JORGE MOLDER, O ESTRANHO SUBSTITUTO

Entrevistado e fotografado por Pedro Ventura, Luís Lemos, Artur Moreira

Exposição e entrevista no Pavilhão 31 do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, de 10 de maio a 31 de agosto de 2018

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Jorge Molder, o velho substituto – o pequeno gabarito – grande fuga – as Satan – anda cá – substitute – faca – o jovem substituto – a shuriken – o retrato do outro (secção homenagens) – peregrino.

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O Pavilhão 31 do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa prossegue a sua intervenção conjugando pacientes e artistas.

Jorge Molder (Lisboa, 1947) apresenta uma fantástica exposição: na parede à esquerda da entrada, por onde se inicia a visita, 3 imagens de “Comportamento Animal” (2002), a que se seguem, nas restantes paredes, 24 da imagens da série “O estranho substituto” – algumas com alusão a este título outras com outros títulos diversos. Todas as imagens desta série são impressas em papel de algodão, estão fixas diretamente à parede.

Às auto-representações – como um substituto – o velho, o, e o jovem – caracterizado, pintado, como que alterando a sua expressão, ou “como Satan”, “o Diabo”, onde aparece sem máscara, ele próprio, espreitando, juntam-se outros retratos (secção homenagens) e diversos objetos, pequenos, mas com um detalhe, pequenas peças arrumadas com exatidão na mancha preta da imagem.

Todos os títulos (exceto ‘Satan’) são em minúsculas, como que breves apontamentos, anotações: “o velho substituto”, “o pequeno gabarito” (um fragmento de fita métrica), “janelas do meu quarto”, “o pequeno caderno de”, “o equílibrio possível (taça partida)”, “o pequeno faraó” e “muito pouco” (1.º conjunto de imagens), “retrato de (secção homenagens)”, “distâncias e aproximações (secção homenagens)”, “grande fuga” (2.º conjunto); “o substituto”, “às contas com”, “x à noite”, “as Satan”, “anda cá”, “a coisa”, “aceso” (a 3.ª série, parede do fundo); “substitute”, “faca”, “o jovem substituto”, “a shuriken” (4.ª série), “o retrato do outro (secção homenagens)”, uma sua auto-representação e as 2 últimas imagens: “a estrela desagradavelmente próxima” e “peregrino”.

Temos assim (aparentemente) a mesma caraterização para o velho e o novo substituto, esse estranho substituto, em que reconhecemos as feições de Molder, que se substitui a ele pela máscara (pintura), procurando não ser quem é – ou ser quem não é? É ele que se embrulha em “o retrato do outro (secção homenagens)”, ele é o outro, está por trás do outro, quer ser o outro.

Os objetos e lugares (“janelas do meu quarto”) serão pessoais, fazem parte da sua própria imagem, da sua vida. E, no oposto dos fundos escuros, um candeeiro “aceso”, ou a sua imagem “as Satan” – como diabo – onde não tem máscaras – e “anda cá”, mãos nuas que chamam. A última imagem, “peregrino”, será também ela uma auto-representação? De qualquer modo, representa uma atitude, um modo de estar – ou de viver – ou de caminhar (por oposição ao diabo?), que mostra um sentido.

Estamos num hospital psiquiátrico. Este “estranho substituto” é o outro que está em si próprio. O “estranho substituto” é o outro “eu”.

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António Bracons, Jorge Molder, O estranho substituto, Aspetos da exposição, 2018.

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O Estranho Substituto surge no conceito do projeto Entrevista. Entrevista é um projeto que consiste numa exposição individual de um artista consagrado que é entrevistado e fotografado por artistas do Atelier de Artes do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa.”

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Na sala contígua, podemos assistir a uma interessante conversa de cerca de meia hora com Jorge Molder, entrevistado por Pedro Ventura, Luís Lemos e Artur Moreira (ainda não disponível on-line), onde fala sobre a sua obra e a sua vida, a fotografia e a filosofia, os projetos e as imagens.

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Exposição a não perder no Pavilhão 31 do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa – Hospital Júlio de Matos, na Avenida do Brasil, 53, de 10 de maio a 31 de agosto de 2018 (2.ª a 6.ª feira, das 10:00 às 16:00).

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O Pavilhão 31 é um espaço no qual se promove o desenvolvimento artístico, no máximo das suas vertentes, reabilitando mentalidade(s) e apostando numa ação de responsabilidade social direcionada para a doença mental.

Tem como premissa a partilha entre artistas conceituados e artistas do Atelier de Artes do CHPL.”

Esta exposição esteve integrada no circuito da ARCO Lisboa (10 a 13 de maio de 2018).

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