MANDY BARKER, STILL (FFS)
Integra a exposição “Action for a Green Future I”, do IMAGO LISBOA Photo Festival, patente nas Carpintarias de São Lázaro, em Lisboa, de 28 de setembro a 31 de outubro de 2024.
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I hope your work does its job in raising an awareness of the cause we both care so much about.
Sir David Attenborough (extrato de uma carta pessoal manuscrita)
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Still – que não se move nem faz barulho, não é perturbado por vento, som ou corrente
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A maior colónia de reprodução da ave marinha Pardela-de-Patas-Claras está na Ilha Lord Howe, um lugar vulcânico deslumbrante entre a Austrália e a Nova Zelândia, Património Mundial da UNESCO com importância à escala global. A maior parte da ilha é composta por floresta praticamente virgem, com um clima tropical único. Muitas das plantas e animais que aqui se encontram não se encontram em mais nenhum lugar do mundo. No entanto, esta ilha tem um lado mais sombrio. As Pardelas adultas recolhem plástico no mar e dão-no às suas crias, o que resulta em fome e morte.
Barker juntou-se a cientistas na Ilha Lord Howe em abril de 2019, durante o curto período em que as crias deixam as suas tocas e migram para o Mar do Japão para começar uma nova vida. No entanto, Barker e os cientistas encontraram as aves a morrer na costa e incapazes de voar por causa do peso do plástico no seu estômago. Este trabalho fotográfico surge em resposta à situação atual na Ilha de Lord Howe e ao declínio da Pardela.
As fotografias pretendem representar cada pardela individualmente com dignidade durante a morte. A imagem das aves moribundas contrasta com o ambiente da Ilha de Lord Howe, uma paisagem tropical de cortar a respiração de tão bela. A série forma uma narrativa da vida vivida por uma pardela, num habitat florestal que é como um parque de diversões de mares e céus azuis. Gradualmente, a série de imagens é consumida pelo vermelho, em incrementos temporais subtis que representam a crescente toxicidade da poluição plástica abrigada no seu interior, e apenas a imagem final mostra o plástico no interior do pássaro.
A abreviatura de Pardela-de-Patas-Claras (em inglês Flesh-Footed Shearwater), FFSH, foi alterada para FFS (For F***s Sake), uma decisão consciente para tentar captar a atenção da geração mais jovem, juntamente com novos públicos, e reflexo da contínua motivação e frustração de Barker, que continua a denunciar a questão da poluição marinha por plástico, apelando à ação.
“A minha intenção com este trabalho é que as aves que aparecem nesta série, que sofreram e morreram por ingestão de poluição plástica, sejam vistas em todo o mundo – e sirvam de legado para as que as antecederam e para as restantes. Nunca nada se assemelhará à sensação de apanhar este pássaro selvagem e deslumbrante e ouvir o barulho do plástico no seu estômago…”
Muito obrigado aos cientistas do Adrift Lab, Dra. Jenn Lavers e Dr. Alex Bond, por me permitirem trabalhar ao lado deles na criação desta série e promover a tomada de consciência sobre a sua investigação.
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Mandy Barker, Still (FFS)
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António Bracons, Aspetos da exposição, 2024
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A série de “Still (FFS)”, de Mandy Barker, integra a exposição “Action for a Green Future I”, com curadoria de Rui Prata, do IMAGO LISBOA Photo Festival, a ver nas Carpintarias de São Lázaro, na R. de São Lázaro 72, em Lisboa, de 28 de setembro a 31 de outubro de 2024 (inicialmente prevista para 3 de novembro).
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Sobre a série “Action for a Green Future”, escreve o curador, Rui Prata:
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Ação para um Futuro Verde pretende ser mais um alerta contra a rápida degradação do planeta. Enquanto as políticas e comportamentos das atuais sociedades não forem revertidas em direção a um futuro mais sustentável, nunca serão demais as chamadas de atenção nesse sentido. Importa combater o aquecimento global através de atitudes que conduzam à redução dos gases de efeito estufa e promover hábitos de maior sustentabilidade essenciais às atividades humanas.
Na presente exposição encontramos um conjunto de trabalhos que abordam sobretudo consequências nefastas ao ambiente e à sobrevivência das espécies.
Acompanhando o trabalho de biólogos marinhos, Mandy Barker constrói um projeto onde nos revela o agonizar da morte lenta da Pardela de Patas Claras na consequência da ingestão de micro plásticos.
Originária da Islândia, Charlotta María Hauksdóttir fotografa há mais de duas décadas a sua terra natal, evidenciando os impactos profundos das alterações climáticas. O posicionamento da sua obra no centro do espaço expositivo, pretende enfatizar a grave situação do aquecimento global e consequentes degelos.
Através do projeto “Mel Amargo”, Margaux Senlis percorre grande parte do território francês para denunciar o crescente desaparecimento das abelhas, na sequência das monoculturas, secas e uso de certos pesticidas.
Finalmente, “Nas Hortas”, Fernando Brito realiza um mapeamento territorial que, colateralmente à sua ideia inicial, revela atitudes responsáveis na relação homem/ambiente através de uma ocupação espontânea do território e que comportam uma sustentabilidade ambiental.
Face ao agravar crescente das condições ambientais, todos, ainda que em pequena escala, devemos contribuir para um futuro mais verde. Reduzir o consumo de eletricidade, água e combustíveis fósseis, desenvolver hábitos de reciclagem, são pequenas atitudes que o planeta agradece.
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Pode saber mais sobre a investigação de Mandy Barker e ver a série STILL (FFS) no seu website, aqui.
Pode ver a agenda das exposições e eventos do IMAGO LISBOA Photo Festival 2024, no FF, aqui.
Sobre outras exposições (dos vários anos), aqui.
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Cortesia: IMAGO LISBOA Photo Festival.
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