EVA GASPAR, HÉLIO MARQUES PEREIRA, ZÉ ORTIGÃO, RODRIGO CARDOSO E JOSÉ PEDRO, OUTROS MUNDOS . 2
Exposição do curso de projecto do Atelier de Lisboa, no Pavilhão 31- Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, de 5 de novembro a 15 de dezembro de 2022.
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O Atelier de Lisboa apresenta a exposição colectiva de fotografia dos trabalhos desenvolvidos no curso de projecto, entre 2021 e 2022, sob a coordenação de António Júlio Duarte e Pedro Alfacinha, com trabalhos de: Elsa Mónica Alexandrino, Eva Gaspar, Hélio Marques Pereira, José Bértolo, Miguel Fevereiro, Pedro Duarte Jorge, Rodrigo Cardoso, Sofia Pratas Morais, Zé Ortigão, e do convidado José Pedro.
A exposição tem lugar no Pavilhão 31- Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa (Hospital Júlio de Matos), na Av. do Brasil, 53 (entrada pela rua de trás), em Lisboa, de 5 de novembro a 15 de dezembro de 2022.
Apresento hoje os projetos de Eva Gaspar, Hélio Marques Pereira, Zé Ortigão, Rodrigo Cardoso, e do convidado José Pedro; na publicação anterior mostrei Miguel Fevereiro, Sofia Pratas Morais, Pedro Duarte Jorge, José Bértolo e Elsa Mónica Alexandrino.
A exposição é muito interessante, quer pela maturidade dos projetos, quer pela qualidade das impressões e da apresentação, a qual advém quer da experiência dos autores, quer da qualidade dos professores do Atelier de Lisboa, profissionais ativos, ligados às diferentes áreas da fotografia.
Mais uma vez, o Atelier de Lisboa está de parabéns!
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Sobre a exposição, escreve o Atelier de Lisboa:
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I get the impression that behind what I see there is another landscape, one which is the true landscape
Luigi Ghirri, “The Objective in Vision”
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Num primeiro contacto, “Outros mundos” pode remeter para os universos da ficção científica ou da antropologia visual. Em qualquer um destes casos, o termo “outro” transporta a ideia fundamental de diferença. Esta exposição propõe uma exploração alternativa do conceito de outro. No desenvolvimento dos trabalhos apresentados, não nos guiaram primariamente interesses cosmológicos ou o registo documental da diversidade de culturas que coexistem no planeta. Com efeito, a maioria das imagens em exibição oferece-nos um olhar sobre o nosso mundo — olhar este que incide muitas vezes, aliás, sobre a sua dimensão mais ordinária ou quotidiana. Contudo, partilhamos a suspeita de que este “nosso mundo”, comum, vulgar, trivial,
já está, na verdade, pleno de estranhezas, de incongruências, de vestígios, de espectros. Por conseguinte, torna-se evidente não ser preciso sair deste mundo para nele encontrar outros mundos, os quais é possível descobrir sem ter de viajar até lugares longínquos (o que, deve dizer-se, não nos furtámos de fazer sempre que sentimos esse apelo).
O que aqui se apresenta é, então, o resultado de um conjunto de buscas que, tocando-se num desígnio comum, se resolvem de formas distintas e vincadamente pessoais. Para uma mesma pergunta, encontrámos respostas diferentes — o que é o mesmo que dizer que cada um de nós encontrou diferentes mundos individuais dentro desse mundo partilhado. Cada trabalho atravessa perspectivas, métodos e territórios singulares. O que ressalta desta heterogeneidade de abordagens é, porém, a potência da fotografia enquanto método de observação e questionação do real, e a sua extraordinária capacidade de, cingindo-se à esfera do visível, não só reproduzir o mundo, como, sobretudo, produzir mundos. Estes mundos outros conciliam real e imaginário, visível e invisível, objectividade e interioridade, sensorialidade e pensamento, clareza e mistério.
São mundos desconhecidos que apenas precisaram de ser fotografados para passarem a existir.
