DAVID GONÇALVES, ALEIXO, 2020
Livro. Exposição no Porto, na Casa das Artes, R. Ruben A, 210, de 24 de abril a 4 de junho de 2021.
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David Gonçalves
Aleixo
Fotografia: David Gonçalves / Design gráfico: Fernando Esteves
Edição do Autor / 2020
Português e inglês / 27,2 x 21,1 cm / 104 pp., não numeradas + 1 folha A4 reproduzindo um ofício da Câmara Municipal do Porto
Capa mole / 250 ex.
ISBN: 97898892089270
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Um ofício da Câmara Municipal do Porto, sem número datado de 21 de fevereiro de 2002, remetido por fax para a Associação de Promoção Social da População do bairro do Aleixo, cuja reprodução acompanha o livro reafirma o “compromisso … de que não haverá lugar a quaisquer alterações, nomeadamente demolições no Bairro do Aleixo, contra a vontade dos seus moradores.”
Contudo, em 2011 foi demolida a Torre 5 e em 2013 a Torre 4, as últimas 3 torres foram demolidas em 2019, os últimos moradores saíram em maio desse ano.
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Escreve o autor:
“Aleixo” é o retrato dos últimos dias de um dos bairros mais históricos do Porto. Conhecido como o maior supermercado de droga do Norte do país, o Bairro do Aleixo é um bairro social constituído por 5 Torres, com 13 andares e uma localização privilegiada para o rio Douro. Em 2011, a Câmara Municipal do Porto, liderada pelo executivo de Rui Rio, inicia o processo de demolição com a implosão da torre 5. O principal argumento dado pelo executivo camarário é o tráfico de droga. Inserido num projeto político especial de investimento público-privado, a Câmara Municipal do Porto entrega os terrenos ao Fundo Imobiliário Invesurb para a construção de habitações de luxo. O longo processo deixou o bairro oprimido num inferno visível de putrescência viva, exposto ao olhar de todos. Com o bairro condenado ao fim, as torres degradam-se, os elevadores danificados, os residentes testemunham há anos a renúncia compulsiva do Estado. “Aleixo” é a história de um bairro condenado, de famílias abandonadas à sua sorte, numa luta travada contra os poderes camarários, as autoridades policiais e a especulação imobiliária.
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O livro não tem qualquer texto, apenas a referência de gratidão aos moradores do Bairro. As fotografias estão nas páginas ímpares, as páginas pares em branco.
O papel é mate, diria ‘humilde’, reforçando o ambiente do bairro, os negros das imagens não estão assim tão negros, reforçando o espírito de desolação.
As pessoas criam relação com o espaço em que habitam. A morte do Aleixo, se desejada para muitos (com a mudança para o novo bairro) foi difícil e penosa para outros.
Durante mais de um ano David Gonçalves teve acesso ao edifício, percorreu-o, fotografou os espaços e as pessoas, o ambiente, a vivência.
Para o autor, “é um livro muito especial, pela causa que é defendida e pela inerente crítica política envolvida”.
E ressalva “Um detalhe: este é um livro concebido para ser lido, apenas, em ambiente de luz reduzida e com uma distância, entre o olhar e o objecto fotográfico, de 40 cm.” Cria assim uma intimidade, uma relação de proximidade, faz-nos entrar dentro…
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David Gonçalves, Aleixo, 2020
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David Gonçalves nasceu em 1990.
Vive e trabalha em Lisboa. Fotógrafo. Mestrado em Critica, Curadoria e Teorias da Arte, na Faculdade de Belas-Artes, Universidade de Lisboa, no qual se encontra a realizar o Doutoramento em Ciências da Arte.
Já expôs em Lisboa (Portugal) e Liège (Bélgica).
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“Aleixo” está em exposição no Porto, na Casa das Artes, R. Ruben A, 210, de 24 de abril a 4 de junho de 2021.
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Pode conhecer melhor o trabalho de David Gonçalves no Fascínio da Fotografia, aqui.
Pode ver o livro aqui e adquirir aqui.
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