MARIA JOSÉ PALLA, POLAROIDES, 2020
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Maria José Palla
Polaroides
Fotografia e texto: Maria José Palla / Concepção gráfica e paginação: Rui Belo
Lajes do Pico: Companhia das Ilhas / Dezembro . 2020
Coleção Azulcobalto, 93
Português e inglês / 14,5×16,5 cm / 52 pp.
Capa mole / 100 ex.
ISBN: 9789899007277
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Um livro pequeno e intimista, à escala das fotografias. A capa está ilustrada com a reprodução de uma polaroide, colada.
As polaroides, imagens reveladas – é assim que as temos, a metamorfose irreversível ocorre já ao saírem da câmara – não as vemos de outro modo, têm o seu formato único, aquele.
E logo depois de uma apresentação pessoal e breve, como uma reflexão que escreve para si, as imagens. São auto-retratos, imagens pessoais, no sentido em que a registam / representam e no sentido em que feitas, antes de mais, ‘para si’ (não para serem vistas por outros). São momentos pessoais, em casa, sozinha, ou acompanhada com uma bebida.
Muito do trabalho que Maria José Palla mostrou são auto-retratos. Aqui encontramos um conjunto significativo, de um tempo específico.
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Escreve a autora:
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Estas polaroides foram realizadas entre 1996 e 2003, em Paris, em minha casa. Fi-las quase sem encenação. São imagens que revelam solidão e tristeza de alguém que vive num país que não é o seu. Vivi em dois países, tenho uma vida dupla. Duas línguas, duas culturas. Andarei à procura da minha identidade?
Quando me fotografo, torno-me um objecto duplo, uma imagem do que é e do que já foi. Assim, quando me vejo, estou reduzida à categoria de natureza morta O modo recorrente destes auto-retratos é uma forma de assinatura, uma sombra projetada, que se une ao corpo, uma espécie de negativo. E um trabalho solitário. Tem de ser algo que sai inteiramente de mim.
A imagem de um rosto é sempre poderosa. Sempre desejei fotografar rostos. E assim o fiz. Do rosto dos outros passei ao meu próprio rosto. Estava a mão. Não necessitava de modelo: eu sou o meu objecto de representação, eu sou o meu proprio modelo, o meu rosto está colado e mim. É uma liberdade.
O meu gosto pelas séries, pelo registo, pela memória (gosto que resulta certamente da minha profissão), esteve na origem de trabalhos anteriores: retratos de poetas portugueses, 50 rostos de Macau.
Fotografar com uma Polaroid é mais perigoso do que fotografar de qualquer outro modo. Não controlamos a luz, nem e distância, nem a velocidade. Não dominamos a máquina — a imagem é revelada dentro da máquina e o resultado é-nos dado de forma imediata.
As polaroides estão dispostas em função da cor, das mais escuras para as mais claras. Para a luz.
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Maria José Palla, Polaroides, 2020
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Maria José Palla é uma académica e fotógrafa. E professora jubilada da Universidade Nova de Lisboa. Viveu muitos anos em Paris como exilada onde se doutorou na Universidade de Sorbonne e se diplomou na École du Louvre. É autora de numerosos livros e artigos sobre Gil Vicente e a pintura portuguesa do Renascimento.
Há vários anos que faz fotografia que tem mostrado em galerias, museus e publicações em Portugal e no estrangeiro.
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Pode adquirir o livro aqui.
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