ANTÓNIO BRACONS, SANTUÁRIO E BASÍLICA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DE FÁTIMA, 2011 / 2017
Centenário das Aparições de Fátima (13 de maio de 1917 – 2017). O Papa Francisco, em Fátima, canoniza os beatos Francisco e Jacinta Marto.
.
.
.
António Bracons, Santuário, Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, 2011, 2012, 2017
.
.
.
A colunata do Santuário estende-se como um abraço, acolhe ao centro a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, para acolher os muitos peregrinos que desde o início se dirigiam ao local. Foi construída entre 1928, sendo sagrada em 7 de outubro de 1953, o projeto é do arquiteto holandês Gerardus Samuel van Krieken. No ano seguinte o Papa Pio XII concedeu o título de Basílica Menor.
Junto à colunata, do lado nascente, encontra-se o Monumento aos Beatos Francisco e Jacinta Marto, da autoria de Graça Cabral, inaugurado a 13 de Maio de 2003.
Para a visita do Papa João Paulo II em 12 de março de 1982, foi edificado um altar exterior, de paredes de vidro e teto em madeira, que permite a celebração para todo recinto, substituído em 2016 pelo atual, branco.
A Basílica acolhe nos altares laterais junto ao altar-mor, do lado direito, o túmulo de Francisco e do lado esquerdo o de Jacinta, a que se juntou em 19 de fevereiro de 2006 a Irmã Lúcia, Maria Lúcia de Jesus (Aljustrel, Fátima, 28 de março de 1907 – Coimbra, 13 de fevereiro de 2005).
As estátuas dos irmãos Francisco Marto (Aljustrel, Fátima, 11 de junho de 1908 – Aljustrel, Fátima, 4 de abril de 1919) e Jacinta Marto, (Aljustrel, Fátima, 11 de março de 1910 — Lisboa, 20 de fevereiro de 1920), esta da autoria de Clara Menéres, foram colocadas aquando da beatificação, em 13 de maio de 2000, pelo Papa João Paulo II, que se deslocou especialmente a Fátima. Francisco e Jacinta são canonizados hoje, 13 de maio de 2017, no Centenário das Aparições, pelo Papa Francisco.
.
.
.
A Eucaristia de canonização dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto foi presidida por Sua Santidade o Papa Francisco. Transcrevo de seguida o texto da sua homilia:
.
«Apareceu no Céu (…) uma mulher revestida de sol»: atesta o vidente de Patmos no Apocalipse (12, 1), anotando ainda que ela «estava para ser mãe». Depois ouvimos, no Evangelho, Jesus dizer ao discípulo: «Eis a tua Mãe» (Jo 19, 26-27). Temos Mãe! Uma «Senhora tão bonita»: comentavam entre si os videntes de Fátima a caminho de casa, naquele abençoado dia treze de maio de há cem anos atrás. E, à noite, a Jacinta não se conteve e desvendou o segredo à mãe: «Hoje vi Nossa Senhora». Tinham visto a Mãe do Céu. Pela esteira que seguiam os seus olhos, se alongou o olhar de muitos, mas… estes não A viram. A Virgem Mãe não veio aqui, para que A víssemos; para isso teremos a eternidade inteira, naturalmente se formos para o Céu.
Mas Ela, antevendo e advertindo-nos para o risco do Inferno onde leva a vida – tantas vezes proposta e imposta – sem-Deus e profanando Deus nas suas criaturas, veio lembrar-nos a Luz de Deus que nos habita e cobre, pois, como ouvíamos na Primeira Leitura, «o filho foi levado para junto de Deus» (Ap 12, 5). E, no dizer de Lúcia, os três privilegiados ficavam dentro da Luz de Deus que irradiava de Nossa Senhora. Envolvia-os no manto de Luz que Deus Lhe dera. No crer e sentir de muitos peregrinos, se não mesmo de todos, Fátima é sobretudo este manto de Luz que nos cobre, aqui como em qualquer outro lugar da Terra quando nos refugiamos sob a proteção da Virgem Mãe para Lhe pedir, como ensina a Salve Rainha, «mostrai-nos Jesus».
