HEIDI MORSTANG, RINGHORNDALEN + LANDSCAPES OF DEEP TIME

Integra a exposição “A View from No-Place: Time in the Age of Anthropocene”, do IMAGO LISBOA Photo Festival, pode ser vista na SNBA – Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, de 12 de setembro a 12 de outubro de 2024.

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Esta série de micrografias eletrónicas explora o interior de sementes de flora raras colhidas num vale em Svalbard, no Ártico. Estas sementes são amostras únicas de flora armazenadas no Silo Global de Sementes de Svalbard, na Noruega.

As sementes foram cortadas em lâminas finas de modo a investigar opticamente as suas superfícies interiores e exteriores, com o objetivo de procurar semelhanças visuais com a paisagem de Svalbard.
Dos microcosmos que se abrigam dentro de sementes vivas emergem paisagens sobrenaturais de territórios desconhecidos no vale. A flora dormente mostra a sua promessa de mundos infinitos e atemporais, dentro da imagem de uma fina amostra.

As imagens oferecem uma interpretação visual distinta de uma paisagem que não podemos ver sem o auxílio de dispositivos óticos.

O microscópio eletrónico de varredura (M.E.V.) usa um feixe focalizado de eletrões, em vez de luz, para formar uma imagem. Os eletrões interagem com os átomos da amostra e produzem sinais que contêm informação sobre a superfície e composição da amostra. Essa informação é usada para criar a imagem do objeto a escala muito pequena com uma resolução e profundidade de campo muito altas.

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Heidi Morstang, Ringhorndalen + Landscapes of Deep Time

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Na sala do piso inferior, é projetado o filme 47º C:

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Heidi Morstang, 47ºC, still frames

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António Bracons, Aspetos da exposição, 2024

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António Bracons, Heidi Morstang, 09.2024

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As séries de Heidi Morstang, “Ringhorndalen” e “Landscapes of Deep Time”, integram a exposição “A View from No-Place: Time in the Age of Anthropocene”, com curadoria de Wiktoria Michałkiewicz, do IMAGO LISBOA Photo Festival, sob o tema Action for a Green Future, pode ser vista na SNBA – Sociedade Nacional de Belas Artes, na Rua Barata Salgueiro, 36, em Lisboa, de 12 de setembro a 12 de outubro de 2024.

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A 13 de setembro teve lugar o visionamento do filme 47ºC, seguido de conversa com a artista, na Biblioteca Teresa e Alexandre Soares dos Santos da Nova SBE, em Carcavelos.

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A curadora Wiktoria Michałkiewicz escreve a propósito de:

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A VIEW FROM NO-PLACE: TIME IN THE AGE OF ANTHROPOCENE

[Uma vista desde não-lugar: o tempo na era do Antropoceno]

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Um dos historiadores mais proeminentes do século XX, Fernand Braudel, cunhou o termo ‘longue durée’ – história de longa duração – num artigo inovador publicado na histórica revista Annales em 1958. Refletindo sobre as múltiplas temporalidades que o ser humano habita, o paradigma da ‘longue durée’ diz respeito às estruturas históricas que vão tomando forma ao longo de várias décadas. A história de longa duração mede-se em séculos.

O conceito, na visão de Braudel, nasce de uma crise nas ciências humanas. Em vez de olhar para um instante no tempo, ou para as escalas de tempo convencionalmente utilizadas na história narrativa – períodos de dez, vinte, cinquenta anos – Braudel insiste em olhar para os ciclos, regularidades e continuidades subjacentes aos processos de mudança. Esta abordagem não se aplica a acontecimentos singulares, mas enfatiza ligações: entre culturas, paisagens e gerações, revelando a delicada rede de interdependências da qual a humanidade faz parte.

Num relatório publicado em 2020 na revista Nature, os autores Christopher H. Trisos, Cory Merow e Alex L. Pigot, alertam para o “efeito dominó” – um colapso massivo dos ecossistemas que pode ocorrer no prazo de dez anos. A longa duração está a reduzir-se e, mais uma vez, precisamos de adotar um horizonte temporal diferente: no espaço de uma vida enfrentaremos acontecimentos que antes eram testemunhados no espaço de várias centenas de gerações. A história de longa duração desenrola-se diante de nossos olhos.

Pouco mais de seis décadas passaram desde que os historiadores do grupo dos Annales iniciaram uma busca para compreender a relação entre agência e ambiente ao longo do tempo. Como afirmaram, a longa duração não é eterna – ela tem um começo e um fim, dentro de uma perspetiva de um “mundo” singular.

O diálogo visual patente nas obras dos oito artistas em destaque oferece uma visão sobre o nosso mundo interligado, e sobre o que pode significar viver – e agir – nesta nova temporalidade partilhada: a temporalidade do Antropoceno.

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Pode ver a agenda das exposições e eventos do IMAGO LISBOA Photo Festival 2024, no FF, aqui.

Sobre outras exposições do IMAGO LISBOA Photo Festival (dos vários anos), no FF, aqui.

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Cortesia: IMAGO LISBOA Photo Festival.

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