DAVID DOSRIUS, NOÉ SENDAS E SALVI DANÉ, PAGANO, BARBADO GALLERY, 2015

Fotografia de Belinha Pires
Quem é Pagano?
“Te mereces llamarte Pagano, el no bautizado, el no nomeado.”, escreve Belinha Pires, também ela artista, companheira de Pagano, num postal a Pagano, que podemos ver na exposição.

Pagano é David Dosrius. Quem é David Dosrius?
Não sabemos, não se conhece. Nem se conhece a Belinha. Não se conseguiu ainda localizar nem um nem outro, refere João Barbado da Barbado Gallery e, conforme refere o texto da exposição:

“A descoberta de um livro de Maurice Maeterlink “L’intelligence des fleurs”, 1907, intervencionado por um autor desconhecido chamado David Dosrius, aliás Pagano (Fornelleres 1944), é o ponto de partida de uma investigação desenvolvida pelo editor independente e curador espanhol Gonzalo Golpe.
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Pagano nasceu em Fonelleres, na zona de l’Empordà, província de Girona, onde trabalhará numa situação de recolhimento voluntário, longe das influências dos círculos artísticos catalães.
Entrega-se por completo à observação da natureza e transforma um velho celeiro da sua casa de família em atelier. Aí produz sem descanso uma vasta quantidade de obras, misturando constantemente disciplinas artísticas, com a liberdade de quem cria não para interagir com o mundo da arte mas como exercício de auto-conhecimento e posicionamento vital.
Esta autonomia feroz que transparece não só da sua obra mas também dos seus escritos, aproxima-o do anarco-individualismo de Thoreau e também do modo de vida da Seita do Cão – o cinismo grego – corrente filosófica que reivindicava a autonomia do indivíduo face aos poderes do Estado e às convenções sociais.
A obra de Maeterlink não só motivou uma reaproximação às origens como foi também a causa de uma rutura que afetou todas as dimensões da sua vida.”
A Barbado Gallery, apresenta uma reconstrução biográfica e diversas obras originais do autor, produzidos entre 1965 e 1967, cedidas por colecionadores privados, por familiares e amigos, bem como material recuperado pelo curador desde 2011:



Um conjunto de imagens, que conservava na sua mesa de trabalho: uma cómoda (Olaio), sem espelho. Estas imagens estavam (e estão) montadas na parte de baixo das gavetas e são essas gavetas que se apresentam, numa posição para ser vista sentado, na cadeira de trabalho de Pagano.



Pagano, 1965-67
Na base do módulo de gavetas, um quadro que reproduz o seu auto-retrato.

Pagano, 1965-67
Um outro trabalho é composto por cinco caixas de madeira ou malas, nas quais criou montagens de fotografias e postais, auxiliado por desenho ou texturas.





Pagano, 1965-67
Um terceiro, dois “panos” impressos.





Pagano, 1965-67
Complementarmente, um conjunto de fotografias e postais, alguns escritos por Belinha Pires, companheira e, também, autora, no entanto, como ele, ainda desconhecida.


“A exposição sublinha “o vigor da obra de David Dosrius colocando-a em diálogo com a obra de dois autores atuais:” os fotógrafos Noé Sendas (Bruxelas 1972) e Salvi Danés (Barcelona 1985). São estas imagens que nos recebem à entrada da galeria.

Noé Sendas, série Pagano



Salvi Danés, série Pagano

Salvi Danés, Noé Sendas, série Pagano
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A exposição está patente na Barbado Gallery, na Rua Ferreira Borges, 109-A, em Lisboa, de 13 de fevereiro a 31 de março de 2016.
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