VALTER VINAGRE, A VOZ NA CABEÇA, 2017
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Valter Vinagre
A voz na cabeça
Fotografia: Valter Vinagre / Texto: Fernando Santos Freire, João Pinharanda
Vila Nova da Barquinha: Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha / Março . 2017
Português e Inglês / 14,9 x 19,4 cm / 96 págs.
Cartonado, capa em tecido cinza, letras a azul / 500 ex.
ISBN: 9789899903623
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Este é um PEQUENO livro. Como que cabe na mão. Quer uma leitura pessoal, intimista.
A capa de tecido cinza. Abro, as guardas em azul-cobalto, como a cor do título na capa e na lombada, como, por vezes, a cor do Tejo que aconchega a Vila e define o Concelho.
As imagens centram-se num formato reduzido. Nas páginas, margens brancas centram nelas o olhar. Páginas em branco marcam uma leitura, desafiam uma descoberta, criam uma cadência.
A Barquinha desde sempre, teve uma importância marítima de relevo, a proximidade do rio e os transportes fluviais foram razão do seu desenvolvimento e enriquecimento, que o comboio veio a penalizar. Não existem há muito, barcos a fazer a travessia entre margens e os longos transportes rio acima rio abaixo já não têm a importância de outrora.
Valter Vinagre, desde Julho de 2015 e ao longo de vários meses foi e voltou à Barquinha, umas vezes à noite, outras de dia, percorrendo o Concelho e as margens do seu Rio… Falou com as pessoas da terra, com o “historiador” local António Luís Roldão, (que vemos em fotografia na biblioteca) e com tantos outros… Encontrou a família Dias, cerca da meia-noite, no Campo de Jogos do Parque de lazer, onde a luminosidade permitia um pic-nic… Procurou pessoas de famílias influentes na terra, que aparentemente não seriam de acessibilidade fácil, mas as duas irmãs Lourenço, octogenárias, descendentes de italianos que ali se fixaram no final do séc. XIX, e a jovem zeladora que as acompanha, foram uma simpatia: horas de conversa, uma cultura vasta e a disponibilidade total para se deixarem fotografar.
Na Barquinha, reconhece uma das irmãs Cardinalli, a Irene, que fora trapezista, e cuja imagem retém na memória dos seus tempos de juventude e de a ver no circo. A Julieta Rodrigues, fadista, no seu pequeno mundo, a sua pequena sala em casa, e outras figuras caraterísticas, como José Urbano o “Barriga d’aço”, que descasca cebolas para o restaurante da irmã, casada com o Carlos Quaresma, orgulhoso no seu descapotável vermelho com tapetes azuis (aqui a preto – sempre muito preto – e branco), ou o Francisco Manuel, o “Chico dos Pombos” de Tancos, que registado entre os bichos, mais lembra as imagens de Fellinni, e tantos outros que conhece e dos quais regista a história dos lugares. São mais que simples paisagens. Há uma história de vida e a realidade de cada lugar, em cada retrato.
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Este livro sente-se como… uma voz na cabeça.
“A voz na cabeça” é um título inspirado no barqueiro de Almourol que recorrentemente falava dessa Voz interior, quiçá influência das lendas de Almourol e da Cardiga ou das pelejas entre moiros e cristãos ou do romantismo do Castelo, que hodiernamente fascinava a sua mente.”
, conta Fernando Santos Freire, presidente da Câmara de Vila Nova da Barquinha.
O livro contempla, ainda o texto “Vir ver de noite – Memórias queimadas”, de João Pinharanda, curador do projeto. (ver abaixo).
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Valter Vinagre, A Voz na Cabeça, 2017
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Visitei a exposição de Valter Vinagre (Avelãs de Caminho, 1954), “A Voz na Cabeça”, que se mostrou na Galeria do Parque de Escultura Contemporânea Almourol (PECA), de 18 de março a 31 de maio de 2017. Livro e exposição, resultaram da 1ª Edição das Residências Artísticas 2015. As Residências Artísticas resultam de uma parceria entre o Município de Vila Nova da Barquinha, IPT- Instituto Politécnico de Tomar e Fundação EDP
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Convite da exposição
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O que ressalta quando chegávamos à Barquinha é o destaque dado: a exposição está anunciada em diversos “mupis” e num cartaz enorme na rotunda junto à estação de caminho-de-ferro, ponto de passagem obrigatório de quem passa pela vila ou vai da Barquinha para Tancos ou Almourol. Isto reflete a importância que a iniciativa tem para a autarquia – ou não seja, também, este projeto em concreto, um retrato atual do município.
A exposição ocupa o espaço da galeria. Não demasiado grande, mas intimista, acolhe espaços (mais que paisagens) e retratos de pessoas do concelho.
As imagens lá estão, preto no branco, em moldura preta contra as paredes brancas.
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Uma janela, deixa antever o Parque de Escultura Contemporânea Almourol, que se estende ao longo do Tejo numa extensão vasta e acolhe um conjunto de obras notável.
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António Bracons, Aspetos da exposição “A voz na cabeça” de Valter Vinagre, Vila Nova da Barquinha, 2017
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Folha de sala (com 8 págs) onde se incluem os textos de Fernando Santos Freire, presidente da Câmara, e de João Pinharanda, curador do projeto, “Vir ver de noite – Memórias queimadas”.
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A exposição mostra-se em Lisboa, no Espaço NOVO BANCO, na Praça Marquês de Pombal, 3, em Lisboa, de 7 de junho a 31 de julho de 2017. Na inauguração, o autor falou do seu trabalho e fez uma visita guiada às suas imagens na Coleção de Fotografia Contemporânea do NOVO BANCO: a série “Variações sobre um fruto”, 2005 e algumas imagens suas do projeto “A State of Affairs”, 2009, do Coletivo Kameraphoto, que integrou, entretanto extinto.
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António Bracons, Aspetos da exposição “A voz na cabeça” de Valter Vinagre, Lisboa, Espaço NOVO BANCO, 2017
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Sobre este projeto pode ver no Fascínio da Fotografia, aqui.
Pode ver sobre a obra de Valter Vinagre no Fascínio da Fotografia, aqui.
No site de Valter Vinagre, aqui.
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