JOÃO MOTA DA COSTA, PIN

Exposição em Tomar, no CEFT / Casa dos Cubos, Av. Norton de Matos, 42, de 17.04 a 06.06.2021.

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João Mota da Costa, PIN

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Com PIN, João Mota da Costa apresenta uma abordagem fotográfica realizada no concelho de Óbidos, cujo ponto de partida foi a Resolução do Conselho de Ministros n.º 95/2005, de 24 de Maio, que criou os Projectos de Potencial Interesse Nacional (PIN), projectos em parques naturais, áreas protegidas e na Rede Natura 2000, que representem um investimento global superior a 25 milhões de euros.

Perante essa iniciativa, João Mota da Costa elegeu essa zona da costa portuguesa para registar os actos preparatórios à construção de um empreendimento turístico de luxo.

Apontando à tensão entre a preservação e ecologia, o uso do território e os interesses económicos, convoca-se uma relação com a terra que, ao invés de ser protegida, conforme delineado pela lei, é, através dos mesmos legisladores, autorizada a sua devastação. As vistas, pouco apaziguadoras, contradizem as expectativas daquilo a que geralmente se aspira através da paisagem, pelo que nelas, os impulsos da essência ligados à contemplação da natureza, são, quiçá, sublimados no rigor do formalismo estético das imagens, sublinhado pelo uso da cor, algo influenciada pelo carácter meteorológico da região, e pela potência da evidência daquilo que nos é dado a testemunhar.

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João Henriques, abril de 2021

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“PIN”, de João Mota da Costa foi apresentado no Museu António Duarte, nas Caldas da Rainha, em 2015 e apresenta-se em Tomar, na Casa dos Cubos, na Av. Norton de Matos, 42, de 17 de abril a 6 de junho, juntamente com “Colosso”, de Rodrigo Simões Cardoso, constituindo a primeira de uma série de 3 do Ciclo de Exposições em Fotografia e Território, organizada pelo CEFT – Centro de Estudos em Fotografia de Tomar.

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Sobre a exposição escreve ainda João Henriques, comissário:

Entre ambos os projectos note-se o comum desejo de amplificar o modelo de consumo visual da paisagem, prescindindo de uma representação de lugares comuns, temáticos e formais: se no caso do PIN a destruição, apesar disso, pode ser estetizada, a estética parece funcionar mais como um isco que nos chama a atenção para o deplorável, e para a natureza política do território e da paisagem, sobretudo nesse lugar tão marcante da identidade territorial portuguesa que é a costa marítima. Já no caso de Colosso, é-nos sugerida uma construção subtil, em diferentes Iayers, onde o tempo, o homem, o fotógrafo, constroem o lugar, real e figurativamente, em ambos os casos enriquecendo o vocabulário e o imaginário sobre o território.

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António Bracons, João Mota da Costa, Aspetos da exposição, 2021

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João Mota da Costa (1954), médico cirurgião plástico, dedicado à área de cirurgia da mão. Começa a fotografar em 1969, com percurso irregular, por razões profissionais. Desde 2011 dedica mais tempo à fotografia, desenvolvendo trabalho autoral e frequentando cursos do Atelier de Lisboa, em projectos orientados por fotógrafos contemporâneos português e a pós-graduação em Discursos de Fotografia Contemporânea, Faculdade de Belas Artes de Lisboa (2015-2016).

Exposições individuais: Abstrações, Galeria Arthobler, Lisboa, 2010 e Galeria Novo Ciclo Acer, Tondela, 2011; Lunch Time Affair – Chapter I (ten rooms for sex) (Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, Enc.  Imagem de Braga, 2013); PIN, Museu António Duarte, Caldas da Rainha, 2015; Do outro lado do Espelho, Pavilhão 31, Hospital Júlio de Matos, Lisboa 2018

Exposições em Cursos de Projecto no Atelier de Lisboa: 4projectos #44semanas #88horas com Paulo Catrica, Pavilhão Preto, Museu da Cidade, Lisboa, 2013; Novos Trabalhos #1 com Daniel Malhão, Confeitaria, Lisboa,2014; Novos Trabalhos #2, com António Júlio Duarte, Galeria Av da India, Lisboa, 2014); That’s How You Call Things By The Names That They Are com Paulo Catrica, Confeitaria, Lisboa,2017.

Outras Exposições Colectivas: AlSul, Centro Emmerico Nunes, Sines, 2014; Crónicas Suburbanas, Salão Nobre dos Receios da Amadora, 2015; Romper, Galeria de Exposições da Secção Regional Sul da Ordem dos Médicos, Lisboa, 2015); Entre Humana Natureza, pós-graduação em Discursos de Fotografia Contemporânea da Faculdade de Belas Artes, Lisboa 2016.

Jusqu’à L’os em workshop com Paulo Nozolino com Écorchés, Arles 2018 e Croyants, Arles 2019.

Publicações (Edição de Autor): A Torre, 2014; Álamos, 2015; Do Outro Lado do Espelho, 2018; Dissecar, 2019.

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Pode ver sobre “Colosso”, de Rodrigo Simões Cardoso, no FF, aqui.

Pode ver outros projetos de João Mota da Costa no FF, aqui e no site do autor, aqui.

Pode ler uma conversa entre João Henriques e João Mota da Costa, sobre este projeto, aqui.

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Cortesia do Autor.

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