MANUEL MAGALHÃES, ÁLBUM 1973 | 2003, 2004

Em memória de Manuel Magalhães (Porto, 10 de abril de 1945 – Porto, 11 de agosto de 2018)

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Manuel Magalhães

Álbum 1973 | 2003

Fotografia: Manuel Magalhães / Texto: Jean-Claude Lemagny, José Afonso Furtado / Design: Joana Mota Liz

Porto: Edições Caixotim / Fevereiro . 2004

Português, francês, inglês / 28,8 x 28,8 cm / 56 págs.

Cartonado a tecido cor laranja, com sobrecapa branca com autor e título gravado sem cor, em manga de cartolina branca, rosto gravado como a capa, verso ISBN impresso a preto

ISBN: 9789728651459

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Estava de férias quando os meios de comunicação social noticiaram a morte de Manuel Magalhães. Imediatamente tive presente a sua obra, quer as suas fotografias de sólidos geométricos brancos, que vi, em Coimbra, no Centro de Estudos de Fotografia, na Associação Académica, talvez em 1985, quer algumas imagens de natureza (que creio também ter lá visto) quer os seus livros.

Escolho este livro para começar a mostrar o seu trabalho, pois, a par da paisagem e do detalhe, especialmente do Porto, que o seu olhar de arquiteto não descura, a natureza foi uma presença constante na sua obra. Por outro lado, este livro cobrindo trinta anos de atividade, apresenta uma linha do seu trabalho ao longo de um período significativo. Magalhães dedica-o ‘à memória dos seus pais e da sua neta Matilde’.

A edição é extremamente cuidada, como acontece com a generalidade das edições da Caixotim, editora portuense com uma vida breve, mas com grandes edições. Cuidada no grafismo, na impressão e na apresentação. Os textos apresentam-se cuidados, as imagens em grande dimensão, sem qualquer perturbação. Os locais e o ano estão identificados no final da obra, depois das notas biográficas dos autores.

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A natureza é exuberante nas fotografias de Manuel Magalhães. Por vezes, sem, aparentemente, brancos puros e negros puros, mas numa volúpia de cinzentos, de muito claros a muito escuros e todos os intermédios. Estão lá os ramos e os troncos, as árvores, as plantas, o detalhe das folhas, o que está perto e o que está mais afastado, a terra, o húmus, as rochas, a água corrente, o céu. A exuberância da vida. Sempre a preto e branco.

Leio o texto que Jean-Claude Lemagny escreveu, em 1999:

Ainda o vejo, com aquele sorriso luminoso, Jean Beaufret, nosso maravilhoso professor de filosofia, quando de repente interrompeu a explicação para afirmar: “Sabem que há o céu, e há a terra”. E prosseguiu tecendo um outro comentário, depois de plantar aquela pequena semente nos nossos cérebros.

(…)

Manuel Magalhães leva-nos em passeio pelos bosques. Entre a Terra e o Céu é aqui nos bosques, densos, sombrosos, exuberantes. Mas nunca se deixa de sentir a Terra e o Céu. (…)”

José Afonso Furtado acrescenta:

Enquanto em Ansel Adams a natureza se transforma numa catedral e a maioria das suas imagens perdem a noção da escala do homem, as fotografias de Manuel Magalhães assumem decididamente a dimensão humana. E a prova-lo está o modo como utiliza a luz, que nunca é directa, forte ou marcante, mas antes captada de um modo subtil e reservado, pontuando vastas zonas de sombra. Assim, a profundidade não é mais relevante, a natureza está já ali e nós com ela.”

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Manuel Magalhães, Álbum 1973 | 2003, 2004

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Manuel José Nascimento Magalhães é fotógrafo, investigador na área da História da Fotografia e arquiteto, licenciado em 1976 pela Escola Superior de Belas-Artes do Porto, tendo sido bolseiro da Secretaria de Estado da Cultura em 1981, para estudar em Itália na área da Reabilitação e Recuperação Urbana. Iniciou a sua carreira com Fernando Távora e integrou a Brigada SAAL da Zona da Lapa, no Porto, colaborando em múltiplos projetos de recuperação e renovação urbana. Em 1984 integrou o quadro da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia.

Desde 1970 que se dedica também à fotografia, quer como fotógrafo, quer como investigador da sua história, sobretudo no que concerne ao Porto. Integrou o Grupo IF [Ideia e Forma] durante 1977-1984 e foi um dos fundadores da Galeria Imago Lucis, no Porto, a primeira galeria portuguesa totalmente vocacionada para a fotografia.

Como fotógrafo, comissariou a exposição de Mimmo Jodice – Álvaro Siza, na Fundação de Serralves, no Porto, 1990.

Manuel Magalhães expôs individual e coletivamente um pouco por todo o mundo. Refira-se, entre outros, os I Encontros de Fotografia de Coimbra, 1980, a Galeria Il Diaframma, Milão, 1982; Centro di Fotocultura, Verona, 1984; Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, 1987, Galera Quadrado Azul, Porto, 1987, Septembre de la Photo, Nice,1989, Encontros da Imagem em Braga, Imago Lucis, Porto, 1991 e 1995, Galeria Arena, Arles, 1992, Galeria do Leal Senado de Macau, 1988 e 1996, Galeria Serpente, Porto, 1999 e 2004, Galeria Nam Van, Macau, 1999 e 3ª Bienal Internacional de fotografia Cidade de Curitiba, 2000. Está representado em diversas coleções.

Manuel Magalhães colaborou com diversos jornais e revistas, e com outras publicações, como o livro Daqui Houve Nome Portugal, org. de Eugénio de Andrade, Porto: Porto Editora, 2000. Publicou além deste, o livro “Manuel Magalhães”, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1987 (catálogo de exposição) e “A Lenda do Rei Ramiro”, Porto: Centro Português de Fotografia, 1999.

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Pode conhecer melhor a obra de Manuel Magalhães aqui.

Pode ainda ler e ver o trabalho de Manuel Magalhães sobre História da Fotografia, nos seus blogues “fotohist” aqui e “albuminasetc” aqui; sobre o seu trabalho no C.R.U.A.R.B (Comissariado para a Renovação Urbana da Área Ribeira-Barredo) e o Porto, em “foiassimk”, aqui e “urbanoporto”, aqui; sobre as suas viagens em “vi-isaw”, aqui.

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