JOSÉ PEDRO CORTES, UM REALISMO NECESSÁRIO
A exposição de José Pedro Cortes, “Um Realismo Necessário”, apresenta-se no Museu Nacional de Arte Contemporânea, Museu do Chiado, em Lisboa, de 28 de junho a 28 de outubro de 2018.
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O corpo de trabalho de José Pedro Cortes, dos últimos anos, encontra-se reunido sob o título “Um Realismo Necessário”. Este nome é reflexo, naturalmente, do seu modo de ver e da forma como a fotografia faz parte da sua vida e do modo de estar no mundo atual.
Um fragmento deste projeto foi mostrado na exposição “Mirror Plant” / “Planta Espelho”, na Galeria Francisco Fino (aqui), uma parte é a que se apresenta na exposição patente no Museu do Chiado.
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António Bracons, Aspetos da exposição de José Pedro Cortes, “Um Realismo Necessário”, no MNAC – Museu do Chiado, 2018
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Branco, branco, branco.
Branco é a cor dominante. Da antecâmara preta, uma abertura dá passagem para o branco da exposição: branco das paredes e tetos, branco (ou claro) do pavimento, branco das molduras, branco dos passepartouts, branco da luz do sol que entra pelas janelas.
Branco. A luz.
O branco domina todo o espaço, interrompido aqui e alem por retângulos de cor (ou preto e cinzas e branco): as fotografias.
As portas deixam entrever a continuidade, espreitar para mais além, ver mais longe. Outro espaço, outra pessoa, outra realidade.
A mesma realidade.
Na última sala (do lado direito), um olhar do corredor parece estar em espera. E nesse estar em espera, desafia-nos a continuar. A passar para o outro lado,
para uma sala negra.
Uma projeção vídeo: “Workout 7M”, 2018, HD vídeo, som, cor, 9’40”.
O movimento, lento, sereno.
Sempre a presença humana. A presença do corpo. Também na obra, mas sobretudo na ação.
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José Pedro Cortes, “Workout 7M”, 2018, HD vídeo, som, cor, 9’40” (film stills).
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Na folha de sala lemos:
Em “Um Realismo Necessário”, José Pedro Cortes renova a sua forma de olhar para a matéria e a superfície do nosso tempo a partir de um conjunto de fotografias, feitas entre 2005 e 2018, que revelam o seu interesse na representação do corpo humano.
Fazer retratos e olhar para o outro sempre foi uma forma de José Pedro Cortes pensar a realidade que nos rodeia. Como criador de imagens, aceita a complexidade deste tempo, a sua fabricação e os seus impulsos, a sua vulnerabilidade e beleza, que não permite leituras dogmáticas. Em contraste com o realismo neoliberal, as suas imagens afirmam a necessidade de não nos deixarmos subordinar à visão pragmática da vida, porque a realidade não é mecânica, linear ou numérica, mas um desafio que diariamente exige atenção e reflexão. Nestas salas, percorremos homens e mulheres que nos olham, outros que sensualmente se acariciam na cama ou observamos um grupo de amigos que languidamente descansa num relvado, numa tarde de verão. Não há geografias ou tempos, e, enquanto, espectadores das fotografias de José Pedro Cortes, somos voluntariamente convidados a fazer movimentos rápidos, lentos, intensos, que vão do interior para o exterior, percorrem os centros e as margens e que tentam encontrar a vida, mas também o esqueleto e a ruína que o tempo deixa na sua passagem.”
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Com a inauguração da exposição foi editado o livro “A Necessary Realism”, pela Pierre von Kleist Editions. Pode ver aqui.
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José Pedro Cortes é natural do Porto(1976) , estudou no Kent Institute of Art and Design (Master of Arts in Photography). Desde 2005 que expõe regularmente tendo apresentado o seu trabalho em contextos de exposições nacionais e internacionais, nomeadamente no Centro de Fotografia (Porto, 2005), no Museu da Imagem (Braga, 2006), na Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa, 2007), no Centre Gulbenkian Paris (2012), no CAAA – Centro para os Assuntos da Arte e da Arquitectura (Guimarães, 2013), no CAV – Centro de Artes Visuais (Coimbra, 2013), no Museu de Serralves (Porto, 2014), no CGAC – Centro Galego de Arte Contemporánea (Santiago de Compostela, 2015), no Canadian Centre for Architecture, (2015, Toronto), no Deichtorhallen Hamburg (2012) e no Museu da Electricidade (Lisboa, 2015). Em 2014 foi um dos três nomeados para o prémio BESPhoto 2014 e, em 2016, foi um dos quatro artistas convidados para desenvolver um trabalho inédito para a BF16 – Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira. Já em 2018, expôs Planta Espelho na Galeria Francisco Fino em Lisboa.
Já publicou quatro livros, Silence (2005), Things Here and Things Still to Come (2011), Costa (2013) e One’s Own Arena (2015), editados pela Pierre von Kleist Editions, de que é fundador e editor.
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Pode ver sobre a exposição no site do MNAC, aqui.
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