Queridos peregrinos, temos Mãe. Agarrados a Ela como filhos, vivamos da esperança que assenta em Jesus, pois, como ouvíamos na Segunda Leitura, «aqueles que recebem com abundância a graça e o dom da justiça reinarão na vida por meio de um só, Jesus Cristo» (Rm 5, 17). Quando Jesus subiu ao Céu, levou para junto do Pai celeste a humanidade – a nossa humanidade – que tinha assumido no seio da Virgem Mãe, e nunca mais a largará. Como uma âncora, fundeemos a nossa esperança nessa humanidade colocada nos Céus à direita do Pai (cf. Ef 2, 6). Seja esta esperança a alavanca da vida de todos nós! Uma esperança que nos sustente sempre, até ao último respiro.
Com esta esperança, nos congregamos aqui para agradecer as bênçãos sem conta que o Céu concedeu nestes cem anos, passados sob o referido manto de Luz que Nossa Senhora, a partir deste esperançoso Portugal, estendeu sobre os quatro cantos da Terra. Como exemplo, temos diante dos olhos São Francisco Marto e Santa Jacinta, a quem a Virgem Maria introduziu no mar imenso da Luz de Deus e aí os levou a adorá-Lo. Daqui lhes vinha a força para superar contrariedades e sofrimentos. A presença divina tornou-se constante nas suas vidas, como se manifesta claramente na súplica instante pelos pecadores e no desejo permanente de estar junto a «Jesus Escondido» no Sacrário.
Nas suas Memórias (III, n. 6), a Irmã Lúcia dá a palavra à Jacinta que beneficiara duma visão: «Não vês tanta estrada, tantos caminhos e campos cheios de gente, a chorar com fome, e não tem nada para comer? E o Santo Padre numa Igreja, diante do Imaculado Coração de Maria, a rezar? E tanta gente a rezar com ele?» Irmãos e irmãs, obrigado por me acompanhardes! Não podia deixar de vir aqui venerar a Virgem Mãe e confiar-lhe os seus filhos e filhas. Sob o seu manto, não se perdem; dos seus braços, virá a esperança e a paz que necessitam e que suplico para todos os meus irmãos no Batismo e em humanidade, de modo especial para os doentes e pessoas com deficiência, os presos e desempregados, os pobres e abandonados. Queridos irmãos, rezamos a Deus com a esperança de que nos escutem os homens; e dirigimo-nos aos homens com a certeza de que nos vale Deus.
Pois Ele criou-nos como uma esperança para os outros, uma esperança real e realizável segundo o estado de vida de cada um. Ao «pedir» e «exigir» o cumprimento dos nossos deveres de estado (carta da Irmã Lúcia, 28/II/1943), o Céu desencadeia aqui uma verdadeira mobilização geral contra esta indiferença que nos gela o coração e agrava a miopia do olhar. Não queiramos ser uma esperança abortada! A vida só pode sobreviver graças à generosidade de outra vida. «Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto» (Jo 12, 24): disse e fez o Senhor, que sempre nos precede. Quando passamos através dalguma cruz, Ele já passou antes. Assim, não subimos à cruz para encontrar Jesus; mas foi Ele que Se humilhou e desceu até à cruz para nos encontrar a nós e, em nós, vencer as trevas do mal e trazer-nos para a Luz.
Sob a proteção de Maria, sejamos, no mundo, sentinelas da madrugada que sabem contemplar o verdadeiro rosto de Jesus Salvador, aquele que brilha na Páscoa, e descobrir novamente o rosto jovem e belo da Igreja, que brilha quando é missionária, acolhedora, livre, fiel, pobre de meios e rica no amor.
.
.
.
Atualizado em 13 de maio de 2017
.
.
.