MIGUEL RIO BRANCO, DE TÓQUIO PARA OUT OF NOWHERE, 2016
Lisboa: Galeria Filomena Soares / Rua da Manutenção, 80 / 26.05 – 29.10.2016
Conhecemos com alguma facilidade fotógrafos da maior parte dos países europeus e da América do Norte, o mesmo já não acontece com a América do Sul.
A Galeria Filomena Soares mostra dois projetos do fotógrafo brasileiro Miguel Rio Branco (1946), um autor que ultrapassou há muito as fronteiras do seu país e do seu continente.


A exposição apresenta 2 projetos centrais no percurso do artista: Tóquio (2008) e Out of Nowhere (1994-2016).

António Bracons, aspeto da exposição
Lemos na folha de sala:
Out of Nowhere foi apresentada pela primeira vez na 5.ª Bienal de Havana (1994), é composta por imagens coladas em panos pretos, costurados entre si e por espelhos antigos utilizados nas populares academias de boxe em Cuba. As fotografias retratam pessoas marginais e os recortes provêem do jornal nova-iorquino Police Gazette, dos anos 20, como um elemento norte-americano que proporcionava uma viagem ao passado de Havana antes de Fidel. A obra também recupera fotografias de filmes, como “A bela e a fera” de Jean Cocteau e outros momentos na obra do artista, mas sempre relacionados com o corpo e o tempo. Os espelhos antigos encostados às paredes, reverberam de um lado a outro o conjunto dos acontecimentos e o próprio espaço real, onde se encontram e onde estamos. Para completar, lâmpadas de luz incandescente de baixa intensidade caem do tecto em alguns pontos, criando uma atmosfera obscura, e uma trilha sonora envolve o ambiente com músicas das décadas de 1920 e 1930, nomeadamente a canção Out of Nowhere, que origina o título da obra.
Ao longo de mais de 20 anos Out of Nowhere tem sofrido alterações e contaminações consoante o lugar em que é apresentada, nomeadamente: Ludwig Forum, Achen, Alemanha (1994); IFA Galerie Stuttgart, Alemanha (1995); Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil (1996); Bienal da Fotografia de Curitiba, Brasil (1996); Fotografie Forum, Frankfurt, Alemanha (1996); Fundació La Caixa, Espanha (1999); Maison Europénne de la Photo, Paris, França (2005); Groninger Museum, Holanda (2006); Kulturhuset, Estocolmo, Suécia (2011); e Santander Cultural, Porto Alegre, Brasil (2012).
Segundo Lígia Canongia [critica de arte e curadora independente, Rio de Janeiro]: “Out of nowhere configura-se como um atlas, que mapeia inúmeros lugares deslocados de sua origem, associados em combinações por vezes díspares e por outras nucleares, recortados e rearranjados repetida e fragmentariamente, sem causa ou finalidade. Em visada mais atenta, porém, o trabalho surge como um caleidoscópio retrospectivo das imagens e das questões da própria obra de Miguel Rio Branco, numa recuperação global de seu olhar e de seus interesses, ainda que captada por estilhaços espaciais e memoriais. No trabalho, aparecem fotografias da série feita com os moradores e as prostitutas do antigo Pelourinho, na Bahia; fotos da série dos boxeadores da Academia Santa Rosa, na Lapa, Rio de Janeiro, e imagens tomadas esparsamente ao longo dos anos, em uma síntese da produção, que entrelaça tempos diversos e faz seu cruzamento num único e mesmo espaço. A obra, portanto, surge como um condensador, que reduz e canaliza um enorme repertório em novas e imprevistas associações, aglutinando a memória do passado, sua atualização revigorada no presente e sua posteridade. A obra, afinal, como um condensador das próprias questões da fotografia.”
António Bracons, aspetos da exposição – Miguel Rio Branco, Out of Nowhere, 1994-2016, Galeria Filomena Soares, 2016
O projecto Tóquio (2008) foi realizado nesta cidade japonesa como parte integrante das comemorações dos 100 anos da migração para o Brasil, nomeadamente para São Paulo. Este convite partiu do adido cultural brasileiro Marco António Nakata e estendeu-se ao fotógrafo japonês Daido Moriyama para fotografar a cidade brasileira. O projecto de ambos foi apresentado pela primeira vez no Museu de Arte Contemporânea de Tóquio em 2008.”
Da folha de sala.
As imagens de Tóquio apresentam-se ora individualmente, ora em painéis formados por múltiplas imagens individuais, parcialmente sobrepostas, numa sequência mais ou menos extensa e complexa, envolvendo imagens de diferentes naturezas, mas com algo em comum: a cidade onde foram registadas.
António Bracons, aspetos da exposição – Miguel Rio Branco, Tóquio, 2008, Galeria Filomena Soares, 2016
A exposição está patente na Galeria Filomena Soares, na Rua da Manutenção, 80, em Lisboa, de 26.05 a 29.10.2016.
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