LAUREN MAGANETE, BODY PIECES
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As fotografias guardam o movimento único de cada qual, ampliam idiossincrasias, perpetuam a ligação que é feita entre o que somos e o chão, passando assim a ser sempre o palco”.
Lauren Maganete
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Sobre esta série escreve Helena Mendes Pereira:
Corpo de uma alma complexa, de uma mente cheia de indagações. No imediato da escrita, estas obras de Lauren Maganete devolveram-me às dúvidas sobre este tudo e este nada que é o amor. Há nas imagens da autora, nascida em Bragança em 1970, uma impenetrável indagação da essência da sexualidade. É inevitável que nos coloquemos na adivinhação das dialéticas – dor e prazer, amor e ódio, presença e ausência – que colocam em confronto os corpos em partes, em metades ou quase todos celestiais.
Há muito que deixei de questionar como é que a autora desenha com a objetiva, como é que seleciona a informação que nos traz. Lauren Maganete, disse-o já muitas vezes, fotografa como respira. Por vezes, a respiração é ofegante, por vezes cansada, por vezes triste, por vezes sossegada. Nunca igual. Neste caso não sei. Repete-se o preto e branco mas há uma aprimoração na forma de trabalhar a ilusão dos reflexos e a importância dada a certos detalhes, num exercício de manipulação da escala que coloca o espetado na dimensão da sua grandeza ou da sua pequenez. A fotografia de Lauren tem esta frontalidade e esta verdade. Não sobre a imagem em si, que esconde, muitas vezes, bem mais do que revela, mas sobre quem olha. Saí da cama num salto depois de ver as imagens que me assaltaram de dor. Desta vez foi dor. Solidão, rejeição, pensamento só. Uma mulher que somos todas nós.
Em BODY PIECES Lauren Maganete atinge o climax da sua narrativa existencial. É ela que ali sem autorrepresenta sem nunca o assumir. Mas é. Há uma espécie de urgência e de grito. Há uma espécie de emergência e ouvem-se as sirenes a tocar. Depois o fumo do cigarro que apaga a luz. As referências às primeiras experiências performáticas da década de 1960 são evidentes. Contudo, a luz é nova, é dela e a palete é inconfundível. São partes, não do corpo, mas de almas acabadas, de restos tristes dos dias. BODY PIECES é uma série triste de obras de arte imemoriais, que não se esgotam, que não se acabam, mas que nos despedaçam por dentro, que nos fazem chorar.
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Lauren Maganete, Body Pieces
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Tem lugar em Conversas sobre um Projeto Fotográfico, com Lauren Maganete, promovida pelo Mira Fórum, Porto, on-line, LIVE da página do Mira Forum, aqui; Zoom, aqui (ID da reunião: 828 9553 7922), dia 12 de maio de 2022, às 21:30.
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Lauren Maganete nasceu em Bragança em 1970 e estudou no Porto, licenciando-se em Gestão e Administração de Empresas. Efetua trabalhos fotográficos para a C. M. de Vila Nova de Gaia desde 2009. Tem trabalhos publicados em diversas revistas e jornais, nacionais e internacionais.
Participa regularmente em exposições individuais e coletivas: Madrid, Lisboa, Porto, Vila Nova de Gaia, Coimbra, Bragança, Braga, Ovar, Águeda e Cerveira. Trabalha como fotógrafa freelancer, colaborando com diversas instituições e empresas. A sua obra encontra-se em diversas coleções públicas e privadas.
Em 2016 foi a portuguesa mais classificada do MIRA Mobile Prize, promovido pelo MIRA FORUM. Participou como artista convidada e a concurso, na Bienal de Gaia de 2015, 2017 e 2019.
Em 2018 conquista o prémio Aquisição na XX Bienal Internacional de Arte de Cerveira. Em 2020 participa como artista convidada na Bienal de Cerveira; conquista o prémio Artístico Mateus A. Araújo dos Anjos 2020.
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“Body Pieces”, de Lauren Maganete, é uma das Exposições Virtuais 2.0, do MIRA Forum, patente a partir de 20.01.2021. Pode ver aqui.
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