LUÍS RAMOS, MARGEM SUL

A exposição esteve patente na Casa da Cultura de Setúbal e Galeria João Paulo Cotrim, em Setúbal, de 13 de janeiro a 2 de março de 2024.

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Vieram cedo

Mortos de cansaço

Adeus amigos

Não voltamos cá

E o mar é tão grande

E o mundo é tão largo

Maria Bonita

Onde vamos morar

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José Afonso

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Luís Ramos leva-nos ao longo da galeria a percorrer a Margem Sul, quer ao longo do rio, quer pelo interior. Pelo lazer e pelo trabalho, pela feira e pelas tarefas. Pelas pessoas que vieram de diferentes pontos do país, pelas que vieram de diferentes origens e culturas, pelas que aqui nasceram, que vivem juntas. Pela paisagem, pelas construções industriais e pelas habitações. Pela convivência. Pelos sorrisos, pelas apreensões, pelos olhares e risos e esperanças.

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O LADO DE UNS E O LADO DOS OUTROS

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Era o outro lado. O lado dos outros. Os do lado de lá. Percebia-se alguma distância, mas também compreensão. Do outro lado estavam os que não chegaram a este lado. Vieram de vários lados em busca de uma vida melhor. Os deste lado é que estavam bem. Eram os príncipes de uma monarquia sem renascença, mas ainda assim com muito bom gosto. Com o gosto dos outros, dos que vinham lá de fora. Este sítio onde viviam uns e outros era um sítio de lado nenhum. Nada dava ares a nada. Uma cópia em pechisbeque de algo que existia no mundo dos ricos sem riqueza. 

Uns e outros só perceberam de que lado estavam quando olharam em volta e só viram plástico reluzente de um lado e sobras mal amanhadas do outro. A coisa compôs-se e cresceu quando se percebeu que era o reconhecimento da diversidade que conferia autenticidade às vidas de uns e de outros. A autenticidade de cada cultura quando comunica com outras torna os lugares mais ricos. O cosmopolitismo enriquece as nossas vidas. As vidas de uns e de outros fica do lado melhor.

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José Teófilo Duarte

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Luís Ramos, Margem Sul

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Luís Ramos, Aspetos da exposição, 2024.

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A exposição de Luís Ramos, Margem Sul, esteve patente na Casa da Cultura de Setúbal e Galeria João Paulo Cotrim, em Setúbal, de 13 de janeiro a 2 de março de 2024.

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Luís Ramos nasceu em Lisboa e estudou fotografia no AR.CO e cinema na Escola Superior de Cinema.

Iniciou o seu percurso nos jornais Expresso e depois Público, do qual foi fundador, repórter e editor fotográfico.

Durante esse período trabalhou numa perspectiva documental um pouco por todo o mundo, tendo recebido dois prémios Fuji Europress Photo Awards (Copenhaga, 2000 e Roma, 2004) e vários Prémios Visão de Fotojornalismo (Lisboa, 2002, 2004, 2005 e 2006).

Desde 2006 é fotógrafo independente, desenvolvendo projectos próprios que têm sido mostrados no país e internacionalmente.

Recentemente foi convidado para expor o seu projecto” Loneliness” no Centro Cultural Turbina de Budapeste, março/abril 2022, como parte integrante do Budapest Photo Festival.

Anteriormente a exposiçãoDupla Realidade – Lisboa Revisitada”, outubro / dezembro 2020 realizou-se em Lisboa, na Galeria de Sta. Maria Maior, integrada no Imago Lisboa Photo Festival. Este projeto foi também distinguido com o prémio Transversalidades, do Centro de Estudos Ibéricos.
Para além destas, a sua mais recente exposição “Rememberrealizou-se no Centro Cultural de Belém, julho / setembro 2019.

Outras exposições individuais:
Musas, Bichos e Outros Seres Extraordinários”, no antigo Presídio da Trafaria.
“Layers”, no Teatro das Figuras, em Faro.
“Time Lapse”, na Casa da Cultura do Brasil, em Bruxelas, na Fundação D. Luiz I, em Cascais e no Museu Municipal de Tavira.

As suas obras têm também sido apresentadas em diversas exposições coletivas em Portugal, França, Alemanha, Bélgica, Itália e Dinamarca.

Participou em inúmeras edições em livro e está representado nas coleções de arte da Fundação EDP, Fundação D. Luís I, Câmara Municipal de Tavira, Câmara Municipal de Faro e Casa da Cerca, Centro de Arte Contemporânea de Almada.

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Pode conhecer melhor a obra de Luís Ramos, aqui.

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Cortesia de Luís Ramos.

Devido a um problema no meu computador só nesta data foi possível fazer esta publicação.

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