JAMES NACHTWEY, OS INSUBMISSOS
Completa-se hoje, 24.02.2023, um ano de guerra na Ucrânia, um ano da invasão pela Rússia.
Exposição no CPF – Centro Português de Fotografia, no Porto, de 4 de março a 30 de abril de 2023.
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A exposição de Nachtwey impressiona. Foi a primeira das exposições da Estação Imagem 2022 Coimbra, que vi em meados de outubro. As exposições foram, na quase totalidade, dedicadas à guerra na Ucrânia. A exposição de Nachtwey ocupava a grande nave do refeitório do Convento de Santa Cruz, de Coimbra, hoje Sala da Cidade, da Câmara Municipal de Coimbra.
As imagens, a preto e branco assumem uma força poderosa. De grandes dimensões, ao longo de uma parede na Sala da Cidade destacam-se, ocupam um espaço amplo, fazem-se ver individualmente, com uma força e um dramatismo. Testemunham a guerra. Violência. Destruição. Dor. Morte.
Não é a primeira das exposições da Estação Imagem 2022 Coimbra que aqui publico. Nesta e noutras exposições, podem-se encontrar imagens de um mesmo local, de um mesmo assunto, de um mesmo motivo, olhares diferentes.
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A invasão da Ucrânia tem sido descrita como a primeira guerra das redes sociais, e um aspecto fundamental da liderança do presidente Volodymyr Zelensky tem sido a sua capacidade de reunir o seu país e grande parte do mundo por via do Facebook, Telegram, TikTok e Twitter. Ao mesmo tempo, fotógrafos de guerra em Bucha, Irpin e noutros locais têm reportado aquilo que Vladimir Putin insiste que o povo russo chame de «operação militar especial». Depois de um dia cansativo na Ucrânia, Nachtwey enviou este texto pouco antes de dormir: «A barbárie e a insensatez do ataque russo são inacreditáveis, mesmo quando eu vejo com os meus próprios olhos. O bombardeamento de residências civis, os disparos dos tanques à queima-roupa sobre casas e hospitais, o assassínio de não-combatentes em áreas ocupadas militarmente, fazem parte das tácticas usadas numa guerra que foi desencadeada sobre um estado soberano vizinho e não ameaçador… Pessoas “comuns” continuam a demonstrar uma coragem e determinação extraordinárias, se não mesmo teimosia, diante da imensa perda de vidas e destruição.» A recusa de Nachtwey em desviar o olhar dos verdadeiros custos do conflito posiciona-se numa missão maior: impedir que o mundo o faça.
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James Nachtwey, Um homem idoso é ajudado e confortado por um voluntário ucraniano após atravessar uma ponte destruída em Irpin, a 9 de Março de 2022. A população civil estava sob os ataques dos militares russos. Muitas pessoas fugiram da cidade atravessando uma ponte improvisada que havia sido destruída pelas forças ucranianas para deter o avanço do exército russo em direcção a Kiev.
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António Bracons, Aspetos da exposição, Coimbra, 2022
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A exposição “Os insubmissos”, de James Nachtwey, esteve patente no âmbito do Prémio Estação Imagem 2022 Coimbra, na Sala da Cidade / Câmara Municipal de Coimbra, de 13 de setembro a 6 de novembro de 2022 e apresenta-se no Porto, no cpf – Centro Português de Fotografia, Largo Amor de Perdição, de 4 de março (inicialmente prevista para 18.02) a 30 de abril de 2023.
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Na reunião do executivo da Câmara Municipal de Coimbra, de 27.02.2023 é deliberado, face à redução de verbas, cancelar o apoio ao Prémio Estação Imagem, o maior prémio de Fotojornalismo português. O Prémio Estação Imagem realizou-se em Coimbra entre 2018 e 2022. No corrente ano, aguardamos para saber onde terá lugar. Pode saber mais aqui.
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Em nota divulgada a 01.03.2023, a Estação Imagem informa:
Quando da oferta da exposição Os insubmissos para ser exposta em Coimbra, James Nachtwey deu liberdade à Estação Imagem para escolher uma instituição à qual fosse doado o conjunto das dez fotografias. O autor e a Estação Imagem escolheram o Centro Português de Fotografia.
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James Nachtwey. (Syracuse, 1948) Desde 1981, James Nachtwey tem dedicado a sua carreira a documentar guerras, conflitos e temas sociais por todo o mundo. Tem sido amplamente premiado pelo seu trabalho de jornalismo, mas também pelos seus contributos nos domínios artístico e humanitário. Contam-se, entre os prémios, o Dan David, em 2003, o prémio da Fundação Heinz Family para as artes e o TED, ambos em 2007. Em 2012 foi galardoado com o prémio Dresden pela promoção da paz mundial. Nachtwey foi também distinguido em 2016 com o prémio Princesa das Astúrias. Ganhou, por cinco vezes, a Medalha de Ouro Robert Capa por coragem e iniciativa excepcionais e foi oito vezes eleito Magazine Photographer of the Year. Recebeu ainda quatro doutoramentos honoris causa de universidades norte-americanas, incluindo do Dartmouth College, que recentemente adquiriu todo o arquivo do seu trabalho. Além das inúmeras exposições individuais um pouco por todo o mundo, as fotografias de Nachtwey podem ser vistas nas colecções permanentes dos principais museus e instituições culturais, entre os quais, o MoMa, o Museu Whitney de Arte Americana, o Museu de Arte Moderna de São Francisco, o Museu de Belas Artes de Boston, a Biblioteca Nacional da França, o Centro Pompidou e o Museu Getty. A vida e obra de James Nachtwey está documentada em War Photographer, uma longa metragem de 2001 nomeada para um Óscar. Publicou também “Deeds of War” e “Inferno”.
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Pode ler uma entrevista com James Nachtwey, no jornal Público, aqui.
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Atualizado em 01.03.2023.
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