MONUMENTO AOS MORTOS DA GRANDE GUERRA, LOURES, 2015

Em 9 de março completaram-se 100 anos da entrada oficial de Portugal na Grande Guerra

 

 

 

Este slideshow necessita de JavaScript.

Monumento aos Mortos da Grande Guerra, Loures

 

 

“O monumento em que Loures recorda aos portugueses vítimas no campo de batalha da I grande guerra foi montado segundo uma ideia do cap. Francisco Marques Beato, então presidente da câmara. Foi inaugurado em [8.12.]1929, segundo o trabalho do construtor civil Fernando Soares” (O Facho Lourense, periódico de Loures, Silva Madeira dir., 1981.).

Francisco Marques Beato, capitão, … Nasceu em 1878 em Monforte da Beira, …

A sua folha de serviço aponta-o como um militar exemplar, com zelo, dedicação, inteligência e bom critério.

Esteve no Corpo Expedicionário Português de 1917 a 1920, em França, com distinção de serviços prestados.

Foi nomeado para acumular funções como administrador do Concelho por despacho do governador civil de Lisboa.

Esteve na Câmara Municipal de Loures de 12 de julho de 1926 a 13 de agosto de 1931; de 13 de agosto de 1931 a 6 de outubro de 1931. Faleceu em 1940, em Pedernais, Odivelas. Encontrava-se na situação de reserva.

A terra faz parte do quotidiano das trincheiras, faz um muro de defesa, para se deitar, comer, escrever, lutar, morrer sobre a terra. Na terra. O medo. O medo de ficar por ali, de levantar a cabeça. Ousamos considerar aqui presente uma determinante arqueologia de guerra do século XX: a trincheira, a artilharia – modelo Schneider Canet 17, os combatentes.Temos volumes densos, a plataforma para criar o pedestal, o erguer; os baluartes, seguindo como que o desenho de Lippe (Paulo Pereira, Fortaleza de Nossa Senhora da Graça ou Forte de Lippe. Arte Portuguesa. Lisboa: Circulo de Leitores, 2011, p. 746-747), as esferas armilares, a emblemática militar da Grande Guerra, a parede com as descrições concretas e pormenorizadas dos Combatentes que são a frente da trincheira onde sobressai um vigilante, com cabeça e tronco ligeiramente inclinados para a direita, contrapondo-se ao peso da peça de artilharia, em sentido oposto, separando-se do eixo central e criando assim harmonização na composição. Atrás, exposto, o companheiro já caído, mas em posição e pormenorização completa do que seria um militar na frente rigorosamente fardado.

Nada parece colocado ao acaso, nem a mão a tentar pegar na peça de artilharia ligeira, e a outra, cem o olhar para o alto do companheiro, com modo: nada parece impedir nada para que o todo seja percetível e descritível.

A comparação em rigor com o histórico preservado no Museu Militar de Lisboa confirma uma mão conhecedora da matéria. De militar.

O monumento evoca a tragédia da trincheira, o individuo, a intervenção militar. Pedaços da história militar, a passagem de uma memória até hoje.

A espiritualidade do monumento supera a fragilidade escultórica; (…) inseridos na antiga vila de Loures, no campus central da atual cidade, na Praça da Liberdade.

Feito o levantamento de todos os monumentos, Loures tem o único monumento que assume o contexto do drama da vida de um soldado, que já está só, mas olhando para um céu infinito.

Encontramos em Loures, neste monumento, nesta ficção do monumento, a trincheira de uma guerra mas foram deixados sinais inequívocos militares; evoca-se a Grande Guerra, de 1914-1918.No total de todos os registos militares a nível nacional – padrões, memórias, lápides monumentos, não existe um único registo de guerra igual ou semelhante: o medo, a solidão numa vala escavada na terra, a trincheira com todos os elementos datáveis de um contexto de guerra, português.”

 

Ana Paula de Sousa Assunção, “Contribuição para o estudo da Grande Guerra em Loures. Os registos cemiteriais e a Relevância Nacional do Monumento aos Mortos da Grande Guerra em Loures, 1929”. In: Portugal, 1914-1916. Da Paz à Guerra. XXIII Colóquio de História Militar. Actas. Lisboa: Comissão Portuguesa de História Militar, 2015. Pág. 695-723. (Com fotografias do autor do blog).

.

.

.