ANTÓNIO PEREIRA RAMOS, LUGARES IMPRECISOS, 2020
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António Pereira Ramos
Lugares Imprecisos
Fotografia: António Pereira Ramos / Texto: Miguel Saavedra
Edição do Autor / Novembro . 2020
Português / 18,1 x 18,1 cm / 40 pp.
Brochura / 50 ex.
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Lugares imprecisos, espaços que ficam na memória, por uma ou outra razão. Lugares que se viram num momento ou num tempo. Lugares por onde passamos. Que nos dizem algo. Que sabemos onde ficam – ou já não nos recordamos.
Entre a beira-mar e o interior da cidade, Lisboa, António Pereira Ramos viu.
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Miguel Saavedra escreveu o ensaio que integra a obra:
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É como uma linha que se traçou. Uma vereda para quem nos quiser seguir, marcas de um universo simultaneamente material e imaginário. Pelo menos, uma tentativa de, em chão de areia…
Isto se fizermos um esforço, se procurarmos ver além da superfície das imagens. No que a fotografia tem de mais singular. A sua capacidade para nos ajudar a formular perguntas e a procurar respostas, numa dialética com o que nos rodeia. Diálogo apenas pessoal e que se converterá com todos. Perseverança com, invariavelmente, o seu quê de obsessivo.
O avançar do labor dos fotógrafos. Uma insistência, uma repetição, na esperança de que as suas imagens acabem por juntar-se num equilíbrio, que encontrem aquele compromisso sensível que as sustente. Por vezes mais feliz, quando os fotógrafos conseguem evitar imagens que conhecem de si próprios, solução aprendida e rápida para chegar a um fim. Tudo isto, outros já escreveram e explicaram melhor do que eu.
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Num tempo de fotografias valorizadas ao metro quadrado, nada mais parece importar do que conceitos e teorias. Espaços fechados sobre si mesmos, repletos de referências mais ou menos elitistas; fotografias sobre fotografias, sobre leituras, num discurso que se valoriza tanto mais quanto se torna intrincado.
Porém, aqui. Criança, espelho, curva. Mar, areia, vento. Apenas aparentemente jogo ou segundo road movie. Procura de outro tempo, vou dizer uma palavra pomposa, primordial.
O Tempo da Fotografia. O da insubmissão do assunto, o do aleatório, o do fenómeno casual. Ou talvez, como disse a Agustina, o único que existe, o da memória. Sinal de dias, num recomeço a cada nova tentativa. Não são analogias nem metáforas.
Escrevi que era uma linha que se traçou. Imagino-a semelhante àquela que desenha e constrói um arco.
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Sesimbra, Janeiro de 2020
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António Pereira Ramos, Lugares Imprecisos, 2020
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Este livro foi editado na sequência da exposição homónima, apresentada em Lisboa, na Fábrica de Braço de Prata (6 a 29 de fevereiro de 2020) e a apresentar em Avintes, na Casa da Cultura de Avintes (2021).
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António Pereira Ramos (Vila Nova de Gaia, 1954) Vive em Lisboa.
Formação em fotografia no Instituto Português de Fotografia, Lisboa (1979/82), onde foi professor (1983/92).
Publicou o livro “Horas”, ed. IPF, 1997.
Autor do blogue “Fotografias, apenas”, aqui.
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Pode conhecer melhor a obra de António Pereira Ramos no Fascínio da Fotografia, aqui.
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Os momentos visuais captados são tremendos!
A carga da textura no preto e branco que lembra a prata do passado, são bem visíveis. A transformação dum fotógrafo formado, professor, técnico de laboratório de fotografia neste universo digital é bom de se ver e acompanhar.
E mais do que tudo, a nossas vivências pessoais e os nossos universos intelectuais que estes momentos visuais nos trazem à mente, são brutais.
Nestes difíceis momentos, fazem-nos SENTIR de novo…
Obrigado PAI
Obrigado pela partilha!
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