MARIO CRUZ, LIVING AMONG WHAT’S LEFT BEHIND, 2019
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Mario Cruz
Living Among What’s Left Behind
[Vivendo entre o que é deixado para trás]
Fotografia e texto: Mário Cruz / Design: Estúdio Degrau / Capa (produção): VivaLab
Porto: Nomad- Viagem.Aventura / Março . 2019
Português e inglês / /
Capa rígida em plástico / 500 ex.
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Em 2017, um relatório da Nature Communications identifica o Pasig como um dos 20 rios mais poluídos do mundo, lançando cerca de 63.700 ton de plástico no oceano anualmente. Nalgumas zonas do rio, o lixo é tão denso que é possível andar sobre ele.
Escreve Mário Cruz:
O coração de uma cidade tornou-se a sua vergonha. O rio Pasig, outrora o centro económico de Manila, é agora o reflexo de uma sociedade extremamente desigual, na qual 21,6% da população vive abaixo do limiar de pobreza, numa luta diária contra a poluição. Desesperados por trabalho, muitos filipinos viram em Manila a solução. Traídos pelos seus sonhos, muitos acabaram a viver em construções ilegais junto ao rio. O lixo doméstico transformou o Pasig num esgoto. Negligenciado, o rio foi considerado biologicamente morto já na década de 1990. Hoje, construções frágeis acolhem vidas frágeis não sendo mais do que madeira cravada em águas extremamente poluídas.
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Sobre o processo de criação do livro referem os designers, do estúdio Degrau:
Ao pensar o livro, o nosso principal objetivo foi criar um objecto que marcasse a diferença perante o público, que não passasse apenas por ser mais um livro de fotografia. Sendo este um tema que apela à responsabilidade de todos nós, tornou-se muito importante, enquanto designers, incutir essa responsabilidade no processo de design e de produção do livro.
Nesse sentido, quisemos fazer um livro-objecto que fosse um reforço à narrativa do mesmo e que, enquanto objecto, tivesse um impacto imediato nas pessoas. A narrativa foi pensada para que o leitor tivesse, quase de imediato, contacto com resíduos – presentes na capa e nas imagens de lixo representadas nas primeiras páginas do livro. Tivemos também alguma preocupação em humanizar o discurso, levá-lo até às pessoas. Isto está especialmente presente no discurso principal e com mais destaque nas pequenas “instax”.
O livro contém 70 fotografias, entre o preto e branco e as cores, que retratam, de forma crua, a realidade que Mário Cruz encontrou em Manila. O design foi pensado para que todas as fotografias a cores – excepto as de formato instantâneo – estivessem escondidas, apelando à nossa curiosidade em conhecer mais a fundo esta realidade. Por último, quisemos apelar à reflexão que nos é imposta nos textos finais do livro.”
Quanto à capa, foi produzida pela VivaLab,
Partindo da recolha de plásticos e resíduos das nossas indústrias, depois de um processo longo de experimentação e de adaptações técnicas e estéticas, trabalhámos com o Viva Lab Porto na criação de 500 capas feitas à mão, com recurso a 160kg de lixo plástico. Estas capas únicas ajudam a contextualizar este trabalho, abrindo o discurso para o “pós”, para a acção que vem depois da tomada de consciência.”
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Mario Cruz, Living Among What’s Left Behind, 2019
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Mario Cruz (Lisboa, 1987) é um fotógrafo independente focado nas questões de injustiça social e direitos humanos. Parte dos seus trabalhos são preparados ao longo do ano e nas suas férias (de fotógrafo) vai até aos locais fotografar os seus projetos pessoais.
Os seus projetos são reconhecidos mundialmente: “Cegueira Recente” – Prémio Estação Imagem 2014; “Roof” – Magnum 30 Under 30 Award; “Talibes: Escravos Modernos” – World Press Photo 2016, Imagem do Ano 2016, Magnum Photography Awards 2016, Prémio Estacao Imagem 2016; “Vivendo entre o que é deixado para trás” – World Press Photo 2019.
O seu trabalho foi publicado na Newsweek, no International New York Times, no Washington Post, na CNN, no El Pais, no CTXT e no Neue Zurcher Zeitung.
É autor de dois livros: “TALIBES. Modern day slaves” [Escravos dos tempos modernos], Fotoevidence, 2016 e “Living among what’s left behind”, Nomad e Fotoevidence, 2019.
Este projeto recebeu o 3.º prémio World Press Photo 2019, categoria Ambiente e o Prémio Estação Imagem 2019 Coimbra da categoria Ambiente.
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Sobre este projeto, exposição no Palácio Anjos, em Algés, entre 6 de abril e 30 de junho de 2019, no Fascínio da Fotografia, aqui.
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