CHARLES-HENRI FAVROD (1927-2017) E O MUSÉE DE L’ELYSÉE

Em 15 de janeiro de 2017 faleceu Charles-Henri Favrod

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Charles-Henri Favrod nasceu em Montreux, a 21 de abril de 1927.

Depois de estudar literatura na Universidade de Lausanne, entra para a Gazette de Lausanne, onde se tornou um repórter e crítico para o suplemento semanal Literary Gazette e colabora com a Rádio Suisse Romande. Ao longo de dez anos viaja pela Ásia e África sub-Saariana. No início dos anos sessenta, contribui para a descolonização da Argélia, ao facilitar a preparação dos acordos de Evian entre a França e a Frente de Libertação Nacional argelina.

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Bertrand Ray, Charles-Henri Favrod

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Favrod integra as Éditions Rencontre, onde é responsável pela série Atlas de Viagens e a enciclopédia EDMA, Enciclopédia do mundo moderno, e La Guilde du Livre, do editor Albert Mermoud, conhecida série de álbuns fotográficos.

Tem a sua atividade ligada também à televisão, foi presidente da Fundação para o Drama e Animação, e em 1987 da Fundação para o Património Cultural da Argélia.

Em 1985, foi nomeado pelo Cantão de Vaud para criar o museu de fotografia em Lausanne, sendo-lhe cedido o Musée de l’Elysée. O museu foi fundado em outubro desse ano e Favrod foi seu diretor até 1995. Diria no livro “Le Musée de l’Elysée – 30 ans de photographie”, lançado em novembro de 2016:

Eu escolhi a palavra “museu” por causa das musas, um lugar onde podemos meditar e divertir [musée … où l’on muse et s’amuse]. Não quero ser o comissário, como se diz, nem o agente conservador no sentido entendido pelas fórmulas dos farmacêuticos. Eu quero ser, se possível, o revelador, um fio mágico, dando a ver e a aprender.”

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Candid Lang, René Burri (fora) e Charles-Henri Favrod, para a primeira exposição do Museu, 1985

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O Musée de l’Elysée está situado no n.º 18 da avenue de l’Elysée, em Lausanne, na Suiça, é o primeiro museu europeu exclusivamente dedicado à fotografia – imagem –, pois o Museu Nicéphore Niépce, em Saint-Loup-de-Varennes, França, é dedicado à fotografia – técnica.

O museu está instalado numa mansão com vista fabulosa sobre o Lago de Genebra, construída entre 1780 e 1783, pelo arquiteto Abraham Fraisse, para Henry Mollins, militar suíço que prestou serviço na Holanda e no seu país. Depois de passar por vários proprietários, em 1971, o Cantão de Vaud adquire o imóvel e promove o seu restauro. Abrigou o “Cabinet des estampes”, o qual não encontrou o seu público, sendo transferido para o Museu Jenisch, em Vevey, para este acolher a fotografia.

Possui oito salas de exposição em quatro andares, uma livraria, um café, uma sala de leitura e uma área para as famílias, para além do magnífico jardim.

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Le Temps (.ch), Charles-Henri Favrod junto ao Musée de l´Elysée

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Pólo de excelência na conservação e valorização do património visual, o museu tem uma coleção única de várias dezenas de milhar de originais e várias coleções fotográficas, entre outros, de Geraldo de Barros, Mario Giacomelli , Gabriel Lippmann , Pieter Hugo e John Philipps e os fotógrafos suiços Paul Vionnet , Constant Delessert, Hans Steiner ou Jean Mohr e os fundos de René Burri, Lehnert & Landrock, Ella Maillart,  Nicolas Bouvier e Charlie Chaplin. Esta coleção, uma das maiores e mais diversificada na Europa, traça a história da fotografia, desde as primeiras invenções como o daguerreótipo, o ambrotipo ou o papel albumina à fotografia digital. O museu abrange todas as vertentes da fotografia: artística, social, política e cultural.

Tatyana Franck, diretora do Museu diz a propósito do momento:

Nós devemos muito a Charles-Henri Favrod. Uma figura visionária que defendeu o meio fotográfico com fervor e determinação. As exposições que ele apresentou em Lausanne, mas também no mundo, a coleção que ele constituiu, na Noite da Fotografia que lançou e que marcou uma geração e ancorou num legado considerável no coração do cantão de Vaud .”

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Jean pascal Imsand, Charles-Henri Favrod na inauguração da primeira exposição do Musée de l´Elysée, 1985.

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Charles-Henri Favrod com a criação do Museu, destacou sobretudo os seus contemporâneos: Raymond Depardon ou André Kertész, em 1985, Jacques Henri Lartigue, Eugène Atget ou Robert Capa, em 1986, Robert Frank e René Burri, em 1987, entre outros.

Foi diretor do Musée de l’Elysée até 1996, quando deixou a instituição para criar o Museo Nazionale Alinari della Fotografia, em Florença, inaugurado em 2006.

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Florian Cella, Charles-Henri Favrod, 2012  

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Foi condecorado como Chevalier de la Légion d’honneur e Officier des Arts et des Lettres, em França, Membre d’Honneur de la Presse Suisse e Médaille de la Reconnaissance Algérienne.

Charles-Henri Favrod faleceu no domingo, 15 de janeiro de 2017.

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Pode conhecer o Musée de l’Elysée aqui.

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