JOÃO PEDRO MARNOTO, NOVE MESES DE INVERNO E TRÊS DE INFERNO, 2018

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João Pedro Marnoto

Nove meses de Inverno e três de Inferno

Fotografia: João Pedro Marnoto

Peso da Régua: Museu do Douro; MediaUtopia e Âncora Editora / Março . 2018

Português e inglês / 17,6 x 25,0 cm / 168 pp., não numeradas

Cartonado / revestido a tecido preto com reprodução de fotografia colada na capa, cinta amovível / 1.000 ex.

ISBN: 9789727806232

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Na viragem do século e por pouco mais de uma década, a vida encaminhou-me para as terras de Trás-os-Montes e Alto-Douro, onde acabei por viver e trabalhar. Tal despoletou um processo de reflexão pessoal a questionar certezas cada vez mais acomodadas na planura do mundo e formatadas no zapping dos dias. E assim a cidade ficava cada vez mais para lá do horizonte.”

João Pedro Marnoto

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Sobre a capa negra, o Douro serpenteia no vale definido pelas encostas frias e duras, lá em baixo, o sol dá uma luminosidade quente. O título, contudo, parece contrariar este olhar de paraíso: “Nove meses de Inverno e três de Inferno”, uma expressão popular que retrata bem a terra e a vivência.

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João Pedro Marnoto mergulhou na vida e na paisagem duriense e transmontana: as fragas intemporais, as terras (quase) inóspitas, as pontes que se constroem, para que as viaturas e as pessoas passem, lá em cima, sem magoar ou perturbar a paisagem e a calma. Os homens e mulheres, como que feitos do mesmo material da paisagem, desafiam o tempo, o frio, o calor, rasgam a terra, tiram dela o vinho, a fruta, os alimentos do dia a dia e cuidam dos animais, que com eles partilham a dureza. A fé, a confiança em algo maior, patente na religiosidade do povo, dá força e ânimo, a par dos encontros com a família e os amigos no aconchego do lar, a lareira quente, a televisão que traz notícias do mundo, ou no espaço do café local.

Ao longo da obra as fotografias sucedem-se, no geral ocupando a totalidade de cada fólio, pontualmente uma em cada página e, então as margens negras, se as há. Marnoto faz-nos mergulhar assim na paisagem e na vivência cheia de cor destas terras, sem deixar espaço para outra respiração que a destes ares de montanha.

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Sobre a obra, o autor regista:

Tomando partido numa expressão popular oriunda do Douro e Trás-os-Montes, o trabalho relata uma Viagem, num processo de procura e redenção pessoal. Refletindo sobre as gentes enraizadas na terra que lhe sustenta a fome e devotas na fé que lhes aponta aos céus, é uma abordagem sobre a contemporaneidade partindo de uma premissa e perspectiva do espaço rural.

Enquanto o alcatrão nas estradas e as barragens nos rios ganham terreno sobre a natureza, o homem perdura numa coexistência árdua com o meio natural, salientando um passado vincada pelo esforço e rigor tanto físico quanto espiritual, em contraste com um presente onde parece dominar uma cultura tanto de comodismo como exaltação moral. Aliado a um forte sentimento de pertença, tão alheada dos confortos urbanos da cidade para lá do horizonte, personifica uma cultura em confronto continuo com novas realidades e desafios sociais e económicos.

Em última instância, uma reflexão sobre a condição humana assente sobre três vértices: a relação com a Terra, a Fé e o Progresso.”

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João Pedro Marnoto, Nove meses de Inverno e três de Inferno, 2018

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O projeto foi começado em 2006, sendo concluído com o apoio do Museu do Douro. Inclui uma série fotográfica, este livro e um filme (a que o livro dá acesso através de um código). A exposição foi apresentada naquele museu, de 2 dezembro de 2017 a 28 fevereiro de 2018 e encontra-se em itinerância: está no Auditório Municipal de Alijó, de 24 de maio a 5 de agosto de 2018 e no Museu do Côa de 4 de outubro a 25 de novembro de 2018.

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João Pedro Marnoto nasceu em 1975 e foi criado na cidade do Porto, tendo concluído a formação académica em fotografia no Reino Unido em meados dos anos 1990. Desenvolveu ao longo dos anos um trabalho na área do documentário em paralelo como meio de exploração pessoal.
Estendendo as suas ferramentas de trabalho da fotografia ao vídeo, a sua abordagem pretende ser um exercício íntimo de consciencialização, com os seus projetos refletindo sobre questões de identidade e da condição humana dentro de uma perspetiva ambiental e sociológica.

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Pode conhecer melhor o projeto e o autor aqui.

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