SUSANA PAIVA, CEGUEIRA, 2020

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Susana Paiva

Cegueira

Fotografia: Susana Paiva

Lisboa: Huggly Books / Março . 2020

Colecção “Ser fotógrafa”, n.º 3

Português / 13,3 × 21,1 cm / 204 pp., não numeradas

Cartonado / 15 ex. + 2 fora de mercado, numerados e assinados pela autora, inclui uma fotografia original

ISBN: 9781714500215 

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Cegueira.

Não ver, que não deixa ver.

Ou o que nos toma, que não nos deixa ver…

Ou a “noite escura”, que por vezes faz parte da vida.

A fotografia a preto e branco, como na maior parte do trabalho da autora. Em 256 tons de cinzento. Ou milhares. Entre o branco e o negro.

As fotografias sucedem-se. Ocupam o fólio completo, uma imagem única, por vezes (aparentemente) duas.

Outros fólios em branco ‘puro’ fazem uma pausa. Noutras obras da autora, como Plastic Marocco esta pausa é em negro. Em Cegueira, é em branco.

Outras imagens, textuais, breves, os carateres a preto, pequenos, numa das páginas, ambas as páginas brancas.

Não ver.

O branco – a luz – inunda esses espaços.

A luz, o excesso de luz – ou simplesmente a ausência de outra coisa. Que não consigo ver. Cegueira.

Recordo O Principezinho de Antoine Saint-Éxupéry “O essencial é invisível aos olhos”, sabemo-lo. Vemos com o coração.

Sentimos.

A luz.

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Nas fotografias de Susana Paiva, perpassa (tantas vezes) um silêncio.

As imagens são silenciosas por natureza. Não falam, não produzem ruído.

Mas as imagens de Cegueira são feitas de silêncios. Ou não.

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“escuto o ruído do mundo”

“contra a obliteração do silêncio”

“um movimento centrifugo

num agudo espaço de escuta”

Imagens escritas, versos de um poema…

Cegueira

Não ver, não querer ver, não conseguir ver.

“Amar-te”

É uma estrada que se abre (e por onde vou)

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Susana Paiva, Cegueira, 2020

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Susana Paiva (Moçambique, 1970). Sobre si, diz:

Fotógrafa. Tornou-se fotógrafa ao longo das duas últimas décadas, anos cheios de aprendizagens e dúvidas.

Construiu a sua singularidade através de constante pesquisa e experimentação, descobrindo o seu ritmo, a sua zona de conforto e os seus conceitos de eleição.

Hoje sabe que é uma fotógrafa lenta que requer tempo para a contemplação e para a instalação num determinado espaço ou interação com um determinado sujeito.

Descobriu que é uma fotógrafa tangencial, que necessita estar perto, para mover e ser movida e partilhar generosamente os seus projetos fotográficos e ideais.

Compreende agora que é propulsionada por uma imensa necessidade de transfigurar a realidade e navegar na poética dos fragmentos da vida cotidiana, e que a fotografia se tornou a sua primeira linguagem, substituindo gradualmente a palavra primordial na sua interação com o mundo.

Hoje sabe que só quando compartilha as imagens que cria fica preenchida não apenas como profissional mas, mais importante do que isso, como ser humano.

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Pode conhecer melhor o trabalho de Susana Paiva aqui e no Fascínio da Fotografia, aqui.

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