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Eva Gaspar, As laranjas não se comem à noite
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Partindo da premissa de fotografar diaristicamente no decorrer de um ano, nasce a vontade de retratar um corpo em movimento pelo espaço e o ambiente que o rodeia. “As laranjas não se comem à noite” é uma frase ligada ao imaginário português que reflete sobre a superstição, o ritual, a preservação do corpo e o sacrifício.
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António Bracons, Aspetos da exposição, 2022.
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4 fotografias com 70 x 46,6 cm, 1 fotografia com 30 x 20 cm, Impressão por jacto de tinta sobre papel luster.
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Hélio Marques Pereira / Culatra
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Estas imagens integram um corpo de trabalho que tenho desenvolvido na ilha da Culatra.
Atraído inicialmente pela luz, a forma como a ilha condiciona o movimento e o olhar centrou a minha atenção num conjunto de práticas e hábitos humanos de uma relação ainda orgânica com o território, surgindo ao mesmo tempo como fragmentos e como elementos de resistência a uma velocidade cada vez maior da vida urbana contemporânea.
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António Bracons, Aspetos da exposição, 2022.
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3 fotografias com 135 x 95 cm, Impressão por jacto de tinta sobre papel de arquivo.
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Zé Ortigão, S/ Título
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Qual o objeto real de observação? O que é que se pretende retirar de uma exposição? Foram estas inquietações que, desde sempre, me animaram a curiosidade e o espírito criativo. Ao longo de dois anos, e entre as cidades de Lisboa, Madrid e Amesterdão, desenvolvi a série exposta hoje, a partir da observação de museus e espaços expositivos. Um ensaio visual contínuo sobre o significado da palavra exposição.
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António Bracons, Aspetos da exposição, 2022.
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7 fotografias, Impressão por jacto de tinta sobre papel baritado.
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Rodrigo Cardoso, Mapa do absurdo
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Este trabalho é o resultado de um escapismo. As imagens não são sobre escapismo mas sobre o local onde esse escapismo acontece.
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António Bracons, Aspetos da exposição, 2022.
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9 fotografias com 22 x 29 cm, Impressão em brometo de prata sobre papel baritado.
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José Pedro
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José Pedro é um artista que integra o programa do Pavilhão 31 do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa.
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António Bracons, Aspetos da exposição, 2022.
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Eva Gaspar (n. 2000) é uma artista multidisciplinar baseada em Lisboa, licenciada em Arte Multimédia pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Os seus trabalhos tendem a ponderar as noções de Corpo, Género e Religião, resultando em obras de um cariz bastante pessoal e íntimo. As suas áreas de trabalho são a escultura, a instalação e a fotografia.
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Hélio Marques Pereira (n. 1971) vive e trabalha entre Lisboa e Caldas da Rainha. Estudou fotografia na APAF (1997-99) e na Ar.Co (2012). Entre 2015 e 2022, frequentou diversos cursos no Atelier de Lisboa e na Blank Paper (Madrid), trabalhando com Bruno Pelletier Sequeira, António Júlio Duarte, David Guéniot, Pedro Alfacinha, Federico Clavarino e Fosi Vegue. Fez um workshop com Alex Bocchetto / Akina Books (Itália) em 2019 e uma residência artística nos Açores (Pico do Refúgio) em 2020.
Pode conhecer melhor o trabalho do artista aqui.
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Zé Ortigão (n. 1995) vive e trabalha entre Lisboa e Madrid.
Licenciado em Direito pela Universidade Nova de Lisboa, em fotografia pela Ar.Co e Mestre em Gestão Cultural pela Universidade Carlos III, Madrid.
Trabalha actualmente como Consultor Criativo para projectos relacionados com cultura e arte contemporânea.
Os assuntos explorados na fotografia passam pela relativização do espaço e da rotina.
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Rodrigo Cardoso (n. 1973) é fotógrafo, vive e trabalha em Lisboa. Formado em fotografia pelo Ar.Co em 1996.
Pode conhecer melhor o trabalho do artista aqui e no FF, aqui.
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Pode ver a primeira parte deste artigo no FF, aqui.
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Cortesia: Atelier de Lisboa.
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