ANDRÉ ROLO, COM OS PÉS NA COVA

Exposição on-line do MIRA Forum, disponível a partir de 26.03.2021.

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André Rolo, Com os pés na cova

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Outrora um trabalho exclusivamente manual, a extracção de lousa em Valongo é hoje um processo industrial. O mineiro, agente ainda fulcral no processo, embora já não conte apenas com o picão, a cunha e a palmeta, contínua a exercer a sua actividade em poços cuja profundidade pode atingir os 100 metros. Lá, onde o veio de ardósia possui a pureza necessária à sua exploração, impera um ambiente de constante humidade, imiscuída pelo fino pó resultante do corte da pedra. O ruído da maquinaria utilizada ecoa nas paredes da câmara amplificando e desmultiplicando-o em mil ecos de retorno constante. É neste inferno que o mineiro leva a sua rotina, pontuada pela pouca luz que chega da superfície bem como da iluminação artificial.

Os monólitos de lousa uma vez destacados do maciço, são içados do poço por uma grua e conduzidos a maquinaria, que os secciona em peças mais pequenas. Posteriormente, estas são lavradas por mãos hábeis de quem já exerce a sua arte desde jovem. Os típicos lajeados em lousa são talhados sem recurso a qualquer automatismo ou engenho, recorrendo o trabalhador apenas a uma martelo e palmeta. Uma vez que este detecte o veio natural da rocha, ele talha na direcção do mesmo, gerando lajes perfeitas de cerca de 1 cm de espessura que, se assim se desejar, estarão prontas a aplicar.

Apesar de toda a evolução tecnológica presente nos dias de hoje, a ocupação de mineiro contínua a ser uma vida árdua e pouco salubre. Os antigos mineiros sumariavam a sua vida, com orgulho, referindo em jeito de epítome:

“O que é um mineiro? É o único homem que luta pela vida com os pés na cova.”

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André Guerreiro Ranhada Rolo
Natural da cidade do Porto, licenciou-se em Arqueologia na Universidade do Porto, após frequentar outras áreas de estudo. Amante da Fotografia desde tenra idade, começou a produzir imagens com mais regularidade aquando do seu ano como estudante de Erasmus na Polónia, tendo criado um blog sobre a experiência.

Uma vez de regresso a Portugal, como forma de poder continuar a publicar as suas imagens, cria um blog pessoal. Fotografou também como registo e complemento da sua actividade arqueológica em escavações e aquando da sua participação nos trabalhos de Salvaguarda do Património relativos ao que viria a ser a futura albufeira da barragem do Baixo-Sabor.

A Fotografia revelou-se também essencial na elaboração de um projecto, em colaboração com a Direcção Regional da Cultura Norte, constituindo esse mesmo na georreferenciação e implantação de um antigo caminho romano que atravessa o Parque do Douro Internacional (margem portuguesa) e sua possível adaptação para rota turística. Após regressar ao Porto ingressa no Curso Profissional de Fotografia no Instituto Português de Fotografia, com o desejo de aprofundar e diversificar as suas capacidades nessa mesma actividade. Estagiou na Agência Global Imagens (JN, DN, O Jogo, Dinheiro Vivo, Evasões) tendo concluído no início de 2018, onde actualmente é colaborador regular.

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“Com os pés na cova”, de André Rolo, é uma das Exposições Virtuais 2.0 do MIRA Fórum, patente da partir de 26.03.2021 – 21:30. Pode ver aqui.

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Pode conhecer mais sobre o trabalho de André Rolo aqui.

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