EDGAR MARTINS, THE DIMINISHING PRESENT, 2006
Edgar Martins
The Diminishing Present
Fotografia: Edgar Martins / Textos: David Campany, David Chandler, Nuno Porto & Rita Amaral, Peter D. Osborne, Maria do Carmo Serén
Bedforg (UK): The Moth House / Julho 2006
Inglês e português / 33,0 x 28,0 cm / 160 págs
Cartonado, com impressão de fotografia colada na capa e contracapa, em caixa acrílica impressa / 500 ex. assinados e numerados
ISBN: 9780954395773

The Diminishing Present é apresentado em três segmentos inter-relacionados e um capítulo final, independente.
1.º segmento. Martins mostra-nos o horizonte sereno da paisagem campestre, horizonte feito de bruma, da névoa, do nevoeiro. A abrir a fotografia de uma fogueira, de uma queima. Depois o nevoeiro que se espalha, que deixa ver até onde deixa ver, o campo, algumas casas, o que mais houver.
2.º segmento. É noite ou anoitece. À noite vê-se de forma diferente e Martins sabe e vê. A iluminação do anoitecer cria recortes no horizonte próximo ou distante. Na noite, são os faróis do automóvel (ou alguma iluminação especial), ou alguma exposição longa, que ilumina o caminho, este ou aquele objeto ou vedação e mostra, deixa ver aquele fragmento no escuro, na noite. Os negros predominam, para que algumas formas se destaquem.
3.º segmento. É dia. As paisagens que temos são de pinhal. Pinhal ardido. No verão, os fogos são um drama em grandes extensões de Portugal. Martins regista entre o fumo, as árvores e pedras e caminhos e chão queimado. Ou outras, mais afastadas, que permanecem vivas apesar do fumo de outras, próximas. Não há chamas, mas o fumo testemunha o fogo. É o fumo que entra pelas narinas, que trás o cheiro, trás, também, o calor.
4.º Capítulo final. A praia. Como que em negativo. Mais uma vez, a noite. A praia está deserta e tudo parece ter uma luz mágica. O céu é negro, próximo de nós é, muitas vezes negro. E temos o claro da areia, e logo depois o mar, negro, a fundir-se com o céu. Numa ou noutra fotografia, percebemos o mar e sabemos que estamos na praia. Noutras temos o areal e também sabemos que estamos na praia. E os desenhos e os recortes de balizas, de construções, de estruturas, algumas plantas…
A premissa para este trabalho surgiu a partir da observação de encerramento do livro de Salman Rushdie, O Feiticeiro de Oz: “Não é que não há lugar como o lar, não há mais nada como o lar.”
Produzido quase inteiramente dentro de um raio de 3 Km da casa e estúdio de Martins, The Diminishing Present é uma viagem de reconhecimento: a cidade e, num sentido mais amplo, a casa, como nosso objeto de entendimento está a mudar e, por isso é preciso encontrar uma nova linguagem crítica que a suporta, um novo sistema de conhecimento do qual deriva o nosso glossário de vida.”
Nota do editor
Martins continua assim a questionar o espaço do viver, a cidade (que começara já em Black Holes & Others Inconsistences): não entra nela, mas centra-se na sua envolvente. O espaço de viver é o lar. O lar, o espaço de estar, de conviver, de ser. O espaço do encontro, da magia.
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Edgar Martins, The Diminishing Present
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