RUI PEDRO ESTEVES, OLIVA, 2024

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Rui Pedro Esteves

Oliva

Fotografia e texto: Rui Pedro Esteves / Tradução: Nica Paixão / Design e Edição: Barba ao Vento / Impressão: Gráfica 99

Lisboa: Barba ao Vento / Setembro de 2024

Português e inglês / 14,2 x 21,0 cm / 74 pp, não numeradas

Capa cartonada, encadernação com argolas / 35 exemplares

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Uma família que se tem tentado adaptar à passagem do tempo, enquanto mantém a apanha da azeitona viva. 

Três gerações dão o seu contributo, apanham o fruto, tratam das árvores. Tradicionalmente a recompensa passa pelo Azeite, abundante e de qualidade, mas mais recentemente passa por manter a tradição viva. 

Por valorizar o trabalho de uma vida das gerações anteriores.

Rui Pedro Esteves

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Este é mais um livro de Rui Pedro Esteves. Como qualquer uma das suas obras, há um esmero na sua elaboração, um cuidado particular, uma intervenção pessoal.

Rui escolheu uma encadernação com argolas, que permite uma abertura perfeita e uma leitura tripla de cada fólio: cada página é uma imagem em si, mas o conjunto das duas é uma outra imagem, de facto, a original.

Ainda o detalhe para a época e a região, apresentados discretamente.

Nesta obra, além do embrulho que a envolve, selado a lacre de cor de azeitona, a capa é ilustrada por uma folha de papel de folha de oliveira, feita pelo próprio autor (c. 9 x 18 cm).

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Sobre a obra, explica o Autor:

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Oliva nasce 8 anos antes da sua publicação, quando Rui Pedro Esteves começa a participar com mais regularidade na apanha da azeitona da família alargada por meio de matrimónio. Desde então, a actividade anual tem sido registada com crescente curiosidade por um processo que está fadado a cair na obscuridade num futuro não muito distante.

 A amplamente conhecida desertificação do interior e zonas rurais chegou a esta aldeia em força nesta última década. A última geração residente está muito envelhecida e a reduzir de ano para ano. Os filhos moveram-se para as cidades e, na sua maioria não voltaram. Os netos, embora ainda se lembrem, com carinho, dos Verões passados na casa dos avós, fizeram a vida fora e não vêm razão para voltar às origens dos pais.

 Não é de admirar então, que tarefas sazonais como a da apanha da azeitona, tenham cada vez menos participantes. Em dez anos os grupos passaram de 8 a 10 pessoas para 1 a 3. Não fosse alguma modernização das ferramentas de trabalho, já não seria possível realizar estas actividades agrícolas.

Oliva foca-se no que sobra. O ritual anual da apanha da azeitona. As motivações divergem. O acesso ao azeite e a subsistência da família já não dependem do fruto, mas tal não invalida a realização da apanha. Pelo contrário. Enquanto as gerações mais velhas existirem, não se interromperá o ciclo.

O dia começa cedo. Está frio. Há orvalho. A esta hora pouco se conversa. Há que levar o material para os campos e começar enquanto o Sol não vai muito alto. Enquanto um estende os panais, o outro sobe à árvore e começa a poda. Entretanto o primeiro regressa e começa a apanha. Assim vão, árvore após árvore, até se encherem os baldes e sacas, ou chegar a hora do almoço. Após o merecido repasto o ritual retoma. Agora é mais duro. O Sol vai alto e fustiga. E quando este se pousa é altura de regressar.

O trabalho não termina com o final do dia. À noite aproveita-se para separar o fruto da folha. Esta é a parte final. Depois basta uma visita ao lagar para finalmente se ter o tão desejado azeite.

Mas antes que isso possa ser atingido, há mais árvores para “pentear”. Ainda faltam muitos “amanhãs”.

Um dia tudo isto será história. Mas hoje ainda é realidade.

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Rui Pedro Esteves, Oliva, 2024

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Rui Pedro Esteves (1980) Fotógrafo amador, autodidata. Curso de História da Fotografia e Workshop de Laboratório no MEF – Movimento de Expressão Fotográfica e Curadoria na EIFE – Escola Informal de Fotografia do Espectáculo. 

Publicações: “5 Dias em Havana” (auto-publicado), “por favor, não alimente os cavalos”, “Narrativas” (em conjunto com mais autores), “a insustentável leveza do Spritz, ou como recuperar a alegria de se andar perdido”  (auto-publicado), “não vão daqui a pensar mal disto”  (auto-publicado), “Zacchaee festinans descende, nam hodie in domo tua oportet me manere”  (auto-publicado), “contos do pontão”  (auto-publicado), “70 m2”, “Cartas para Emília”.

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Rui Pedro Esteves apesenta este projeto no Vintage Dream Cameras, na Av. Almirante Reis, 256 D-E, em Lisboa, dia 14 de setembro de 2024, às 17:00.

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Cortesia: Rui Pedro Esteves.

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O livro está disponível aqui.

Mais sobre o autor, aqui.

Sobre Rui Pedro Esteves no FF, aqui.

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