INSTANTES – FESTIVAL DE FOTOGRAFIA DE AVINTES . 3 – MADEMOISELLE MARÇAL, RAQUEL CALVIÑO, SUSANA GONÇALVES
Em exposição em Avintes, na Casa da Cultura de Avintes, Largo do Palheirinho, 32, de 1 a 30 de maio de 2021.
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Ao longo de algumas publicações apresento as exposições que integram a 8.ª edição do INstantes – Festival Internacional de Fotografia de Avintes, este ano dedicada à fotografia no feminino, sob o tema: “Combinações, numa dimensão maior”. A curadoria é de Alice WR.
Hoje apresento as obras de Mademoiselle Marçal, Raquel Calviño e Susana Gonçalves, em exposição na Casa da Cultura de Avintes, no Largo do Palheirinho, 32, de 1 a 30 de maio de 2021.
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Mademoiselle Marçal, A gloriosa decadência
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Mademoiselle Marçal, A gloriosa decadência
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Unidos num mesmo momento, geracional, social e evolutivo. Entre a exploração do mundo terrestre, a herança histórico-biológica do que foi e uma sensação etérea do que será, prospeção do universo mental global. Tudo aquilo que foi lentamente cessa de ter possibilidade de sobrevivência futura e o que vai ser ainda não é um modelo comprovado, existindo ainda e só no munda das ideias puras; e numa loucura de abismo e de esperança, acredita que talvez seja possível tocar no mundo com o que sobra de si.
Porto, Lisboa. 2013/2020
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Mademoiselle Marçal
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Raquel Calviñho, Sur [Sul]
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Raquel Calviñho, Sur
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Os pontos cardeais ajudam a orientarmo-nos como sistema de referência, sem ter uma dimensão geográfica específica. O Sul é um estado da alma, uma representação física de um desejo que não está necessariamente confinado a um único local físico.
As paisagens que surgem são locais de diálogo entre o espaço interior e exterior, apresentando-se como algo não separado do corpo.
Descobre-se uma paisagem na qual existe um passado e um futuro. Paisagens atemporais, que nos levam ao Sul imaginado e desejado.
O omnipresente Sul parece um lugar de liberdade e bem-estar; estabelecendo relações dentro do conjunto, articulando um texto visual, no qual aparece toda uma gama de conexões.
“Ontem sonhei que me inclinava para fora de uma janela que me mostrava. Dali contemplei flashes repetidos, pontos intermitentes de luz que emanavam de uma pele morena que iluminava a superfície das coisas.
Uma súbita cegueira apoderou-se de mim e os meus olhos devoraram-me ao longe, pude perceber o som inconfundível das tuas ondas de pedra que subiam e desciam para descobrir a profundidade das minhas raízes submersas no oceano.
Eu estava no Sul.
Desde então, esta palavra repete-se como um silêncio na minha memória e a solidão das minhas imagens é tua…
O Sul é um aparente deserto; é o calor, o calor do lar, a energia que aquece o inverno e o fogo que ilumina aqueles que amo.
O Sul nega o escuro, mas ao mesmo tempo abunda em tons negros, castanhos e azuis intensos e o sol que te banha permite que te veja por todo o lado. É verdade que todos nascem com o seu Sul? Decidi ir em busca dele, empreender uma viagem de cabeça para baixo e abandonar o meio-termo e a vida em suspenso… O Sul é minha luz.”
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Rosa Neutro
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Susana Gonçalves, Visto da minha cozinha, o mundo faz pouco sentido
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Susana Gonçalves, Visto da minha cozinha, o mundo faz pouco sentido
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Neste “ensaio fotográfico com smartphone”, Susana Gonçalves apresenta uma “Série de fotografias sem sumo nem miolo, que revelam num ápice estouvado a imaturidade doméstica de mulheres que, como a autora, esquecem o avental, desconfinam a mente e se deixam distrair, no desempenho das lides, pela estética dos alimentos derramados.”
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Mademoiselle Marçal. Nasceu em Moçambique, em 1974. Licenciada em Comunicação Audiovisual (2003) e mestre em Fotografia e Cinema Documental (2010) pelo Instituto Politécnico do Porto. Foi professora convidada no Instituto Politécnico do Porto e docente de Fotografia e Imagem e Som na Escola Artística Soares dos Reis, Porto. É fotógrafa desde 1999, nas áreas de reportagem e fotografia de cena.
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Raquel Calviño. Desde 2011 , Raquel Calviño fez diversas formações que aprofundaram a sua narração fotográfica, a partir de um projeto pessoal, terminando em 2018 os estudos de especialização em fotografia artística no IPCI — Instituto de Produção Cultural & Imagem, no Porto.
