JOSÉ LUÍS NETO, SOBRE UMA PELÍCULA DE NÃO SEI QUE ASAS
Exposição na Associação Goela, em Lisboa, de 13 de maio a 8 de julho de 2022.
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Na galeria da Associação Goela, de planta quase quadrada, branca, a que uma abertura retangular dá acesso, José Luís Neto apresenta alguns trabalhos, sempre questionando o próprio suporte da fotografia, ou de modo mais geral, da imagem, particularmente o relativo à película.
Além de 3 imagens da série “Autorretrato” (#1, #2 e #3), de 2008, de 2,4 x 0,8 cm (imagem), uma imagem da série “Chromatic Fantasy (offset)”, 2000-2022, da série “Branco Singular (Repetitivo)”: Blue Red Green Yellow Cyan Magenta (offset), 1993-2022, 6 x (102,2x 72,3 cm), uma imagem de cada uma das séries “Ideia de Luz (TV)”, 1991-2022, “Carreira de Tiro II”, 2000-2022 e “O beijo #1”, 1996-2022, em offset. O maior número de imagens é das séries “Irgendwo”, 1994-1998, 12 molduras de 20,3 x 25,4 cm, as imagens de 1,8 x 1,4 cm ou 1,4 x 1,8 cm, algumas das quais apresentam-se em offset, bem como da série “Irgendwo II”, 1998-2022. Todas as imagens offset são de 72,3 x 102,2 cm ou 102,2 x 72,3 cm.
O ponto negro no ecrã televisivo, ampliado do ecrã televisivo, toma o desenho das células do ecrã – a textura de fundo da imagem – o protagonismo: um desenho repetitivo, regular, com cor, por oposição ao negro da mancha central.
Também assim, os troços de película, sensibilizados cada um numa cor. A ampliação do fragmento é algo para além do fragmento, para além da película, para além da própria cor.
É este desafio a ver que José Luís Neto questiona: por um lado, a imagem como ‘prova de contacto’, reproduzindo à escala o negativo, por outro lado, essa mesma imagem processada nesse formato numa imagem offset e ampliada para um formato cerca de 80 vezes maior. A técnica de impressão toma conta da imagem, a fotografia torna-se a imagem e a técnica.
Como a percebemos? Como a vemos? O que nos é mostrado? O que vemos?
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António Bracons, Aspetos da exposição, 2022
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A exposição de José Luís Neto, “Sobre uma película de não sei que asas”, está patente na Associação Goela, na R. dos Baldaques, 47, em Lisboa, de 13 de maio a 8 de julho de 2022.
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[Chromatic Fantasy (offset), 2000-2022]
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José Luís Neto nasceu em Sátão em 1966.
Vive e trabalha em Lisboa.
Tem desenvolvido um trabalho de investigação meticuloso sobre a apropriação da imagem; a linguagem e natureza da fotografia; a matriz fotográfica, a sua escala e o seu suporte; os processos e dispositivos de registo; descrevendo na tautologia da sua busca, em que o medium e o fim se confundem, uma meta-linguagem para os processos fotográficos.
Para breve, o lançamento do seu projecto de edições de artista “ALGO” dedicado à publicação do seu próprio trabalho fotográfico e a sua adequação reflectida a um outro formato, princípios futuramente extensíveis a outros artistas.
Expõe regularmente em Portugal e no estrangeiro desde o início da década de 90. Das suas exposições individuais destacam-se: High Speed Press Plate ( 2007) no Circulo de Bellas Artes, em Madrid, e na Galeria Lisboa 20 Arte Contemporânea; Continuum (2005), no C.A.M.J.A.P. da Fundação Calouste Gulbenkian; e ainda Anónimo (2005), no Museu Nacional de Arte Antiga, no âmbito da LisboaPhoto. O seu trabalho já passou pelo Museu de Serralves, Centro Cultural de Belém, Hayward Gallery, Londres Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, Foto Colectania (Barcelona) e do Museu Folkwang (Essen). Tem recebido vários prémios, dos quais se destaca o Prémio BES-Photo 2005.
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A Goela é uma associação cultural fundada em Outubro de 2013 em Santa Apolónia. Tem como principal motivação apoiar os diversos artistas que nela residem, fomentando multiplicidades do trabalho artístico e colectivo.
Tem desenvolvido algumas parcerias com outras instituições com foco nas áreas do desenho, da escultura, da fotografia e da arte sonora.
Atualmente a Goela está situada na Rua dos Baldaques n.º 47, em Lisboa.
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Mais informação sobre a Goela, aqui e aqui.
Pode conhecer mais sobre a obra de José Luís Neto no FF, aqui.
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