ANTÓNIO JÚLIO DUARTE, ENSAIO, 2018

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António Júlio Duarte

Ensaio

Fotografia: António Júlio Duarte

Lisboa: Pierre von Kleist Editions, Alce Filmes / Março . 2018

Inglês e português / 24 x 30 cm / 64 págs

Brochura com sobrecapa

ISBN: 9789899944589

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António Júlio Duarte ENSAIO 1

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“Ensaio” foi fotografado entre 29 de agosto e 18 de outubro de 2015, no set de “Colo”, um filme de Teresa Villaverde. António Júlio Duarte não regista o filme ou a sua história, mas cria uma narrativa própria, partindo das pausas entre filmagens, dos atores, dos cenários, naturais ou construídos.

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Refere o editor:

Ensaio – a palavra em português significa tanto ensaio quanto ensaio – é um estudo melancólico sobre os mecanismos de construção da identidade. Ele gira em torno de um grupo de adolescentes e sua necessidade de preservar uma sensação de pureza ameaçada por um mundo de adultos em crise.

Desejo, incerteza, necessidade de assumir riscos, são as forças motrizes por trás de uma angústia silenciosa que só facilita o contato com a natureza.

Como numa canção de rock, AJD está no olho da tempestade, onde as coisas podem ser observadas mais pacificamente.

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José Marmeleira, no jornal Público, regista, conversando com António Júlio Duarte:

Em Ensaio, o artista não é actor, mas alguém que trabalha deste lado, com o seu ponto de vista, o seu olhar, os seus gestos, aproximando-se e afastando-se do filme. Quem se envolver com o livro rapidamente perceberá que não é o resultado de um trabalho documental. “Nunca tive a preocupação de seguir a narrativa do filme. Não era o que me interessava. Também não fazia sentido fazer fotografia de cena. Nem os filmes precisam hoje disso. Com o digital, é muito fácil tirar imagens que correspondem exactamente ao que está a ser filmado, aos planos de câmara. Também não queria um making-of, um trabalho semelhante ao da Eve Arnold  [fotógrafa americana que realizou para a agência Magnum um trabalho em redor de The Misfits, filme com Marilyn Monroe e Clarke Gable, realizado por John Huston em 1960], à volta dos os (sic) bastidores, da relação dos actores com a equipa”.

António Júlio Duarte podia criar um objecto, sem o compromisso de manter uma ligação com o filme de Villaverde. Restava saber de que modo esse processo se materializaria. “É uma situação um pouco usual quando se trabalha num filme, nestas condições. Encontrava-me dentro de um universo que foi construído, que foi pensado por outra pessoa. Como o poderia ou devia abordar? Pensei desde logo que ia manter o meu método, usando o flash e a luz externa e não a luz do director de fotografia do filme. Isso levou a que fotografasse, por uma questão prática, nos momentos de pausa e nos ensaios, quando podia interferir nas filmagens, como se estivesse a fotografar qualquer coisa que não era o filme”. Estaria a fazer outro filme? “Talvez, ou então apenas a relacionar-me com o que estava à minha volta, fotografando. Muitas vezes sentia que não estava a fotografar personagens de um filme, mas os actores. Tirando a fotografia inicial do retrato mais frontal, não houve da minha parte qualquer direcção sobre o que estava a acontecer”.

Em Ensaio, sucedem-se as imagens de pausas, paragens, esperas. Há uma candura nos gestos, nas poses dos corpos, nas relações que eles estabelecem entre si, na vulnerabilidade que comunicam. E página a página, sem se anunciar, um tópico vai soprando das imagens. “As fotografias foram feitas nos intervalos, mas as actrizes e os actores ainda não tinham saído completamente do universo ficcional. É como se ainda estivem a preparar-se, a ensair”. Assim que o trabalho se concluiu, António Júlio Duarte interrogou-se: “O que vou fazer com isto, o que quero fazer com isto? Que narrativa quero construir com esta imagens? Ao olhar para elas, percebi que queria trabalhar o universo dos adolescentes, que essa seria a linha do livro, que iria concentrar-me nisso. O livro é pensado muito numa espécie de narrativa de uma passagem para o universo dos adultos”.

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António Júlio Duarte, Ensaio, 2018

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O livro “Ensaio”, de António Júlio Duarte, com fotografias da rodagem do filme “Colo”, foi lançado no âmbito da estreia, em 17 de março de 2018, na Livraria Linha de Sombra, da Cinemateca Portuguesa, em Lisboa.

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O filme “Colo”, escrito, realizado e produzido por Teresa Villaverde (drama, cor, 2017, 136 min., M/16), é “sobre a desintegração das famílias afectadas pela crise económica.”

Quando o pai fica desempregado, a mãe vê-se subitamente sobrecarregada com todas as despesas familiares. Por causa disso, arranja um segundo emprego, o que a desgasta ainda mais e lhe retira tempo para a família. Descurada por um pai desalentado e uma mãe esgotada, a filha adolescente revolta-se…”

São atores: João Pedro Vaz, Beatriz Batarda, Alice Albergaria Borges, Tomás Gomes, Dinis Gomes, Ricardo Aibéo, Rita Blanco, Simone de Oliveira e Clara Jost.

A ficha técnica: Realização – Teresa Villaverde, Argumento – Teresa Villaverde, Diálogos – Teresa Villaverde, Director de Fotografia – Acácio de Almeida, Montagem – Rodolphe Molla, Som – Vasco Pimentel, Direcção de Arte – Maria José Branco, Assistente de Realização – Paulo Belém, Direcção de Produção – António Gonçalo, Co-produtor – Cécile Vacheret, Produção – Teresa Villaverde / Alce Filmes

“Colo” foi o filme de abertura do Festival IndieLisboa e Prémio Bildrausch Ring of Cinema Art no Festival Bildrausch e o Prémio Sauvage, principal galardão do 13.º Festival “L’Europe Autour de l’Europe”, 2018.

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Mais informação sobre o livro aqui.

O artigo de José Marmeleira no suplemento Ypsilon do jornal Público, sobre o livro, aqui.

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