Entre os seus trabalhos, destacam-se “Estar é Ser”, que integrou a secção oficial da 34.ª edição do Outono Fotográfico, comissariada por Ramón Rozas, Pontevedra, 2016; “Et Poder de Ia Sombra”, nos Encontros da Imagem, em Braga, 2018; e na exposição coletiva “Após o Documento. A fotografia portuguesa para a nova década”, no Photoalicante — Festival Internacional de Fotografia de Alicante, com curadoria de Vitor Neves, em 2020.
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Susana Gonçalves é professora no Politécnico de Coimbra. Enquanto artista visual e fotógrafa tem exposto obra com regularidade, no país e no estrangeiro, enquadradas em iniciativas culturais diversas, de onde se destaca a participação no coletivo Pescada nº 5, onde expõe principalmente fotografia, associada a instalação site specific. Nas exposições mais recentes tem privilegiado a pintura, o desenho e a arte digital:
• Continentes e regiões mentais – pintura (Coimbra, Centro cultural Penedo da Saudade, 2020)
• Persona Femininus 2 – desenho (Coimbra Galeria Bar, 2019)
• Faceless, Bookless – arte digital (Romaria Cultural de Gouveia, 2019)
• Garden of Delights – arte digital (ArteEspacios, Universidad Autonoma de Madrid, Madrid , 2019)
O diálogo entre as artes, a diversidade cultural e a educação estão entre os seus principais interesses académicos atuais. Assim, tem desenvolvido atividade como editora e autora de obras científicas e de divulgação, destacando-se as que focam temas de pedagogia e arte. Além disso, lidera projetos académicos com vertentes de serviço à comunidade que implicam produção e educação de recursos pedagógicos, didáticos, de comunicação ao grande público sendo autora de materiais didáticos que usam a fotografia e arte digital.
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Pode conhecer melhor o seu trabalho aqui.
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O INstantes, Festival de Fotografia de Avintes, foi criado por Pereira Lopes.
Nesta 8.ª edição, apenas com fotografia no feminino, a curadoria é de Alice WR:
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(…) cabe-me contribuir para que o impacto emocional que as imagens possam provocar aconteça, como uma dança entre o lugar e as obras, pelo prazer da arte fotográfica e pelos cruzamentos possíveis, numa dimensão maior.
O primeiro propósito, alicerçado na capacidade que as autoras têm de falar de si e de se constituírem como referentes, é destacar a autoconsciência e reflexão crítica de onde emergem, de vários prismas, diferentes identidades no feminino. Alguns trabalhos são ensaios auto-reflexivos onde as autoras, simultaneamente fotógrafas e performers, nos conduzem pelo território irreverente das suas narrativas de corpos fotografados. Seja pela busca criativa de uma imagem atrevida ou perturbadora da realidade, pela desconstrução pós-moderna, pela revalorização de uma linguagem hibrida ou pela fabricação da imagem na interseção da escultura ou da pintura com a fotografia, os trabalhos apresentados são, simultaneamente, afirmação, resistência e libertação.
O segundo propósito, reside no facto de salientar o domínio do invisível, aquele que está por detrás do que é mostrado e que importa considerar para assim se apreender a obra de forma plena. Inerente ao conjunto das subjectividades e autoralidades dos trabalhos, existe o significado/simbólico que, de forma mais literal ou mais poética, translúcida ou efémera, nos possibilita a dimensão da invisibilidade presente em conceitos universalistas como amor, morte, identidade, sofrimento, incerteza ou esperança.
Por oposição às imagens técnicas e a uma homogeneidade visual asfixiante, repetida à exaustão, o terceiro propósito consiste em refletir e fazer emergir o avesso dos processos criativos, as pontas soltas e os fios e maranhados, que são tornados públicos, nos seus lados direitos. A enfâse está na importância do processo das artistas, que experimentam diferentes procedimentos, alinhavando-os criativamente e dando lugar a um inesgotável repertório de combinações.
Por último, o propósito de afirmar a presença das mulheres no mundo da Arte e da Fotografia em particular. Tal como em tantos outros países, também em Portugal, várias mulheres fotógrafas se dedicam (e dedicaram) à Fotografia como hobby, criação artística ou meio de subsistência. (…) Os seus trabalhos, não são compatíveis com a ausência, a invisibilidade ou o silêncio.
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Pode saber sobre os eventos e as exposições na Agenda do Festival no FF, aqui e no site aqui.
Sobre as restantes exposições no FF: aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
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Cortesia: iNstantes / Alice WR.
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