AUGUSTO CABRITA: A PAISAGEM E AS GENTES

25 anos da morte de Augusto Cabrita (Barreiro, 16 de março de 1923 – Lisboa, 1 de fevereiro de 1993)

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Augusto Cabrita

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Augusto António do Carmo Cabrita, mais conhecido como Augusto Cabrita, nasceu no Barreiro a 16 de março de 1923.

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Augusto Cabrita

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Nessa cidade fez os seus estudos primários e secundários, e iniciou-se em desportos como o remo e a natação, no Clube Naval. Aos 13 anos começou o seu interesse pela fotografia, sendo autodidata, mas o seu primeiro emprego foi no escritório da Grande Garagem do Sul, que pertencia à família.

Cabrita também nutria uma paixão pela música e começou a tocar de ouvido, inicialmente piano, depois também acordeão e celesta. Frequentava os estúdios e salas da Valentim de Carvalho, em Lisboa, o que lhe permitiu praticar piano e estabelecer relações de amizade com os diretores da empresa. Acompanhou ao piano diversos artistas em gravações, que depois viria a fotografar no seu estúdio: fez a fotografia de diversas capas de discos de Amália Rodrigues, Simone de Oliveira, Carlos Paredes, Luiz Goes, Maria Barroso (poemas), entre outros.

No final dos anos 40 marcou presença em exposições e concursos nacionais e internacionais de fotografia, como o Prémio Rizzoli, de fotografia publicitária, em Itália.

Em 1956 casou com D. Maria Manuela Peixinho de quem teve três filhos: Maria Manuela, Augusto António, que é fotógrafo, conhecido como Augusto Cabrita Junior,  dando continuidade ao seu estúdio, e Luísa Maria. Morava na Rua dos Combatentes da Grande Guerra, 26.

Foi operador, diretor de fotografia, realizador e produtor, mas sobretudo fotógrafo, repórter, o que mais gostava de fazer. Tinha o seu estúdio na sua cidade natal, que inaugurou em 1956, na Rua Dr. Eusébio Leão. Fotografou a cidade, o Tejo, as suas gentes, as suas empresas, destacando-se os registos que fez da CUF – Companhia União Fabril, “compreendia como poucos o que era o ambiente fabril e do operariado desta cidade do sul do Tejo” (António Lopes).

Fez a fotografia para toda a obra literária de Carlos de Oliveira.

Foi fotojornalista do jornal O Século e das revistas Eva, Flama, Século Ilustrado e colaborou com diversas revistas um pouco por todo o mundo.

Foi sócio do Grupo Câmara, de Coimbra, tendo participado em 3 exposições: na VI Exposição Anual de Arte Fotográfica – II Internacional (Coimbra, 29 Nov. a 13 Dez. 1953), na VII Exposição Anual de Arte Fotográfica – III Internacional (Coimbra, Nov. 1954) e na IV Exposição Internacional 1955 (Coimbra, 27 Nov. a 11 Dez. 1955).

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IX EGAP, 1955 – página do catálogo onde se inclui Augusto Cabrita.

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Em 1955 participou na IX EGAP – Exposição Geral de Artes Plásticas, com 8 fotografias (264-271), a par de outros nomes como Alberto Cardoso, Bento d’Almeida, Francisco Keil do Amaral, Manuel Correia, Victor Palla ou Frederico Pinheiro Chagas, engenheiro na CUF, um dos  principais dinamizadores da Secção de Fotografia do Grupo Desportivo da CUF (conjuntamente com Eduardo Harrington de Sena), organizador dos Salões de Arte Fotográfica do Barreiro, realizados desde 1951, em que Cabrita também participava.

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Augusto Cabrita, «”Alentejo”, exposta na 9ª EGAP segundo ET [Emília Tavares]. No livro “Augusto Cabrita – Na outra margem, o Barreiro Anos 40-60”, de 1999, as legendas de Gilberto Gomes identificam com o nome Alentejo o barco à direita. em baixo, sem excluir aquela atribuição.» (Alexandre Pomar)

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Em 1957 surgia a RTP – Radio Televisão Portuguesa. Cabrita realizou a reportagem da visita da Rainha Isabel II a Portugal, e continuou na década de 1960 e 1970, tendo realizado mais de 650 documentários, curtas-metragens e reportagens para a RTP.

