IMAGO LISBOA PHOTO FESTIVAL 2020. NOVAS VISÕES – SILJA YVETTE, PASHA RAFIY

Integram a exposição “Novas Visões na Fotografia Contemporânea”, do Imago Lisboa Photo Festival 2020, patente nas Carpintarias de S. Lázaro, na R. de S. Lázaro, 72, de 01.10 a 08.11.2020.

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SILJA YVETTE, VISUALIZED VOLTAGE

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Silja Yvette,Visualized Voltage

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Como o subtítulo A Dialogue of Dichotomous Hybrids indica, no seu livro Collective Creatures (ed. Hatje Cantz), o trabalho fotográfico de Silja Yvette é alimentado por um processo de transformação de matéria, massa e energia, e justaposição de conceitos ecológicos, filosóficos e artísticos.

Nesse continuum de imagens em que caem limites ontológicos para dar lugar a intertextualidades hermenêuticas e detalhes associativos, a sua fotografia revela a estranha beleza de um visível nas margens.

Ao contrário de destacar as qualidades mnemónicas dos objetos fotografados, ela usa as estratégias temáticas e artísticas das tensões que emanam dos fragmentos híbridos da imagem, destacadas pelos títulos reveladores da sua abordagem: Separationsgedanke (pensamento de separação), Widerwille (reticência), Ordnungswidrigkeit (conduta dissipada).

Entre simetria e decomposição, entre harmonia e desordem, entre movimento e quietude, os elementos que compõem a fotografia de Yvette apresentam-se como um trabalho aberto à nossa interpretação. Para o prazer da contemplação, diante de cada fotografia, existe o mesmo questionamento inicial sobre a natureza das coisas.

Paul di Felice

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António Bracons, Aspetos da exposição, 2020

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PASHA RAFIY, TEHRANGELS

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Pasha Rafiy,Tehrangels – Los Angeles 2019 – Venice Beach 2019 – Neutra House 2019 – Tehran 2018 – Rafiy House 2018

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Na continuidade de Bad News, uma série de fotografias apresentadas durante os Rencontres d’Arles pela associação Lët’z Arles, Pasha Rafiy aborda na sua nova série Tehrangeles questões geopolíticas através de um ponto de vista público e privado. O artista luxemburguês-iraniano, com parte da família na Europa e nos EUA e a outra parte no Irão, gosta de brincar com as dicotomias e semelhanças que encontra durante as suas viagens. A sua abordagem fotográfica é caracterizada pelos lugares que escolhe, encontrando o equilíbrio certo entre condição natural e disposição conceptualizada.

Quer essas imagens, obtidas em médio formato, incluam ou não figura humana, elas são sempre o resultado de uma procura meticulosa por detalhes, beleza objetiva, mas também um olhar singular sobre a verdade das coisas. A justaposição entre as suas fotografias tiradas no Irão e as feitas nos EUA permite revogar os estereótipos existentes sobre as diferenças entre as culturas dos dois países inimigos, mas também explorar esteticamente as conivências artísticas entre essas fotografias.

Paul di Felice

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António Bracons, Aspetos da exposição, 2020

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“Visualized Voltage”, de Silja Yvette e “Tehrangels”, de Pasha Rafiy, artistas convidados pelo curador Paul di Felice, e com o apoio do Fonds Culturel National (Luxemburgo), integram a exposição “Novas Visões na Fotografia Contemporânea”, do Imago Lisboa Photo Festival 2020, patente nas Carpintarias de S. Lázaro, na R. de S. Lázaro, 72, em Lisboa, de 1 de outubro a 8 de novembro de 2020.

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Silja Yvette nasceu em 1986 em Erlangen, Alemanha. Atualmente vive e trabalha em Berlim e Frankfurt am Main. Formou-se na Academia de Belas Artes de Städelschule, Frankfurt am Main em 2011 e acrescentou estudos em arquitetura até 2010 e filosofia até 2018. Tem exibido obras na Alemanha desde 2006, desde 2011 noutros países europeus e desde 2016 em Pequim. O seu trabalho artístico lida com uma tradição dialética de iluminação, com foco num contexto atual, em aspetos ecológicos e na relação entre os seres humanos e o mundo das coisas naturais e artificiais. O seu trabalho aborda frequentemente o absurdo de uma natureza bem restrita e administrada, com um olhar cativado direcionado para a influência e a interatividade social das coisas. 2017 a sua primeira monografia Season of Admin foi publicada na Kerber Verlag e foi selecionada para a “Lista dos Mais Belos Livros Alemães 2018” da Stiftung Buchkunst (Frankfurt /Leipzig). Com Collective Creatures, seguiu-se a sua segunda monografia e foi publicada em 2019 pela Hatje Cantz Verlag, que recentemente ganhou prata no famoso Deutscher Fotobuchpreis 19/20 (Prémio Alemão de Livros de Fotografia).

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Pasha Rafiy nasceu em 1980 em Teerão, Irão.

É fotógrafo e cineasta documental. A sua família deixou o país em 1985 para se estabelecer no Luxemburgo, onde cresceu. Em 2001, mudou-se para Viena, onde se formou na Universidade de Viena antes de se tornar diretor artístico do jornal diário vienense Die Presse. O seu trabalho foi exposto, entre outros locais, no Musée d’Art Moderne Grand-Duc Jean (MUDAM) no Luxemburgo (2019) e Les Rencontres d’Arles (2018).

Seu primeiro documentário, Foreign Affairs, foi lançado em 2016. Rafiy atualmente vive e trabalha em Munique, Alemanha.

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O núcleo “Novas Visões na Fotografia Contemporânea” surge, pois

Desde sempre que a fotografia teve uma expressão multifuncional, que se estende do campo científico ao campo das artes. Porém, nas duas últimas décadas a fotografia, e particularmente no âmbito dos projetos artísticos, adquiriu novas liberdades e formas de se apresentar.

Procurando espelhar a diversidade e criatividade que se tem vindo a expandir, o festival Imago Lisboa, através do convite a reconhecidos curadores da área, dá a conhecer alguns exemplos das narrativas atuais.”

Os curadores desta 2.ª edição são: Paul di Felice, Rui Prata, Beate Cegielska e Gabriella Csizek.

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António Bracons, Paul di Felice, 2020

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Rui Prata, Diretor Artístico do Imago Lisboa Photo Festival, regista:

A fotografia constitui uma forma de representação artística e de registo muito relevante da atual sociedade. Para além do seu uso nas artes visuais, e mais concretamente na chamada fotografia de autor, a imagem fotográfica dá roupagem a um vasto campo de territórios que se expandem das ciências às redes sociais.

A 2ª edição do festival Imago Lisboa pretende dar continuidade a um acontecimento regular que potencialize as diferentes práticas fotográficas contemporâneas, sem esquecer a apresentação de autores de reconhecido valor histórico, cujo conhecimento é essencial para a compreensão das atuais narrativas.

Ao longo da última década, Lisboa tornou-se uma cidade de referência, com acentuado crescimento económico e cultural. Pululam os acontecimentos nas mais diversas áreas e a urbe é palco de uma efervescente atividade nos mais diversos domínios. Não obstante algum abrandamento em virtude da recente pandemia, importa retomar a dinâmica anterior e criar condições para uma confiança e atração crescente de públicos.”

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Pode saber mais sobre o Imago Lisboa Photo Festival aqui e no Fascínio da Fotografia, aqui.

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Cortesia: Imago Lisboa Photo Festival.

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