DUARTE BELO, TERRA MINERAL – TERRA VEGETAL
Exposição na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa, de 6 de junho a 29 de setembro de 2023. Visita guiada a 29/9, às 17:00.
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Terra mineral – Um ensaio visual em homenagem a A.M. Galopim de Carvalho
Terra vegetal – Um ensaio visual em homenagem a Fernando Catarino
, um ensaio visual, que propõe uma reflexão sobre a geologia e a botânica de um país, homenageando estes vultos de cada uma destas áreas.
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Lemos na folha de sala:
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Existe em Portugal uma extraordinária variedade de rochas, dos granitos aos arenitos, dos calcários aos xistos. Esta diversidade vai dar origem a paisagens muito diferenciadas, onde as plantas, de diferentes espécies, se vão implantar em processos de povoamento que transformam radicalmente os espaços onde eclodem.
Este é um modo diferente de mostrar o espaço hoje Portugal, que nos pode remeter para uma condição planetária, como se em qualquer pedaço de território pudéssemos visualizar a Terra inteira. As rochas vão assumir formas muito diferentes, o mesmo acontece com as plantas. Quando percorremos com uma câmara fotográfica lugares muito diversos como sejam o alto vulcânico da montanha do Pico, nos Açores, ou os calcários do litoral da serra da Arrábida, registamos a estranheza de tudo isto, de todos os lugares onde quase nunca faltam as insinuações vegetais a conferir diferentes matizes aos cinzas, castanhos e ocres que dominam a paleta mineral.
Com as fotografias pomos em diálogo este mundo primevo. Nas plantas, nas árvores, por exemplo, podemos observar uma arquitetura singular que liga o subsolo à atmosfera. Nas superfícies rochosas, como um xisto negro com veios de quartzo podemos, com alguma imaginação, ler um mapa. Há um território ali representado, como se nesses desenhos abstratos estivessem os itinerários a seguir em busca do desconhecido, na permanente procura de um lugar novo, sempre com uma irredutível curiosidade.
Esta exposição encontra raízes nos trabalhos científicos e pedagógicos de A. M. Galopim de Carvalho e de Fernando Catarino [, como já referimos]. Do solo, da geologia, ergue-se a vida.
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Duarte Belo, Terra Mineral – Terra Vegetal
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A exposição de Duarte Belo na Biblioteca Nacional é composta por 3 partes ou 3 corpos, para os quais a configuração das salas revela-se perfeita: quando entramos, desenvolve-se pela galeria do lado direito o Terra Vegetal e pela do lado esquerdo o Terra Mineral.
Além de algumas fotografias de dimensões um pouco maiores e outras quatro apresentadas em painel de múltiplas peças, como se de azulejos se tratassem, Duarte Belo mostra-nos o país vegetal e mineral num conjunto amplo de fotografias, de dimensões relativamente pequenas, dispostas em linhas sucessivas, todas devidamente identificadas (local, data, número de arquivo). Vemos assim uma diversidade ampla, desde olhares de mais longe até ao detalhe. Encontramos similaridades em diferentes espaços e diferenças significativas num mesmo local. Quase sempre, o natural, mas pontualmente, alguns olhares sobre o construído, como alguns jardins cuidados, pequenos canteiros urbanos ou, até, as flores de papel que decoram uma escola…
Estas imagens são apresentadas em capítulos, sucessivos, tangenciais. Terra Vegetal: Antropoceno, corpo, vida e classificação; Terra Mineral divide-se em: mapa, arquivo, movimento, matéria e desenho.
As galerias que nos referimos, com braços em ângulo reto, levam a que descubramos a sala central, circular, às quais as duas confluem, com o visualizar da exposição. Nesta sala central, desenvolve-se um terceiro núcleo, transversal a toda a obra de Duarte Belo e que assume um papel essencial na sua atividade e produção: o artista partilha o seu modo de trabalho, de registo, de arquivo, bem como as linhas mestras que norteiam o seu trabalho. Se quisermos seguir o nome da exposição, diria a Terra Duarte Belo.
Este núcleo, por si só (para mim), é uma exposição em si. Sobre 5 mesas, 5 puzzles de grandes dimensões e grande número de peças, mostram-nos os mapas do nosso planeta, conforme era conhecido em diferentes épocas. De todo o universo, Duarte Belo centra-se em Portugal.
Ao longo da parede, curva, envolvendo os mapas, Duarte Belo mostra-nos: “Os cadernos, são a principal ferramenta metodológica deste trabalho”, onde programa, planeia, regista, anota… são um instrumento fundamental e todos estão digitalizados, abertos, as 2 folhas lado a lado. Um painel é ocupado por 16 x 16 fólios dos seus cadernos. Mostra-nos de seguida “Sobre o mapeamento fotográfico do território”, com o exemplo do registo do trabalho em Porto Santo, entre 16 e 23.10.2022 e 15 e 22.03.2023: o mapa como cada um dos percursos, o quadro com identificação das datas, locais, números dos ficheiros, número de fotografias tiradas, tempo de trabalho e as ‘provas de contacto’ de cada uma das imagens. Os vários levantamentos estão devidamente registados em cartas cartográficas que abrangem todo o território nacional.
Elemento essencial para a sua obra é o dbgad – Duarte Belo Grande Arquivo Digital; mostra-nos como está estruturado todo o seu sistema de arquivo.
Este arquivo – e a sua obra – levaram a desenvolver um conjunto conceitos chave, representados num diagrama: um quadro que parte do centro e irradia, integrando conceitos, palavras-chave, sentidos, ideias, valores… fruto de um pensamento e reflexão profunda, desenvolvidas ao longo de todo o seu trabalho. Os 144 conceitos-chave apresentam-se num “atlas de palavras”.
A terminar, o “Vórtice é uma representação dinâmica, evolutiva, de um conjunto de fazeres. Em torno do diagrama, acrescentar imagens, desenhos, quadros, que resumem a atividade que se desenvolve a partir do mapeamento fotográfico do território.” Estão lá as fotografias, os livros, as exposições… “Todo este processo tem origem no movimento, aparentemente simples, de caminhar com uma câmara fotográfica e ir registando as dimensões espaciais, e de visualidade, envolventes.”
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António Bracons, Aspetos da exposição, 2023
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“Terra Mineral – Terra Vegetal”, de Duarte Belo, está exposto na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa, de 6 de junho até 30 de setembro de 2023.
Exposição integrada no Ci.CLO – Bienal’23 de Fotografia do Porto.
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Dia 29 de setembro às 17:00 haverá visita guiada com Duarte Belo à exposição “Ruy Belo – Inesgotável rosto”, sobre o poeta e seu pai, e às 17:30 a esta exposição.
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A 27 de junho de 2023 foi lançado o livro homónimo, que integra as fotografias da exposição, edição do Museu da Paisagem / Biblioteca Nacional de Portugal. Sobre este livro no FF, aqui.
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Pode conhecer mais sobre a obra de Duarte Belo no FF, aqui.
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