Iniciou-se no cinema o diretor de fotografia do filme/documentário Belarmino (1964), de Fernando Lopes, que retrata a vida do pugilista Belarmino Fragoso.

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“Belarmino”. Cartaz de cinema.

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Participou em várias produções de cinema, como: “Improviso sobre o Algarve” (curta-metragem, 1960); “Macau” (curta-metragem, 1961); “Na corrente” (curta-metragem, 1970); “Uma viagem” (curta-metragem, 1970); “O mar transporta a cidade” (curta-metragem, 1977); “Uma história de trens – uma viagem de Hans-Christian Andersen” (1978); “Lisboa” (1979) e “Açores, Ilhas do Atlântico” (1979).

Augusto Cabrita foi autor de diversos livros, entre eles: “50 anos da CUF no Barreiro” (1958-59);

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“Portugal, um país que vale a pena conhecer” (1972) e “Um ponto de vista fotográfico”, edição Europália (1993).

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Em 1999, é editado pela CUF o livro “Augusto Cabrita – Na outra margem, o Barreiro Anos 40-60”, da autoria de Joaquim Aguiar.

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Realizou ainda a fotografia de diversos livros, em colaboração com a Editorial Verbo, Lisboa: “Cozinha tradicional portuguesa”, de Maria de Lourdes Modesto (1982), com António Homem Cardoso; “As mais belas vilas e aldeias de Portugal” (1984)

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e “Os mais belos castelos e fortalezas de Portugal” (1986), ambos com texto de Júlio Gil, “Parques e reservas naturais de Portugal” (1990), com a colaboração de Rui Cunha e com texto de Pedro Castro Henriques e “Os mais belos rios de Portugal” (1994), com texto de João Conde Veiga. Colaborou também com várias fotografias para “Amália – Uma estranha forma de vida” (1992), de Vítor Pavão dos Santos.

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Augusto Cabrita, Amália Rodrigues

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Foi galardoado com diferentes distinções e prémios: Comendador da Ordem do Infante D. Henrique (24.08.1985); Medalha “Barreiro Reconhecido” na Área da Cultura Artes e Letras (1986); Medalha de Mérito Distrital de Setúbal (1991); Prémio Rizzoli, Prémio Internacional de Fotografia Publicitária, Itália; 1.º Prémio de “Melhor Conjunto de Expositores Nacionais” (1958); Prémio da Critica (1962); Prémio Nacional de Cinema, pelo filme “Belarmino” (1964); Prémio Bordalo: Prémio da Imprensa da Casa da Imprensa, categoria “Televisão” (1970) e Prémio Nacional de Cinema “Aurélio Paz dos Reis” categoria “Realização” (1971).

Augusto Cabrita é um dos fotógrafos que integraram a exposição “Olho por Olho – Uma História de Fotografia em Portugal”, promovida pela Galeria Éther – vale tudo menos tirar olhos, em 1992, e que estará na origem da Coleção de Fotografia da Secretaria de Estado da Cultura.

A doença prolongada que o foi abatendo – permitindo contudo desenvolver alguns trabalhos em período de tréguas – foi a causa da sua morte, em 1 de fevereiro de 1993, em Lisboa, no Hospital da CUF.

Em sua memória foi dado o nome de Augusto Cabrita, em 1999, à anteriormente conhecida por Escola Secundária do Alto do Seixalinho e ao Auditório Municipal, ambos no Barreiro.

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Rui Serrano, Sérgio Odeith – Homenagem a Augusto Cabrita, 2016

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Em 2016, Sérgio Odeith, writer, pintou numa empena de 25 m de altura, na Av. da Praia, no Barreiro, um mural de homenagem ao fotógrafo.

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A participação de Augusto Cabrita na IX EGAP, em 1955, pode ser vista no site de Alexandre pomar, aqui.

Pode ver as fotografias de Rui Serrano no site de Sérgio Odeith aqui.

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