GEORGE EASTMAN, FUNDADOR DA KODAK

85 anos da morte de George Eastman (Waterville, Nova Iorque, 12 de julho de 1854 – Rochester, Nova Iorque, 14 de março de 1932)

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Você carrega no botão, nós fazemos o resto.”

George Eastman

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Fotógrafo desconhecido, George Eastman

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George Eastman nasceu em Waterville, Nova Iorque, a 12 de julho de 1854, mas cedo a família muda-se para Rochester.

Eastman começa a trabalhar aos 14 anos, empregado numa seguradora. Rapidamente progride e muda para um banco.

Tem 23 anos quando pensa fazer uma viagem a Santo Domingo. Um colega sugere-lhe fazer um registo da viagem e Eastman pensa na fotografia. Simplesmente a grande dimensão da câmara, as placas de vidro, ainda de colódio húmido e toda a parafernália, fazem-no pensar em criar um sistema seco, mais prático e económico.

Não faz a viagem, mas começa a experimentar emulsões de gelatina de brometo, para obter uma chapa fotográfica seca, que permitisse fotografar de forma simples, pois então apenas era possível através do processo de colódio húmido, o que implicava preparar as chapas de vidro no momento de obtenção da fotografia, o que obrigava a transportar um grande volume de material para fotografar. De dia trabalha num banco, à noite, na cozinha de casa, nas suas experiências.

Em 1880 conseguiu o seu objetivo: não tinha apenas descoberto uma fórmula de placa seca, mas também criado uma máquina para preparar um grande número de placas. Em abril de 1880 arrenda o terceiro andar de um edifício em State Street, em Rochester e começa a produzir placas secas para venda a outros fotógrafos.

No primeiro dia do ano de 1881, George Eastman e Henry A. Strong, um homem de negócios, formam a Eastman Dry Plate Company.

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Caixa de Eastman’s Gelatine Dry Plates, início dos anos 1880

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Em 1884 funda a Eastman Dry Plate and Film Company, em Rochester, cidade onde vivia e em 1889 a Eastman Company. Em 1892 passa a chamar-se Eastman Kodak Company.

Kodak. Procurou um nome que fosse curto, pronunciado de igual modo em todos os países, diferente de todos os outros e não ser associado a nada. E a letra ‘K’ era a sua favorita: forte, incisiva. Eastman já havia registado a marca a 1 de setembro de 1888.

Os seus princípios de negócio eram simples: centrado no consumidor, grande produção a baixo custo, distribuição mundial e uma extensa campanha publicitária.

Eastman queria que a fotografia fosse acessível, “fazer câmaras tão simples como um lápis”.

Entretanto, percebeu que o papel podia ser sensibilizado e criou os primeiros rolos em 1883: de papel sensibilizado, que poderiam ser utilizados nas máquinas para chapas de vidro.

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Os primeiros rolos da Kodak: a Eastman House possuía 3 no seu espólio, em julho de 2016 anunciou ter adquirido mais dois exemplares.

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Procurou com um fabricante de câmaras, William Walker, construir uma câmara portátil, pequena, leve, económica e acessível a grande parte da população. Entretanto a descoberta da película de filme, o celuloide, em 1889, trouxe uma nova renovação.

Lançou a primeira máquina fotográfica Kodak em junho de 1888: “Carregue no botão, nós fazemos o resto”, era o slogan. A máquina tinha lente de distância focal curta: 57 mm, e as imagens eram circulares de 64 mm de diâmetro; a abertura fixa de f/9 e um engenhoso obturador cilíndrico, armado por um cordão e que se disparava premindo num botão, permitia fotografar a partir de 1 m de distância. A máquina era pequena: 83 mm de largura, 95 mm de altura e 165 mm de comprimento. A câmara vinha carregada com um rolo de 100 exposições e custava $25. Depois de expostas, a câmara era devolvida a Rochester, o filme era retirado e revelado, impressas fotografias e carregado novo filme na câmara. Tudo por $10.

A publicidade surgiu desde imediato e o sucesso também.

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Anúncios da primeira câmara

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Em 1900, desenhada por Frank Brownell, surgiu a Kodak Brownie: a câmara custava um dólar e o filme 15 cêntimos. Em 1923 surge a câmara de filme de 16 mm, conhecida por Cine-Kodak e em 1932 a câmara de filme de 8 mm. Muitas outras linhas e modelos surgiram ao longo de todo o séc. XX.

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Anuncio. A “Kodak Girl”, uma das imagens da marca.

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Eastman foi um grande benemérito, apoiando sobretudo a saúde e a educação, com grandes donativos, estima-se que ao longo da sua vida estes totalizaram mais de $100 milhões.

George Eastman faleceu em Rochester, Nova Iorque, a 14 de março de 1932, pondo fim à vida, na sequência de uma doença dolorosa, a estenose espinhal.

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Robert Burley, “View of Kodak Head Offices from the Smith Street Bridge, Rochester, New York, 2008”, in “The Disappearance of Darkness. Photography at the end of the analogic”

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Robert Burley, “George Eastman Memorial, Kodak Park, Rochester, 2010”, in “The Disappearance of Darkness. Photography at the end of the analogic”

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A Kodak produziu sempre câmaras de baixo custo, bem como filmes, profissionais e populares, para diferentes utilizações: fotografia, cinema, raios-X, etc. Os filmes a preto e branco ou a cor, como o Kodacolor, produzido desde 1942 ou o Vericolor, e de slide, como o Kodachrome, cujas cores não se perdem e que é produzido desde 1935 ou o Ektachrome, produzido desde início dos anos 1940.

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Selo comemorativo de George Eastman, dos Correios dos Estados Unidos da América, 1954.

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No entanto, a partir de 2000, com o desenvolvimento do processo digital, o consumo de películas reduziu drasticamente, levando a Kodak a encerrar a produção de quase todos os filmes e câmaras e, em 19 de janeiro de 2012, em risco de falência, apresentou num tribunal de Nova Iorque um pedido de concordata para reorganizar os seus negócios.

A Kodak teve pois de fechar uma parte significativa das suas produções e instalações. Chegou a empregar mais de 60.000 funcionários, teve de despedir uma parte significativa. O fotógrafo Robert Burley (Picton, Ontário, Canadá, 1957) no seu livro “The Disappearance of Darkness. Photography at the end of the analogic era” (New York: Princepton Architectural Press e Toronto: Ryerson Image Centre, 2013), regista instalações desafetadas e a implosão de algumas, quer da Polaroid, da Agfa, da Ilford, quer da Kodak: entre outros, podemos ver o edifício da Kodak-Pathé antes da implosão, em Chalon-sur-Saône, França, 8.12.2007; a implosão dos edifícios 65 e 69 no Kodak Park, em Rochester, 6.10.2007; e da Kodak Canadá, em Toronto: o Kodak Park, edifício 56, em 2010, o Edifício 13, “Coating Facility”, 2006, bem como a saída dos funcionários após o último dia de produção, 29.06.2006, a sala de preparação química do edifício 13, 2006 e a Câmara Escura (de produção) do edifício 3, 2005.

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Robert Burley, Diversas instalações da Kodak, in “The Disappearance of Darkness. Photography at the end of the analogic”

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A Eastman House, atravessando a maior parte da história da fotografia e dela fazendo parte ativa, possui um património valiosíssimo de história, imagens e conhecimento e está presente, como suporte da criação numa grande parte dos espólios.

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Pode conhecer mais nos sites da Eastman House e da Kodak.

Pode conhecer a obra do fotógrafo Robert Burley aqui.

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