ERLE KYLLINGMARK, FLOWER – TREE – PERSON
Integra a exposição “A View from No-Place: Time in the Age of Anthropocene”, do IMAGO LISBOA Photo Festival, pode ser vista na SNBA – Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, de 12 de setembro a 12 de outubro de 2024.
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A filosofia da Ecologia Profunda baseia-se na convicção de que todos os seres vivos estão interligados e todos têm valor intrínseco. Em 1984, George Sessions e Arne Næss desenvolveram os 8 Princípios Básicos da Ecologia Profunda. Estes são os dois primeiros:
1. O bem-estar e florescer da vida humana e não humana na Terra têm valor intrínseco. Este valor é independente da utilidade que o mundo não-humano possa ter para os propósitos humanos.
2. A riqueza e a diversidade das formas de vida contribuem para a concretização destes valores e são também valores em si mesmos.
Eu uso a fotografia para explorar o florescimento e a interconexão das diferentes formas de vida. No verão passado, comecei com as flores. Coleciono-as nas minhas películas. Depois, rebobino manualmente os rolos e guardo-os no frigorifico. Depois colijo as árvores, do verde às cores do outono. Elas são captadas nos mesmos filmes, que são mais uma vez rebobinados e armazenados. Quando chega a primavera, dedico- me às pessoas. Intuitivamente, combino-as com uma flor e uma árvore, nos mesmos rolos que agora passam pela câmara uma terceira vez. A interconexão é o resultado da mistura no mesmo filme analógico dessas três exposições. Começam separados e tornam-se um. É um processo lento, mediado por conhecimento, decisões intuitivas, curiosidade e sorte.
Este é um retrato de algumas das incríveis formas que a vida pode assumir. Todas as flores, árvores e pessoas que conheci em Oslo.
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Erle Kyllingmark, Flower – Tree – Person
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António Bracons, Aspetos da exposição, 2024
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A série “Flower – Tree – Person” de Erle Kyllingmark, integra a exposição “A View from No-Place: Time in the Age of Anthropocene”, com curadoria de Wiktoria Michałkiewicz, do IMAGO LISBOA Photo Festival, sob o tema Action for a Green Future, pode ser vista na SNBA – Sociedade Nacional de Belas Artes, na Rua Barata Salgueiro, 36, em Lisboa, de 12 de setembro a 12 de outubro de 2024.
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A curadora Wiktoria Michałkiewicz escreve a propósito de:
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A VIEW FROM NO-PLACE: TIME IN THE AGE OF ANTHROPOCENE
[Uma vista desde não-lugar: o tempo na era do Antropoceno]
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Um dos historiadores mais proeminentes do século XX, Fernand Braudel, cunhou o termo ‘longue durée’ – história de longa duração – num artigo inovador publicado na histórica revista Annales em 1958. Refletindo sobre as múltiplas temporalidades que o ser humano habita, o paradigma da ‘longue durée’ diz respeito às estruturas históricas que vão tomando forma ao longo de várias décadas. A história de longa duração mede-se em séculos.
O conceito, na visão de Braudel, nasce de uma crise nas ciências humanas. Em vez de olhar para um instante no tempo, ou para as escalas de tempo convencionalmente utilizadas na história narrativa – períodos de dez, vinte, cinquenta anos – Braudel insiste em olhar para os ciclos, regularidades e continuidades subjacentes aos processos de mudança. Esta abordagem não se aplica a acontecimentos singulares, mas enfatiza ligações: entre culturas, paisagens e gerações, revelando a delicada rede de interdependências da qual a humanidade faz parte.
Num relatório publicado em 2020 na revista Nature, os autores Christopher H. Trisos, Cory Merow e Alex L. Pigot, alertam para o “efeito dominó” – um colapso massivo dos ecossistemas que pode ocorrer no prazo de dez anos. A longa duração está a reduzir-se e, mais uma vez, precisamos de adotar um horizonte temporal diferente: no espaço de uma vida enfrentaremos acontecimentos que antes eram testemunhados no espaço de várias centenas de gerações. A história de longa duração desenrola-se diante de nossos olhos.
Pouco mais de seis décadas passaram desde que os historiadores do grupo dos Annales iniciaram uma busca para compreender a relação entre agência e ambiente ao longo do tempo. Como afirmaram, a longa duração não é eterna – ela tem um começo e um fim, dentro de uma perspetiva de um “mundo” singular.
O diálogo visual patente nas obras dos oito artistas em destaque oferece uma visão sobre o nosso mundo interligado, e sobre o que pode significar viver – e agir – nesta nova temporalidade partilhada: a temporalidade do Antropoceno.
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Pode ver a agenda das exposições e eventos do IMAGO LISBOA Photo Festival 2024, no FF, aqui.
Sobre outras exposições (dos vários anos), aqui.
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Cortesia: IMAGO LISBOA Photo Festival.
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