EMÍLIO BIEL & C.ª EDITORES, A ARTE E A NATUREZA EM PORTUGAL, 1902-1908 – 1
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A Arte e a Natureza em Portugal
Album de photographias com descripções; clichés originaes, copias em photopypia inalteravel; monumentos, obras d’arte, costumes, paisagens / Directores: F. Brutt e Cunha Moraes.
Fotografia: Emílio Biel, Cunha Moraes, F. Brutt et ali (?) / Textos: Joaquim Vasconcelos, Carolina Michaëlis de Vasconcelos, Manuel Monteiro, Augusto Fuschini, Visconde de Vilarinho de São Romão (3º), Júlio de Castilho, Ramalho Ortigão, Luís de Magalhães, Brito Rebelo, Gabriel Pereira, Luís Figueiredo da Guerra, et ali.
Porto: Emílio Biel & C.ª Editores / 1902 a 1908
Português e francês / 40,0 x 29,2 cm / 8 vols.
Edição em fascículos mensais, encadernados com encadernação editorial em 8 volumes, devidamente estruturados. Conhecem-se várias capas.
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Desde pelo menos 1883, com a gorada edição de “Portugal Antigo e Moderno”, que Emílio Biel tem o projeto de realizar uma obra de vulto sobre o património português.
Este desejo só se vem a concretizar na sequência da longa colaboração que tem com Joaquim de Vasconcelos, erudito historiador e crítico de arte. Emílio Biel edita, entre 1902 e 1908, em fascículos, a fabulosa obra “A Arte e a Natureza em Portugal”.
Entretanto, Biel faz sociedade com dois fotógrafos, pelo que a Emílio Biel & C.ª era dividida em duas secções: a secção de indústrias gráficas, que englobava as actividades relativas à fotografia, fototipia e litografia, de que era sócio o fotógrafo Fernando Brutt e a secção de publicações, de que era sócio o fotógrafo José Augusto da Cunha Moraes, para quem Biel já havia impresso “A Affrica Occidental. Álbum Photographico e Descriptivo da Affrica Occidental”, em 1885 e de que era editor David Corazzi, de Lisboa, que é “a primeira grande produção da Casa Biel (Paulo Baptista).
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Ao iniciar o 1.º volume, os editores registam “Aos nossos leitores”:
Em todos os paizes cultos — França, Inglaterra, Allemanha, Suissa, Belgica, paizes escandinavos, Russia, não esquecendo a nossa visinha Hespanha — existe de ha muito interessantes e ricas publicações no genero da que, sob o titulo de A Arte e a Natureza em Portugal, nos abalançámos a realisar, e conseguimos levar, com o presente volume, ao fim da primeira jornada. Nunca nos illudimos sobre as difficuldades reaes em que iamos tropeçar. Paiz pequeno, em que só uma limitada élite se interessa por coisas d’arte, e em que o amor da natureza, que é um produto da civilisação e da cultura, não attingiu a intensidade nem a extensão que assumiu noutras nações, era intuitivo que, sob o ponto de vista economico, a nossa tentativa representava, senão um sacrificio, certamente um acto de boa vontade e de fé, nascido do enthusiasmo, do amor proprio, talvez, ligado a todas as iniciativas innovadoras, e, se nos quizerem fazer justiça, de um pouco d’essa natural inclinação que todos temos pelo que é nosso, e que é felizmente um sentimento vulgar em portugueses.(…) É um verdadeiro inventário feito pela photographia, das vastas e innumeraveis belezas de toda a ordem espalhadas pelo nosso paiz, e que pela maior parte são tão pouco conhecidas de nacionaes e de estrangeiros. (…) Contamos realisar, com a presente publicação, o mais vasto archivo das nossas riquezas artisticas e naturaes (…)”.
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“A Arte e a Natureza em Portugal”, 1.º volume, 1902, “Aos nossos leitores”
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A “A Arte e a Natureza em Portugal” nunca poderá deixar de ser considerada a mais importante de toda a obra daquela casa editora na medida em [que] representa um projecto próprio, monumental, de preparação meticulosa e grande maturidade estética.”,
refere Paulo Artur Ribeiro Baptista, em “A Casa Biel e as suas edições fotográficas no Portugal de Oitocentos” (Lisboa: Edições Colibri, 2000, pp. 157; aqui).
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Cada fascículo é composto por uma ou duas localidades ou monumentos, por vezes um percurso, apresentando ao longo de 4 páginas (duas folhas, frente e verso) um texto de um vulto da cultura, que faz uma descrição histórica e artística, seguindo-se as fotografias, fototipias, apresentando quer panorâmicas, quer detalhes, usos e costumes.
As fotografias encontram-se apenas nas páginas ímpares, sendo o verso não impresso e estão sobre cartolina. No geral, cada página integra uma fotografia, sobre a vertical ou horizontalmente, pontualmente duas. Identifica o local e o monumento, bem como a coleção e o editor.
De acordo com António Sena, “As fotografias relativas a Lisboa e ao Sul do país, Alentejo e Algarve, foram expressamente realizadas por Cunha Moraes a partir de 1901.” (História da Imagem Fotográfica em Portugal 1839-1997, Poorto: Porto Editora, 1998, p. 174).
Os textos foram impressos na tipografia de António José da Silva Teixeira, também no Porto, na Rua da Cancella Velha, 70, e as fototipias por Biel.
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Cada volume apresenta no final um resumo dos autores dos textos.
Dada a vastidão do país e da obra, os fascículos vão saindo ‘alternados’ pelas regiões, inclusive para cativar todos os leitores / colecionadores, de norte a sul. Não sei se as capas foram distribuídas volume a volume ou apenas no final da obra (em 1907 ou 1908), com a garantia de as capas serem iguais ao longo de toda a coleção, o que também se verifica.
De referir que se conhecem diferentes capas (pele cores base grenat e verde, lombada em pele cor castanha (meia carneira), tecido verde, etc), mas no geral cada coleção tem uma mesma capa.
Em 1908 foi reeditada / reencadernada a obra, também em 8 volumes, com diferente sequência dos fascículos, que veremos na próxima publicação.
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Emílio Biel & C.ª Editores, A Arte e a Natureza em Portugal, 1902-1908
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Dada a dimensão do fólio e o facto de as fotografias ocuparem apenas as páginas impares, para melhor leitura destas, não apresento o fólio completo, mas apenas uma parte.
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Pode conhecer a vida e a obra de Emílio Biel no Fascínio da Fotografia aqui.
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