BRUNO SAAVEDRA, MAS DO NADA QUE HOJE SOU, 2020
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Bruno Saavedra
Mas do nada que hoje sou. But out of the naught I am today
Fotografia: Bruno Saavedra / Texto: Paulo Valentim, Nuno Verdial Soares / Tradução: Nuno Verdial Soares / Design gráfico: Bruno Saavedra e Margarida Mateus (www.misturado.pt)
Lisboa: Edição do Autor / Agosto . 2020
Português e inglês / 14,9 x 21,0 cm / 36 pp.
Agrafado / 99 ex., numerados e assinados pelo autor / Embrulhado em papel de seda preto, com fita preta, em saco plástico com aviso “FRÁGIL”
ISBN: 9789893308332
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De novo em confinamento, trago hoje o livro de um projeto desenvolvido no primeiro grande confinamento.
Um saco com a legenda “FRÁGIL” acolhe um embrulho em papel de seda preto com uma fita preta a atar. No interior, capa preta – e páginas de texto pretas, as de fotografia, brancas – o pequeno livro, “Mas do nada que hoje sou”, de Bruno Saavedra. Reflete o sentimento que tantos sentem perante a ameaça invisível do coronavirus: o livro apresenta o projeto desenvolvido em Paços de Arcos, nos meses de Março, Abril e Maio, durante o período de isolamento social, devido à pandemia causada pelo virus Covid-19, que afetou o mundo inteiro em 2020.
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Nuno Verdial Soares escreve:
RES IMMOBILES
[…]
Imagens de desolação em chiaroscuro
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Do mundo, maior do que eu, só capto pormenores: o mar revolto, a linguagem das nuvens, um olhar triste-absorto. O escuro ameaça essa luz que teima, sem sentido, nas casas, entre as folhas de cada planta do vaso, de todos os canteiros.
E Liberdade em abril? De quem? Para quê?
Porquê?
A segurança de uma máscara que cobre o rosto e esconde a dignidade de quem espera. Luvas angustiadas de mãos limpas buscam o vazio. Sem cor, de viés, há olhares que nos trespassam em corpos que involuem.
Ele, poeta, em negro fala-nos da luz. De olhos bem abertos.
Tremi.
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Paulo Valentim escreve o poema:
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Este é o silêncio
Onde me recolho e sinto só
Este é o tempo parado por si só
Este és tu e eu, e nada mais
Vozes soltas, medo e espera
Este é o mês da liberdade
Este és tu na primavera
Nasci e vou morrendo devagar
Mas do nada que hoje sou
Apenas tu eu a navegar
Ai sonho triste e demorado
Ai pranto meu amargurado
Quando Abril nasceu foi desejado
Queimado, mas vivo e forte
E muito amado.
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Paço de Arcos, 19 de Abril de 2020
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Bruno Saavedra, Mas do nada que hoje sou, 2020
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Bruno Saavedra é um fotógrafo e artista visual luso-brasileiro.
Nasceu em 1987 na cidade de Itamaraju-Bahia no Brasil. Reside em Portugal desde 2004.
Aos oito anos, apaixonou-se pela fotografia, indiretamente influenciado pela sua avó materna, que passava os serões negativos, monóculos e fotografias antigas de família-
Viveu três anos em Macau, na China (2011/2014), onde trabalhou em diversas atividades artísticas de animação sociocultural na Casa de Portugal em Macau e iniciou o estudo da fotografia com António Duarte Mil-Homens (2012).
De regresso a Lisboa, concluiu o curso de maquilhagem da Lisboa Make-Up School (2014) e deu continuidade aos estudos fotográficos na Restart – Instituto de Criatividade, Artes e Novas Tecnologias (2015/2016).
Fez o workshop Food Photography, com Jorge Simão (2016), e 0 5.0 Workshop Narrativas Fotográficas do Intendente, com Pauliana Valente Pimentel (2016/2017). Foi acompanhado por Válter Vinagre no desenvolvimento do projeto ANA (2017/2018). Frequentou o curso de fotografia da Escola Informal de Fotografia, com Susana Paiva (2018). Frequentou o Curso Avançado de Fotografia da Ar.Co (2018/2019).
Participou do Workshop de fotografia de rua promovido pelo Valsa e lecionado por Gustavo Minas (2019). Participou na residência artística: “Imersão na paisagem — caminhar, parar e reparar”, na paisagem protegida de Comos do Bico, promovida pela Ciclo Bienal ’19 e lecionada por Virgílio Ferreira, Tiago Porteiro e Manuela Ferreira (2019). Participou do 6.0 Workshop “Construindo um documentário” promovido pelo Valsa e lecionado por Dewis Caldas.
Desde 2015, tem exposto o seu trabalho com frequência por diversos locais do mundo como Portugal, Austrália, Brasil, Macau e África.
A fotografia de Bruno Saavedra vai além do documental, conceptual ou até mesmo autoral. É algo quase subliminar, com muita verdade, sentimento e respeito pelo que se fotografa. Com o passar dos anos, nota-se a sua obsessão por documentar as coisas simples da vida. A identidade e a intimidade, as questões culturais e sociais e a memória coletiva são, por isso, os principais temas dos seus trabalhos.
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Bruno Saavedra partilhou parte deste projeto com o Fascínio da Fotografia, aqui; pode ver mais sobre o seu trabalho no FF, aqui. Pode visitar o site do Autor, aqui.
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