FRANCISCO RICARTE, MENOS QUARENTA MILHÕES

.

.

.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Francisco Ricarte, Menos Quarenta Milhões, 2020

.

.

Macau recebeu mais de quarenta milhões de visitantes em 2019. Tem sido uma evolução constante há duas décadas, que tudo tem formatado à sua volta, seja na perceção e fruição do centro da cidade e seus locais turísticos mais importantes (como as Ruinas de S. Paulo, ex-libris de Macau), seja no seu perfil comercial e de oferta de bens e serviços.

Esta máquina formatadora da urbe foi drasticamente interrompida com o surto de COVID-19 que, desde o início de fevereiro, praticamente “fechou” a cidade ao exterior.

A série fotográfica apresentada resultou da percepção de um espaço urbano “invisível” há já muito tempo. As persistências históricas, desprovidas de uma sobre-ocupação envolvente quase sistémica, evidenciam um registo e equilíbrio subis com o tecido urbano e seus elementos constituintes, bem como com as texturas e escala do espaço envolvente. Surge agora uma oportunidade de nova (re)-leitura de Macau e seu contexto histórico. O P&B procura evidenciar tais registos, bem como a percepção das relações de escala agora evidentes, ou seja das “distâncias temporais” que emergem entre o físico e o humano.

Aos olhos do autor, são “fotos de espanto”. Constituem registos de um Macau surpereendentemente re-emergente, apenas possível de ser evidenciado pelos “menos quarenta milhões” de visitantes que o têm formatado nestes últimos anos.

Em breve, adivinha-se, voltará à sua condição “normal”…

.

Macau, 10 Abril 2020

Francisco Ricarte

.

.

.

Francisco Ricarte, português, nascido em 1955. É entusiasta e praticante de fotografia desde 1976, primeiro a P&B e, posteriormente a cores. Reside em Macau desde 2006, ano em que igualmente “migrou” para o formato digital. Esta parte do mundo tem-no fascinado desde a chegada, mas também tem permitido ver com “outros olhos” o seu mundo anterior.

A fotografia tem sido um modo crítico de expressar o seu entendimento do mundo, quer no contexto da sua prática profissional de Arquitecto e Urbanista – no que diz respeito ao meio urbano – quer da sua vivência pessoal e social – no que diz respeito ao factor humano e social das comunidades, constituindo, como tal, visões subjectivas da realidade envolvente. Como a fotografia pode assim potenciar o entendimento do que nos rodeia – seja humano, construído ou natural – tem sido uma pesquisa e prática fotográfica persistente, expressa em diversas séries fotográficas que tem desenvolvido ao longo dos anos, porventura, a serem “reveladas” um dia.

Acresce que é um apaixonado pelas Artes: lugar, memória e identidade são conceitos-chave de reflexão, sobretudo relativos à cultura urbana e visual, ambos suportados pela literatura e poesia, de que é ávido leitor.

Participou em diversas exposições coletivas: “Autumn Salon 2019”, Fundação Oriente, Macau; “RAEM, 20 Anos – Um Olhar Sobre Macau”, OPPIA, Porto, Portugal e Consulado Português em Macau (2019); “Open Future”, “Somewhere” (e edição do foto-livro “Somewhere”), Creative Macau – Center for Creative Industries; Macau Script Road Literary Festival (2018); – “Whatever You Make, Make It Yours”, Creative Macau – Center For Creative Industries; – “Autumn Salon 2017”, Fundação Oriente, Macau (2017); “Autumn Salon 2016”, Fundação Oriente, Macau; “Here & Now”, Creative Macau – Center For Creative Industries; “Macao Annual Visual Arts Exhibition 2016” – Western Media Category, MSAR’s Cultural Affairs Bureau (2016); “Rich Life”, Creative Macau – Center For Creative Industries (2015); “Symbols of Culture”, Creative Macau – Center For Creative Industries e “Autumn Salon 2014, Fundação Oriente, Macau (2014); “Make a wish”, Creative Macau – Center For Creative Industries e “Autumn Salon 2013”, Fundação Oriente, Macau (2013).

.

.

.

Pode ver mais sobre a obra de Francisco Ricarte no Fascínio da Fotografia, aqui.

.

Cortesia do Autor.

.

.

.