da necessidade massiva de transporte.
Por seu lado, José Artur Macedo, alerta-nos para as questões da seca no Alentejo. As tradicionais culturas de sequeiro têm, paulatinamente, e por razões meramente económicas, vindo a ser substituídas por monoculturas absorvedoras de grandes quantidades de água e que agravam profundamente a situação.
Finalmente, Micael Espinha, elabora uma ficção sobre um possível impacto das alterações climáticas na paisagem Lisboeta. A capital torna-se um território despovoado com uma crescente desertificação.
Face ao agravar crescente das condições ambientais, todos, ainda que em pequena escala, devemos contribuir para um futuro mais verde. Reduzir o consumo de eletricidade, água e combustíveis fósseis, desenvolver hábitos de reciclagem, são pequenas atitudes que o planeta agradece.
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Pode ver a agenda das exposições e eventos do IMAGO LISBOA Photo Festival 2024, no FF, aqui.
Pode ver mais sobre o IMAGO LISBOA Photo Festival 2024, no seu site, aqui.
Sobre outras exposições (dos vários anos), no FF, aqui.
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Cortesia: IMAGO LISBOA Photo Festival.
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