ANA BRÍGIDA, DE REPENTE, SEM TECTO
A exposição integra o PHOTOfest Cantanhede, está patente nos claustros da Câmara Municipal de Cantanhede, de 13 de outubro a 17 de novembro de 2023.
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Escreve Ana Brígida:
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DE REPENTE, SEM TECTO
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Nos anos 70, milhares de migrantes vindos de Cabo Verde e da Guiné vieram para Portugal em busca de novas oportunidades de trabalho.
Longe das preocupações Governamentais da época, a maioria destas pessoas começou a construir as suas casas nos subúrbios de Lisboa, ocupando os terrenos baldios.
Com o passar do tempo, começaram a nascer bairros de construção ilegal.
Há mais de dez anos, iniciaram os trabalhos de demolição dos bairros de lata dos subúrbios de Lisboa. 6 de Maio e Santa Filomena, na Amadora e Bairro da Torre em Camarate, foram três dos muitos bairros que deixaram centenas de pessoas na rua. Mesmo ilegais, algumas destas habitações pagavam IMI e tinham contratos com as operadoras de televisão, no bairro da Torre, os seus moradores viviam sem luz e sem água. Quem chegou, construiu ou ocupou estas casas depois de 1993, não tem direito a ser realojado. Muitos moradores destas casas ilegais, foram despejados de suas casas sem aviso prévio e todos os seus pertences são destruídos com a casa.
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António Bracons, Aspetos da exposição, 2023
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A exposição “De repente, sem tecto”, de Ana Brígida, integra o PHOTOfest Cantanhede, organizado pela Associação FotografARTE, está patente nos claustros da Câmara Municipal de Cantanhede, de 13 de outubro a 17 de novembro de 2023.
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António Bracons, Ana Brígida, Cantanhede, 14.10.2023.
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Ana Brígida nasceu em 1986, e é uma fotojornalista freelancer. Estudou no Instituto Português de Fotografia e em Dalian, na China, onde tirou um mestrado em Fotojornalismo e Fotografia Documental. Estagiou no Jornal de Negócios e desde então tem vindo a colaborar com diversas publicações.
Em 2009 mudou-se para a China, para fazer um mestrado em Fotografia Documental com a Bolton University e posteriormente em 2012 e 2013 estagiou no departamento de vídeo da Magnum Photos, em Nova Iorque. Ainda em Nova Iorque trabalhou no Bronx Documentary Center onde apresentou a sua primeira exposição “How The Others (Half) Still Lives”.
Em 2017 venceu duas categorias do Prémio Estação Imagem em assuntos contemporâneos com o “6 de Maio” e com “Binóculos na Savana”, este na categoria natureza. A estes seguiram-se outros prémios em anos consecutivos nas diferentes categorias.
Os seus trabalhos já foram publicados no The New York Times, UNHCR, Humanista, Visão, Expresso, Público, Stern Magazine, Daily News, Washington Post, entre muitos outros.
Actualmente vive em Lisboa e trabalha para diferentes publicações nacionais e internacionais.
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Esta 2ª edição do PHOTOfest Cantanhede incide no tema OLHAR MULHER… Mulheres na Fotografia, enquanto fotógrafas, enquanto Mulheres que olham o Mundo à sua volta.
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As mulheres marcaram, desde sempre, presença na história da Fotografia e têm contribuído para a sua evolução. Apesar disso, um número especial da Fisheye Magazine, lançado em 2017, com o título “Femmes photographes, une sous-exposition manifeste” vem chamar a atenção para a sub¬representação de mulheres fotógrafas quer nas galerias, quer nas exposições, quer nas coleções dos museus. Tendo em conta a estreita relação entre fotografia e representação do espaço e do território, esta constatação não pode deixar de nos interpelar sobre o papel do olhar fotográfico de autoria feminina na construção e reinvenção do mundo em que vivemos.
Clara Moura, Infografias (2017)
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Sobre o PHOTOfest Cantanhede no FF, aqui.
Pode conhecer melhor a obra de Ana Brígida aqui e no FF, aqui.
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